Francine Costanti (*)
No último ano, vivemos mudanças bruscas de comportamento em todos os sentidos: social, profissional e mental, ao mesmo tempo em que aprendemos a adaptar a rotina com novos hábitos e abrir a mente para outras possibilidades de ações.
Nesse cenário, também tivemos que refletir sobre o fato de ficar em casa ou sermos expostos a riscos altos de contaminação, o que nos obrigou a criar prioridades, como cuidar da saúde mental e física, da alimentação e da entrega de trabalhos no prazo.
Por outro lado, o confinamento criou laços afetivos maiores entre as famílias, já que antes passávamos boa parte do dia fora de casa e sem tempo para um convívio mais próximo. O contato com amigos também ficou mais intenso, mesmo acontecendo em frente às telas dos computadores.
Para definir esse momento de isolamento social, especialistas trouxeram o termo “novo normal”, dando a ideia de que as pessoas sempre conseguem se adaptar a todas as surpresas no meio do caminho, reforçando o conceito de que tudo é uma questão de costumes, mesmo em tempos de crise.
Percebemos que liberdade de escolha nunca fez tanto sentido, porque podemos escolher como viver e melhorar a qualidade de vida com atos simples, independentemente de estar dentro ou fora de casa.
Uma pesquisa feita pela Bain & Company, consultoria global que ajuda empresas a criarem mudanças que definem o futuro dos negócios, mostrou que existem três tendências de comportamento no “novo normal”: a migração para os serviços online, maior foco em saúde física e mental e a redefinição de valor, em que o consumidor avalia se o produto realmente vale a preço que custa.
Listo aqui 5 hábitos desenvolvidos durante a pandemia que vieram para ficar em nossa rotina:
Home office definitivo x modelo de trabalho híbrido
As medidas de isolamento social impostas pela pandemia de Covid-19 fizeram as empresas adotarem o trabalho em home office. Inclusive aquelas que só conheciam a jornada presencial fizeram dessa prática uma rotina, assim como as que já trabalham remotamente em alguns dias e horários da semana.
Em pouco tempo, milhares de pessoas tiveram que adaptar um espaço em casa para cumprir o horário de trabalho e participar de reuniões online. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em novembro de 2020, o Brasil atingiu o índice de 7,3 milhões de pessoas trabalhando em esquema de home office.
Grandes corporações, como Twitter, XP Inc, Petrobras, Magazine Luiza e Via Varejo já declaram o home office definitivo. De qualquer modo, cabe a cada empresa perceber o melhor método de trabalho para seu sistema de negócio e se vale a pena manter home office, presencial ou modelo híbrido (alternando dias na empresa e em casa).
Alimentação saudável e preocupação com a imunidade
Com o isolamento social, veio também a preocupação em melhorar a qualidade da alimentação e, principalmente, a busca por alimentos que aumentam a imunidade, já que alguns deles reforçam a proteção do sistema imunológico contra diversas doenças. É importante lembrar que, antes de mudar a rotina de alimentação, sempre consulte um especialista.
Uma pesquisa desenvolvida pelo Estudo NutriNet Brasil – feita pelo Nupens Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo -, com 10 mil entrevistados, indicou que houve aumento de 40,2% para 44,6% no consumo de frutas, hortaliças e feijão durante a pandemia, mostrando que houve maior cuidado com a alimentação balanceada.
Priorização da saúde mental e bem-estar
Como todos nós tivemos que ficar em casa, sem contato com amigos e colegas, além de ter que administrar múltiplas tarefas, como trabalhar, cuidar da casa, dos filhos e dos familiares, aumentaram os casos de ansiedade, compulsão e depressão.
Uma pesquisa recente realizada pela PoderData relatou que 38% das pessoas declaram estar em uma situação pior de saúde mental do que no início da pandemia. Segundo especialistas, cada pessoa lida com o isolamento e as mudanças causadas neste período de formas diferentes.
Segundo a OMS, o aumento dos sintomas psíquicos e dos transtornos mentais pode ocorrer por diversos motivos: experiências traumáticas associadas à infecção ou à morte de pessoas próximas, o estresse causado pela mudança na rotina, por conta das consequências econômicas e pela nova rotina de trabalho.
Nesses momentos de estresse, o indicado é que as pessoas procurem por atividades prazerosas, como a prática de exercícios físicos, que libera hormônios, como dopamina, endorfina, serotonina e ocitocina, responsáveis pela sensação de bem-estar e prazer, garantindo qualidade de vida.
Retomada do convívio com a família
Durante a pandemia, vimos muitas pessoas se aproximarem mais da família – já que estavam vivendo na mesma casa. Essa relação mais intensa, pode ser benéfica também para estreitar os laços afetivos e para ter suporte emocional para lidar com a situação.
Dados da Escola de Educação da Universidade de Harvard (EUA) revelam que, nos últimos meses, os pais apresentaram uma maior preocupação em conhecer o universo
dos filhos. Cerca de 68% afirmam que as conversas diárias estreitaram e melhoraram o relacionamento com as crianças.
Alta dos treinos online e treinos presenciais rápidos
Assim como comércios e empresas, as academias tiveram suas portas fechadas durante a pandemia e, imediatamente, enxergaram a oportunidade de oferecer serviço de treinos online para os alunos. Uma boa saída, já que muitas pessoas manifestaram o interesse em manter os treinos em dia, mesmo em casa.
Nesse período, vimos nomes do setor fitness ganharem destaque nas redes sociais, com lives diárias e interação direta com os seguidores. Além disso, grandes grupos de academias entraram na tendência lançando plataformas exclusivas e gratuitas com aulas de diversas modalidades.
A plataforma Queima Diária, por exemplo, teve um crescimento de 130% no cadastro de alunos durante a pandemia e, hoje, conta com cerca de 375 mil associados.
Com a reabertura das academias, muitos alunos voltaram aos treinos presenciais, mas procurando por aulas rápidas, eficazes e com resultados visíveis a curto prazo.
Sem dúvidas, esse foi um período de grandes transfomações, que tendem a se estenderem mesmo depois do fim da pandemia. O que está por vir ainda não sabemos, mas a única certeza que podemos ter é que a capacidade de mudar e se adaptar a novos cenários é intrínseca ao ser humano.
(*) Francine Costanti atua como colaboradora na área de pesquisa de mercado da TotalPass, plataforma que reúne e oferece as melhores academias do País a colaboradores de empresas parceiras, por valores especiais.
Crédito: divulgação