Especialistas sinalizaram que haverá novas oportunidades no país asiático nos próximos anos
POR: Insight Comunicação
Considerado uma janela para entender como a economia que mais cresceu em 2020 planeja seus investimentos até 2025, o 14º Plano Quinquenal da China pode servir como um sinal de alerta para stakeholders envolvidos no agronegócio, mas também como um horizonte de parcerias na área tecnológica. Esses foram alguns dos tópicos de destaque do Foro Inteligência, realizado no último dia 12 nas plataformas digitais.
Ao abordar o tema “O 14º Plano Quinquenal da China e suas consequências para o Brasil”, a senior fellow da Universidade de Negócios Internacionais e Economia em Pequim Tatiana Prazeres explicou que o foco do plano, aprovado em outubro, é qualitativo e não quantitativo. Até mesmo, explica a especialista, porque é difícil manter constantes taxas crescimento, como o gigante asiático vem registrando nas últimas décadas.
Segundo Tatiana Prazeres, os destaques são investimentos em tecnologia e em segurança alimentar e energética. A proposta, assinala, é promover a modernização do sistema econômico e de mercado diante de um cenário internacional desafiador. “Essas mudanças têm a ver com a estratégia da circulação dual que visa diminuir a dependência do mercado externo e das tecnologias vindas do exterior”, observa.
A mudança no perfil de crescimento chinês, acrescenta a professora, tem impacto sobre a importação de minérios e de alimentos, uma vez que a época dos projetos de infraestrutura pesados está passando. Além disso, existe na China uma preocupação com aumento da produtividade agrícola, com investimentos em novas áreas de cultivo, modernização de máquinas agrícolas e introdução do 5G no campo.
“A segurança alimentar é uma preocupação da China. Até 2035, deve cair a participação de produtos agrícolas da América Latina. No entanto, existe uma gama de oportunidades para os empresários na área de tecnologia, outro ponto relevante do plano”, completa Tatiana Prazeres.
Na busca por um novo lugar no cenário internacional, a China se prepara, por meio das 19 seções distribuídas pelos 65 capítulos de seu novo Plano Quinquenal, para trabalhar com a lógica de responsabilidade no que diz respeito às mudanças climáticas. É o que destaca o professor associado do Instituto de Relações Internacionais e vice-decano de Desenvolvimento e Inovação (CCS) da PUC-Rio, Paulo Esteves.
O documento chinês prevê que o pico das emissões de carbono será atingido em 2030 e a neutralidade será alcançada em 2060. Além disso, observa o professor da PUC-Rio, o país lança um olhar sobre a redução da desigualdade econômica e incorporação de chineses de baixa renda das áreas urbana e rural.
Nesse sentido, Paulo Esteves questiona se as inovações tecnológicas serão suficientes para gerar tanto a segurança alimentar necessária para revitalizar o campo, quanto a segurança energética, importante para a conquista das metas ambientais.
“O país espera conseguir ganhos de produtividade através de inovação. A resposta para todos os problemas é a inovação. Será que a China será capaz de fato de produzir inovação suficiente para que possa navegar a transição energética, revitalizar o campo, integrar áreas urbanas e rurais. Não há uma grande resposta no plano que não passe pela inovação tecnológica”, salienta o especialista.
O Foro Inteligência contou ainda com a participação do professor da PUC-Rio Márcio Scalércio e do diretor da Insight Comunicação, Francisco Ourique, que mediou o debate. O encontro está disponível no Facebook e, posteriormente, estará disponível no canal da Insight Inteligência no YouTube. As melhores palestras do Foro poderão ser lidas na revista Insight Inteligência.
Sobre o Foro Inteligência: Reúne o BRICS Policy Center e a Insight Comunicação, com o apoio do Instituto de Relações Internacionais (IRI) da PUC-Rio e da Casa de Afonso Arinos. O Foro manterá um canal aberto com países como China, Rússia, Índia e África do Sul. A ideia é apresentar palestras, cursos e seminários abordando problemas brasileiros não convencionais e que tangenciam as nações do bloco.