Em um ano marcado pelo aumento de casos de estresse no Brasil, médica especialista aponta causas e tratamentos para problemas no maior órgão do corpo
POR: Davi Paes e Lima
O cenário “ansioso” e “estressado” do Brasil está posto há anos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o país foi o mais ansioso e estressado do mundo em 2019. Estes números aumentaram consideravelmente por conta da pandemia de Covid-19. Dados indicam que cerca de 49% das pessoas que realizaram exames médicos no primeiro semestre de 2022, por exemplo, indicavam sintomas de estresse. Embora não seja uma doença, o estresse excessivo pode desencadear diversos problemas, inclusive na pele.
A médica cirurgiã geral, pós-graduada em Dermatologia e Tricologia, Carol Berger, de Florianópolis, aponta que o maior órgão do corpo humano, a pele, bem como seus anexos, ou seja, cabelos e unhas, também tem sofrido bastante com o estresse. “Quando estressado, nosso corpo desprende hormônios, como o cortisol e a adrenalina, na corrente sanguínea. Este processo desencadeia uma cascata de liberação de citocinas inflamatórias e pró-inflamatórias, o que culmina no estresse oxidativo do organismo”, explica a especialista.
A médica esclarece que as principais doenças na pele relacionadas ao estresse são as dermatites, acne, psoríase, vitiligo e queda capilar. De acordo com ela, o estresse crônico também favorece o envelhecimento precoce. “Isso acontece por conta do excesso de radicais livres, que tem o potencial de quebrar as fibras colágenas que dão sustentação, turgor e elasticidade à pele”, acrescenta Carol Berger.
Tratamento ocorre de forma tópica e oral
A médica catarinense pondera que é preciso atenção na hora de identificar um quadro causado por estresse ou apenas por uma “coceira”. Segundo ela, geralmente quando a causa é o estresse, cessado o evento estressor, o quadro se resolve.
A especialista em Dermatologia destaca que há diversas possibilidades de tratamento pelos problemas causados por estes gatilhos emocionais. “Se pensarmos no ponto de vista da coceira e vermelhidão da pele, existem várias formulações tópicas (cremes, pomadas, loções) que contêm substâncias calmantes, antipruriginosas e anti-inflamatórias que podem ser usadas. Esta escolha depende da gravidade e extensão da dermatite, além, é claro, da localização”, soma a profissional.
Contudo, a médica relembra que, dependendo da condição desencadeada pelo estresse, baseado sempre no quanto isto afeta a qualidade de vida do paciente, são necessárias medicações sintomáticas orais, para a coceira e lesões. “Indicamos, então, anti-histamínicos, corticoides orais, ou até mesmo medicações ansiolíticas e antidepressivas, com o acompanhamento de um médico psiquiatra e sessões de psicoterapia”, recomenda.