Bancos inteiramente online, cartões digitais, salas de vídeo feitas com pessoas de todo o mundo, aplicativos que permitem acompanhar a movimentação financeira, identificação de digital: a tecnologia se tornou parte primordial da vida e, hoje, já não é possível pensar o mundo sem ela.
Especialmente em épocas de pandemia, quando boa parte da população tem ficado em casa para evitar o aumento do contágio do novo coronavírus, temos contado com o digital para manter a sanidade, entender melhor o que tem sido feito contra a COVID-19 e para estar sempre em contato com a família e os amigos.
Nos momentos de lazer, temos utilizado as redes sociais e, para arejar a cabeça, as plataformas de streaming. Embora outros nomes tenham surgido no mercado recentemente e estejam começando a chamar a atenção, a Netflix segue campeã no que tange a predileção do público.
Na contramão de muitas empresas, a Netflix conquistou quase o dobro de assinantes previstos para o primeiro trimestre de 2020: nos três primeiros meses do ano, a gigante conquistou quase 16 milhões de novos clientes, que pagam, em média, trinta reais por mês para ter acesso aos conteúdos da plataforma.
Dada a especificidade do momento em que vivemos, muitos têm se perguntado se a Netflix parará de produzir conteúdo original por tempo indeterminado ou se há possibilidade de a plataforma parar de ser atualizada. Falaremos mais sobre isso abaixo.
Netflix: a quarentena pode acabar com as produções?
Em entrevista fornecida à CNN no final de março, Ted Sarandos, chefe de conteúdo da Netflix, afirmou que as produções da companhia estão suspensas até que a situação se normalize.
A medida não afetará os lançamentos que já estão programados, dado o fato de que as séries e filmes são planejadas com antecedência. Se o isolamento continuar por mais tempo, ou seja, se não conseguirmos fazer o controle do novo coronavírus até o final do ano, as estreias agendadas podem sofrer atrasos.
Convém dizer que a questão dos atrasos na filmagem e na produção não aconteceu apenas com a Netflix: séries de diversas empresas tiveram que ser encurtadas por conta da pandemia, e houve até séries que ficaram sem final, já que as gravações foram interrompidas num âmbito global.
Felizmente, por conta da tecnologia – como falamos no início desse texto -, é possível manter os processos criativos. Ainda de acordo com Sarandos, leituras de texto, criações de roteiros e preparação de atores têm ocorrido online, já que todos “estão se preparando para voltar ao trabalho quando for possível”.
Estratégias para driblar a crise
Como a Netflix se transformou em uma empresa gigantesca, hoje conta com produção de conteúdo em diversos países do mundo. Embora esteja impossibilitada de produzir nos Estados Unidos, que tem grande influência no lançamento de filmes e séries, ela ainda pode contar com a produção de países “fora do eixo”.
Não por acaso, a marca tem olhado com mais atenção para países que estão começando a sair do isolamento social, como a Nova Zelândia, a Islândia e a Coreia do Sul (que, aliás, tem feito muito sucesso com os doramas, as “novelas” sul-coreanas).
Com o “congelamento” de Hollywood, as produções culturais de outras nações serão uma boa opção não apenas para quem quer consumir produtos novos e diferenciados, mas para a própria Netflix, que terá opções mais diversificadas e interessantes para oferecer a seus usuários.
Outra aposta? Os reality shows, que já se provaram muito populares entre usuários de todo o mundo e, felizmente, exigem bem menos produção, tempo de filmagem e edição.
Especialmente em fases tão tensas da história, as pessoas têm preferido assistir coisas leves, que não provoquem tanta inquietação e possam gerar entretenimento. Os reality shows, como “Casamento às cegas” ou “Brincando com fogo”, se encaixam perfeitamente nessa demanda.
Perda de conteúdo
O que tem causado certa preocupação também é o fato de que, com o surgimento de novas companhias de streaming, alguns clássicos estão deixando a Netflix. Nos últimos meses, “The Office” e “Friends” deixaram o catálogo.
Para além disso, a Netflix enfrenta agora uma concorrente de peso: a Disney+, plataforma de streaming da Disney, concentra em um só lugar uma quantidade imensa de produtos. Para que tenhamos uma ideia, o estúdio tem 80 anos. E a produção, como sabemos, foi frenética nas últimas décadas.
Por Lucas Silva