POR: Tuddo Comunicação
Em tempos de pandemia do Covid-19, que já ceifou a vida de alguns brasileiros e contaminou outros, surge sempre um questionamento: Será que a humanidade já passou por algo semelhante em outras épocas? A resposta é sim! A Peste Negra, ocorrida durante a Idade Média, matou cerca de 50 milhões de pessoas. Além da Cólera, da Tuberculose, da Varíola e da Gripe Espanhola que também vitimaram um grande número de pessoas, isso se ficarmos apenas nessas cinco enfermidades.
Para o professor de história Edson Violim da Fam (Centro Universitário das Américas), o que diferencia os tempos históricos em que tais ocorrências foram vividas é o desenvolvimento científico inerente a cada período, como também, obviamente, as questões de contextos sociais, culturais e econômicos.
A Gripe Espanhola (1918-1919), que apesar do nome, teria surgido nos campos de treinamento militar dos Estados Unidos e se espalhado pelo planeta devido à movimentação de militares em decorrência da Primeira Guerra Mundial (1914-1918). O nome Gripe Espanhola explica-se pelo fato da Espanha ser um país neutro durante a guerra e sua imprensa não sofrer censura sobre as notícias da nova epidemia, que foram divulgadas livremente, daí a conclusão errada sobre a origem da doença.
“A Gripe Espanhola matou, provavelmente, cerca de 20 milhões de pessoas no mundo. No Brasil a doença tornou-se preocupação das autoridades e do restante da população a partir do mês de setembro de 1918, com a contaminação de brasileiros no continente africano, eram homens do Exército Brasileiro e da Missão Médica Brasileira que seguiam para Europa, cujas embarcações tinham atracado em Freetown (Serra Leoa) e Dakar (Senegal). Por conta disso, vários dos seus membros morreram em decorrência da doença”, afirma Violim.
O Presidente da República Francisco de Paula Rodrigues Alves foi o brasileiro mais ilustre vítima da doença, em 1919. Assim sendo, a população foi forçada a profundas alterações em seu cotidiano, da mesma forma que, atualmente encontra-se obrigada por conta do Covid-19, sendo algumas prescrições médicas de agora muito semelhantes àquelas do começo do século XX, particularmente no tocante ao isolamento. Na cidade de São Paulo, no intervalo de 15 de outubro a 19 de dezembro de 1918, a epidemia atingiu 350 mil pessoas, um terço da população.
“Da mesma maneira que atualmente indivíduos lucram ou tentam lucrar com a pandemia do Covid-19, durante a Gripe Espanhola não foi diferente. Terrenos em bairros distantes do centro da cidade eram vendidos com a alegação de que a gripe não chegaria lá, cigarros da marca Sudan eram úteis para combater o medo, médicos inescrupulosos vendiam remédios secretos, alguns centros espíritas vendiam água fluidificada com substâncias que curariam os enfermos, a cervejaria Antarctica vendia sua cerveja Malzbier como tônico recuperador dos enfraquecidos, o mesmo argumento era utilizado pelo Leite Condensado Mococa e pelos chocolates Lacta”, conclui.
Para Violim, em outra área, numa época sem internet, havia cursos de datilografia e inglês por correspondência. A despeito do retrocesso econômico causado por essa doença, a economia recuperou-se. O mesmo vai se repetir após o Covid-19 que, como em todas as outras pandemias, apesar de infelizmente deixar um rastro de mortes desaparecerá, mas a humanidade não. E provavelmente enfrentaremos e venceremos outras pandemias ao longo da História.