Especialista aborda os cuidados necessários e esclarece principais dúvidas para quem quer começar 2021 empreendendo
POR: PR Consulting Americas
O início da trajetória de um empreendedor não é fácil. São tantas etapas e variáveis para serem pensadas, que muitas vezes uma decisão mal formulada pode prejudicar ou dificultar alcançar o tão sonhado sucesso de seu negócio próprio. O Ministério da Economia apresentou no início de fevereiro de 2021, o Mapa de Empresas e o estudo revela que o Brasil registrou um recorde histórico no ano passado, encerrando o ano com quase 20 milhões de negócios ativos. Segundo os dados do Governo Federal, foram abertas 3.359.750 empresas no país e 1.044.696 foram fechadas em 2020.
Para ajudar empreendedores iniciantes a não se tornarem estatísticas negativas, e a começarem suas jornadas de forma segura, o especialista Roger Mitchell Madeira, CEO e cofundador da Learmachs, escritório contábil internacional, esclarece os principais pontos de atenção e dá dicas essenciais.
Segundo Roger Madeira, engana-se quem pensa que é preciso ter muito dinheiro para abrir uma empresa. “O dinheiro ajuda e pode até facilitar alguns processos, mas não é estritamente necessário para alcançar sucesso como empreendedor. Claro, há taxas de abertura da junta comercial e honorários a serem pagos a profissionais para a constituição da empresa, mas não são essas quantias os impeditivos para que um indivíduo possa empreender. É fundamental que a ideia e conceito do negócio estejam bem estruturados, em adição ao desejo de vencer e fazer acontecer do empreendedor. Esses são os valores que mais importam, são o capital mais importante da empresa e as maiores razões por separar aqueles que alcançam o topo, daqueles que param no meio do caminho”.
Uma dica inicial do especialista é preparar um bom plano de negócios, pois o brasileiro é reconhecidamente um dos povos mais empreendedores do mundo, mas raramente planeja sua nova ideia ou conceito empresarial. “É uma etapa fundamental e é preciso analisar e considerar certos pontos vitais:”
Marca: “É muito importante definir o nome, a logomarca, e a ideia-conceito que o empreendedor pretende transmitir ao mercado. É o Branding, amplamente estudado nas escolas de marketing e administração.”;
Produto ou Serviço: “Desenvolver o produto ou serviço que será fabricado ou prestado, e considerar em quais aspectos se diferenciam e são melhores que os da concorrência. É importante também considerar fatores como o ciclo de venda, e qual a longevidade e repetição desse ciclo, para que fique evidente o esforço de vendas necessário e o volume e a velocidade da aquisição de receitas.”;
Clientes: “Saber quem são os clientes potenciais ou os consumidores típicos, onde estão, os locais que frequentam, o sexo, a faixa etária, a renda média, o nível de educação, e o que estão vendo, ouvindo e fazendo (demografia e persona). Isso ajuda a identificar melhores estratégias e bons canais de vendas.”;
Preço: “Definir uma estratégia de precificação que comporte os custos operacionais (fabricação, estrutura, mão de obra, aquisição de matéria prima, custos dos fornecedores e tecnologia necessária), e a margem bruta, que, após uma rápida subtração, demonstre o potencial de lucro do novo negócio.”;
Equipe: “É importante determinar o tamanho da equipe inicial e o tamanho da equipe perfeita (para quando o negócio for crescendo), incluindo custos e estratégias de aquisição e retenção de talentos.” De acordo com Roger Madeira, ao contrário do que parece, os maiores desafios para o empreendedor não são a burocracia ou eventuais crises:
Ter experiência ou conhecimento na área: “É bastante comum no Brasil que um profissional passe anos ou até décadas trabalhando como funcionário em várias empresas de outras pessoas, mas que de repente, jogue tudo para o alto para se tornar empresário e começar seu próprio negócio. Apesar de raramente dar certo, alguns poucos conseguem acertar, e a razão é basicamente a mesma: possuem ampla experiência na área. Quem não tem experiência e deseja empreender em uma área nova, deve aumentar seu conhecimento sobre o setor, ganhar conhecimento e se preparar da melhor forma.”
Gerenciamento Financeiro: “Este é um dos aspectos mais negligenciados pelo brasileiro, que mistura o dinheiro da empresa com o seu próprio. Ainda há pessoas presas à conceitos do passado, como por exemplo, de que a única forma de fazer retiradas para a subsistência é através de pró-labore. O mundo das finanças evoluiu muito nos últimos anos, revolucionando a forma como as empresas se capitalizam, mas também como investem o dinheiro que possuem. Por isso, é fundamental que todo empreendedor aprenda primeiro a gerenciar o capital, além de entender melhor o tipo jurídico da empresa e o regime tributário ideal, para administrar com inteligência, o caixa da companhia”.
Estratégias de Venda: “Todo empreendedor com uma boa ideia, ou mesmo os jovens de hoje famintos por constituir uma startup antes de terminar a faculdade, precisam compreender profundamente o quão importante é desenvolver e aplicar várias estratégias de venda para a empresa decolar. Sem vendas não há receita, sem receita a empresa não tem lucro, e sem lucro a empresa não decola. Poucos empreendedores gostam de vender, mas esse é um desafio que todo empresário precisa enfrentar e vencer em alguma etapa do seu trajeto. Mais vendas e mais receitas, maior o crescimento da empresa”.
Outra dúvida muito comum que o especialista esclarece, é se para abrir uma empresa é necessário ter sócios: “Não é preciso ter sócios. A legislação brasileira vem sendo reformulada nos últimos anos e hoje nossas leis já permitem que um indivíduo possa ter uma empresa sozinho. É importante conversar com o escritório contábil de sua confiança para que, já na abertura da sua empresa, sejam analisadas todas as informações do seu perfil, e sua escolha seja a mais assertiva e segura possível”. Segundo ele, as possibilidades atuais são:
MEI: “Criada em 2008, o MEI é o tipo jurídico de empresa mais comum do país. Foi constituído com o objetivo de formalizar profissionais autônomos, ambulantes, micro empresários e vendedores, desde que não ultrapasse 81 mil reais de faturamento anual. Além disso, o MEI só pode tributar no Simples Nacional, não pode atuar em todas as atividades do mercado e pode contratar apenas um único funcionário.”;
EI: “Criada em 2008, a figura do Empresário Individual representa um tipo jurídico em que o empreendedor responde com seus bens por quaisquer dívidas que a empresa possa ter, de forma ilimitada, pois não há diferenças entre o patrimônio e capital da empresa e os do empresário. Ao mesmo tempo, o empresário individual pode contratar quantos funcionários quiser, pode atuar em grande parte das atividades empresariais e pode escolher qual regime tributário deseja, Simples Nacional, Lucro Presumido ou Lucro Real. Além disso, a empresa usa o nome do empresário na razão social, por exemplo: “José da Silva Informática”. A empresa pode ultrapassar 81 mil reais anuais de faturamento, mas nessa hipótese o negócio perde seu enquadramento de EI e vira ME. Por último, profissionais liberais não podem ser EI, e o empresário não pode transferir nem vender a empresa, e muito menos receber investimento.”;
SLU: “Criada em 2019 por uma medida provisória presidencial, a Sociedade Limitada Unipessoal é a mesma sociedade limitada, sem a obrigatoriedade de se ter dois ou mais sócios. Na prática, possui as mesmas características da LTDA, se diferenciando apenas nesse critério, o de sócio único.”;
SS: “A Sociedade Simples foi reformulada pelo Código Civil em 2002, mas continua sendo a empresa em que o indivíduo é obrigatoriamente profissional liberal, ou exerce uma profissão científica, intelectual, artística, literária ou jornalística, como médicos, autores, professores, dentistas, pesquisadores, cientistas, escritores, desenhistas, arquitetos, paisagistas, artistas plásticos, e outros. Não precisa de contrato social para a sua formalização, mas seu objeto social é bastante limitado e não pode prestar serviços de outros tipos que não sejam oferecidos por profissionais científicos, intelectuais ou liberais.”;
EIRELI: “Criada em 2011, a figura do Empresário Individual de Responsabilidade Limitada tem a exigência de que o capital seja de 100 salários mínimos, ou um pouco mais de 100 mil reais. Numa EIRELI, o empresário não responde com seus bens para pagar as dívidas da empresa, apenas no limite do capital, e obedece a várias regras limitantes relativas a impostos, questões fiscais, sucessórias e blindatórias. O empresário só pode constituir uma única empresa desse tipo no país, e é obrigatório que o proprietário seja uma pessoa física (outra pessoa jurídica não pode ser dona da EIRELI).”;
SA: “Criada em 1976, a Sociedade Anônima permite que um indivíduo possa ser o único acionista (dono) da empresa, desde que seja de capital fechado e seu capital integralizado não ultrapasse 1 milhão. Permite ao empresário receber investimento, instituir Vesting, Stock Options, e emitir títulos de capitalização (debêntures) para captar investimento, em vez de contratos de mútuo com investidores, que é o caso dos outros tipos de empresas. É um dos melhores formatos para startups, na medida em que protege o capital, garante blindagem ao investidor e sua saída rápida e fácil, em caso de insucesso. É o tipo jurídico preferido dos investidores brasileiros, mas também está habilitada para receber investimento estrangeiro. Não tem limitações de contratação de funcionários, nem de faturamento, mas o regime tributário não pode ser o Simples Nacional.”
Segundo o CEO da Learmachs, buscar um escritório contábil bem estruturado, que esteja afinado com os objetivos da empresa, e seja um parceiro do negócio, é fundamental para se obter sucesso na jornada empreendedora. “O melhor e mais importante amigo de todo empreendedor é a sua contabilidade, que o ajuda a administrar suas empresas numa base diária e o auxilia a conquistar seus objetivos mais cedo. Um escritório de contabilidade especializado, devotado e inteiramente lastreado no sucesso do empresário pode fazer uma diferença enorme, pois realiza tarefas importantes, como a gestão financeira da companhia, e também atua como um consultor administrativo, responsável por guiar todo e cada empreendedor no caminho da autorrealização empresarial”, finaliza Roger Mitchell Madeira.