Bruna Borges, especialista em terapia cognitiva comportamental pela USP, fala como prevenir e tratar problemas que surgem em epidemias como a do coronavírus
POR: BRZ Content
São José dos Campos, 21 de março de 2020 – Crises de ansiedade, transtornos compulsivos e depressão são alguns dos sintomas psicológicos do isolamento social provocado por epidemias como a do coronavírus. De acordo com a psicóloga Bruna Borges, de São José dos Campos, interior de São Paulo, o número de ataques de pânico e queixas de depressão profunda está aumentando.
“A pandemia do novo coronavírus atrapalha o tratamento de pacientes que já sofriam de ansiedade e depressão. O medo prolongado gera mais ansiedade, podendo desencadear os ataques de pânico e os transtornos obsessivos compulsivos (TOC)”, explica a psicóloga, que intensificou seus atendimentos on-line.
“Alguns pacientes me procuraram porque estão com TOC para limpeza ou compulsão por comida. Já as pessoas que sofriam de depressão enfrentam novos riscos. Apesar das recomendações de isolamento, não convém que elas fiquem sozinhas porque a doença pode se agravar e levar a suicídios”, acrescenta Bruna Borges.
Além do agravamento dos casos já existentes, estão surgindo novos casos. “As pessoas mais propensas a desenvolverem este tipo de transtornos são aquelas que alimentam padrões de pensamento negativos. Nestes casos, o ideal é que elas sejam orientadas por profissionais e familiares a mudarem o foco e enxergarem o lado positivo deste momento, por mais difícil que ele seja, porque ele vai passar”, orienta a psicóloga.
Mesmo sem terem sido contaminadas pelo vírus, estas pessoas podem apresentar sintomas como dor de cabeça e falta de ar. Nos pacientes que sofrem de ansiedade, os primeiros sintomas são agitação, fobias e manias. No caso dos pacientes com depressão, a tendência é se isolar ainda mais, ficar trancado no quarto e não participar das conversas.
“Os pacientes que estão nesta situação tendem a reforçar seus argumentos pessimistas com o acontecimento da pandemia, dizendo coisas como ‘eu falei que nada dá certo, não vale a pena me esforçar”; ‘eu sabia, por mais que eu tentasse, tudo ia dar errado”, conta Bruna Borges.
Nessas horas, os familiares podem lembrar ao paciente que esta crise é momentânea e que está todo mundo passando pela mesma situação e ajudá-lo a se acalmar com exercícios de respiração.
Caso o ataque de pânico já tenha acontecido, o certo é esperar a crise passar e, aí sim, procurar uma ajuda para fazer os exercícios de relaxamento e se recuperar. O mais importante é sempre ter um psicólogo por perto. Se a crise se agravar, com a iminência de ataque cardíaco, procurar, sim um hospital para ser atendido.