Diversas empresas do ramo de cosméticos e similares aderem a um movimento por produtos mais naturais e ecologicamente corretos
Por Shalisa Boso*
O mundo frequentemente passa por diversas transformações, independentemente da seara e do teor das mudanças. No segmento da beleza, tal fundamento não teria motivo para ser exceção, afinal, a área de cosméticos e higiene costuma acompanhar os desejos e necessidades das sociedades para as quais oferece serviços e produtos. Em 2020, ano que está marcado na história da humanidade como o período em que teve início uma pandemia devido ao novo coronavírus, questões relacionadas ao consumo ganharam ainda mais força entre as populações ao redor do mundo. Entre tantos questionamentos frequentes, há muitas pessoas que exigem dos produtos de beleza e higiene uma preocupação maior com o meio ambiente e compostos de maneira mais natural.
O termo “clean beauty”, que pode ser adaptado em tradução para o português como “beleza de forma limpa”, dá nome a essa tendência no segmento dos cosméticos que ganhou força nos últimos tempos: a busca por produtos ecologicamente corretos, saudáveis e seguros tanto ao meio ambiente quanto ao corpo de quem os utiliza. Um princípio que é pregado por defensores da ideia em voga é que a tecnologia é aliada na confecção de itens de beleza e capaz, portanto, de produzir materiais naturais de forma segura e com o menor dano possível ao meio ambiente. Tudo isso assegurado em todas as etapas da cadeia produtiva do segmento, desde a criação do produto até seu envasamento e distribuição.
De acordo com números divulgados em 2019 pela Nielsen, empresa global de dados e medição, 42% dos consumidores brasileiros estão mudando hábitos de consumo para reduzir impactos nocivos à natureza, e 30% das pessoas entrevistadas se atentam aos ingredientes presentes nos produtos que adquirem. Além disso, uma fatia de 58% das pessoas afirma que não compra itens testados em animais. Diante dessa nova realidade estabelecida que já é percebida no mercado, diversos negócios se questionam sobre como devem investir nesta tendência ecológica do momento. Entre algumas das maneiras válidas para aplicar ações ecologicamente corretas, é possível se atentar ao descarte de embalagens — tanto no local onde são despejadas quanto na limpeza delas —, incentivar que os clientes utilizem produtos até o final, para evitar que poluentes possam ser derramados em locais indesejados ao meio ambiente, e também é possível que os clientes reciclem embalagens e deem novas utilizações a um item que seria indiscriminadamente descartado. Do ponto de vista das empresas, medidas de reutilização também podem ser interessantes, além de um investimento maior em práticas e matérias-primas de caráter mais sustentável. Além disso, conteúdos que tenham um intuito educacional aos clientes podem ser muito relevantes, especialmente em relação aos itens que são comercializados pela empresa. Ademais, no caso de companhias líderes no campo da produção e detentoras de tecnologias de ponta, é possível fomentar pesquisas e práticas que permitam um maior avanço na consciência ambiental.
Toda a discussão do momento ganha força em um cenário extremamente promissor em termos de economia no segmento cosmético brasileiro. Afinal, o país é o quarto maior mercado de beleza e cuidados pessoais do mundo, de acordo com o provedor de pesquisas Euromonitor International. O Brasil só fica atrás de Estados Unidos, China e Japão. No ramo das fragrâncias, por exemplo, nossa nação perde apenas para os norte-americanos. O Brasil é, há certo tempo, uma verdadeira potência na área, e para se fortalecer ainda mais no mercado mundial, é importante que ações importantes sejam tomadas quando o assunto é “clean beauty”. O mundo passa por frequentes alterações e muitos clientes cobram cada vez mais por maior atenção ao meio ambiente.
*Shalisa Boso é sócia-diretora da Prohall, empresa do ramo de cosméticos que atua para cuidar da beleza de seus clientes, além de prezar a participação de parceiros e distribuidores neste processo.