*Por Ricardo Fernandes
Inovações fazem parte do processo de evolução e, no universo dos negócios, isso não é tão diferente. Desde que o conceito de startup passou a ser aplicado em modelos de projetos do mundo inteiro, o crescimento ganhou força e, hoje, tornou-se uma verdadeira oportunidade para quem busca desenvolver a própria empresa.
Se traduzirmos ao pé da letra, “startup” significa, do inglês, “empresa emergente”. Contudo, a relação entre o termo e a prática vai um pouco além, visto que, não necessariamente, refere-se a negócios que nasceram dentro de casa, como uma confeiteira que começou a produzir doces caseiros antes de ter seu próprio local de trabalho. Na verdade, o conceito que mais se aplica é uma empresa com um grupo de pessoas diferenciadas que acredita na ideia proposta e trabalha de forma inovadora e com incertezas, buscando novos mercados ou até mesmo disromper mercados existentes (ideia que, também do inglês “disruption”, busca transformar profundamente, “romper” ou criar uma “ruptura” no mercado existente por meio de um novo modelo de negócio), sobretudo os mais tradicionais ou com aversão a mudanças e inovações.
Dessa forma, a pergunta valiosa é: “Como colocar o negócio para funcionar?”. Bom, não existe uma fórmula do sucesso, já que, se puxarmos as startups de maior relevância hoje, cada uma tem sua trajetória. Por outro lado, há direções que podem ajudar empreendedores a trilharem seu caminho.
Para começar, você precisa de um time, essencial para um bom projeto deslanchar. Em seguida, é preciso partir da premissa de que, se há um bom projeto e um bom time, então você precisa de funding (atributos financeiros que, normalmente, vêm de investidores-anjo). Tirar ideias do papel e fazê-las acontecer é um desafio que não só exige planejamento como também recursos.
Passada a fase dos investidores anjo, se a empresa estiver fluindo e ganhando tração (crescimento nas vendas, aumento da base de clientes, etc), o crowdfunding, conhecido como financiamento coletivo online, é uma opção para captar mais recursos financeiros para acelerar o crescimento e ampliar o negócio. Nessa modalidade, investidores podem financiar empresas em troca de participação societária ou por títulos conversíveis de dívidas. Atualmente, há diversas plataformas colaborativas na internet para apoiar projetos, no qual pessoas que acreditam na proposta contribuem com um valor (a partir de R$2 mil) para fazer a empresa se desenvolver e mudar de fase.
Mas como fazer as pessoas acreditarem na empresa? Além dos benefícios de contribuição, é preciso reforçar que o retorno do projeto não é para o grupo específico que publicou a idealização na plataforma, mas, sim, para a sociedade como um todo. Ou seja, é necessário destacar como essa concretização trará resultados reais para os investidores.
Assim, qualquer empreendimento que esteja tracionando vendas e marketing, tenha um objetivo definido de investimento e saiba alocar o valor para um crescimento em escala, pode usufruir do crowdfunding. Os que apostam na modalidade gostam dos projetos que realmente inovam, sejam startups ou empresas de mercado real que pretendem escalar um modelo de negócio com diferencial. Então, se esse for o caso, o crowdfunding é uma boa opção.
Esse modelo de investimento, permite as empresas, além da captação de recursos financeiros, a criação de comunidades. Nos últimos anos, estamos vendo esse movimento acontecer com diversas startups no qual as pessoas querem ser mais do que clientes – querem ser parceiras, fãs, amantes da marca – e o crowdfunding é uma ótima porta de entrada, onde os investidores formam um grupo de pessoas engajadas em prol da empresa e que podem participar com voz ativa e auxiliar o crescimento, da forma mais simples e antiga que é o marketing boca a boca, até passando feedback sobre os produtos ou serviços, mas com o olhar de consumidor., além de serem grandes incentivadores da marca.
Todas as táticas acima podem estar presentes em startups ou em empresas reais de escala, já que uma não impede a outra. Contudo, se a companhia vende algum produto ou serviço para o consumidor final (B2B) ou tem sex appeal, então, talvez a comunidade de consumidores possa ser uma chave importante para o crescimento.
E sabe qual é o investimento que mais incentiva o CLG? É o crowdfunding, visto que cada investidor passa a ser uma parte pequena do todo e, com isso, torna-se um grande incentivador da marca.
De modo geral, o financiamento institucional dentro do ciclo de captação entra apenas na etapa Seed (investimento semestral), quando fundos são investidos em empresas após o estágio inicial (Seed Money). Há poucas exceções de aplicação institucional na fase de anjo. Porém, se o investimento for Seed, Late Seed ou começo da Série A (rodadas maiores de investimentos), o recurso que seu negócio precisa pode ser via crowdfunding também, já que a forma de captação veio como alternativa aos Ventures Capitals
Mais uma vez, reitero que não existe uma fórmula de sucesso. Mas uma boa estratégia de captação faz parte de uma jornada de sucesso. Cada projeto tem suas especificidades e desafios. Por isso, tenha em mente que não será um trabalho a ser concluído do dia para a noite. O processo pode ser longo, mas se tiver paciência e souber aproveitar as ferramentas que estão à sua disposição, a startup ou a empresa real com escala em venda dos seus sonhos com certeza pode se tornar uma realidade.
*Ricardo Fernandes, fundador da BridgeHub Crowdfunding e da Labs Capital, ex-Chief Researcher da B3/Neoway.
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