Empreender no Brasil é uma realidade para cada vez mais mulheres, mas ainda existem diversos desafios pelo caminho
*Por Amanda Coelho
O empreendedorismo pode ser definido como uma iniciativa que tem como intuito o lançamento de um novo negócio ou até mesmo a implementação de mudanças em negócios já existentes. Em outras palavras, empreender significa identificar problemas e oportunidades na sociedade e no mercado, investir recursos diversos na busca pelas melhores soluções, e, por consequência, oferecer à sociedade o resultado positivo desse processo. Mas apesar de a palavra “empreender” não ter um gênero na gramática, na vida humana em sociedade um gênero domina o mercado há bastante tempo: o masculino.
As mulheres por muito tempo foram relegadas do mercado de trabalho formal, no Brasil e no mundo, e por muito tempo estiveram distantes da oportunidade de empreender, oferecer retorno à sociedade por meio de negócios, e, portanto, obter a tão importante autonomia financeira e social. Essa realidade está mudando aos poucos — ainda que a duras penas —, visto que atualmente é possível notar que cada vez mais mulheres estão à frente de empresas em cargos de alto nível, bem como outras tantas lançam negócios robustos e promissores. De acordo com dados divulgados em 2022 pelo LinkedIn, a quantidade de mulheres que começaram a empreender cresceu globalmente durante a pandemia de Covid-19. Segundo o levantamento da mais famosa rede social voltada a negócios e emprego, o Brasil observou aumento de 41% no empreendedorismo feminino em 2020. Ainda de acordo com a plataforma, a liderança conduzida por mulheres no país está na faixa de 27%, o que deixa o Brasil na 27ª posição entre os países citados pelo levantamento.
O fomento ao empreendedorismo feminino ao redor do planeta é importante porque ele viabiliza que as mulheres consigam ganhar mais espaço na sociedade e no mercado, o que ajuda a atenuar em partes a ainda grande desigualdade de gênero. A presença feminina na liderança de diferentes tipos de negócios é uma oportunidade de elas alcançarem a autonomia financeira, elemento social extremamente importante, especialmente em comunidades machistas que ainda enxergam as mulheres como meramente dependentes dos homens. É importante lembrar que a dependência econômica ainda é um fator de vulnerabilidade da mulher à violência, como alertam especialistas do tema.
Apesar do aumento da presença feminina no empreendedorismo brasileiro, ainda restam alguns desafios para as mulheres que almejam empreender em solo nacional. O primeiro deles é a dificuldade de acesso a financiamentos empresariais, principalmente porque alguns credores são mais criteriosos na hora de oferecer linhas de crédito a um negócio comandado por uma mulher, especialmente se ela for uma mãe solo. Esse elemento reforça a ideia preconceituosa de que uma mulher não consegue comandar uma empresa enquanto cumpre o papel de mãe. Outro fator que dificulta o empreendimento feminino no país é a dupla jornada que boa parte das mulheres cumpre ao longo do dia, visto que diversas delas trabalham em suas empresas durante o dia e têm tarefas domésticas após o expediente — atividades que seriam cumpridas mais rapidamente caso sempre houvesse a participação dos parceiros nessas tarefas.
O empreendedorismo feminino tende a crescer cada vez mais, especialmente em razão da participação crescente das mulheres nos diversos âmbitos da sociedade. Entretanto, para que isso torne-se uma realidade sólida mais rapidamente e com menos percalços, é fundamental que o assunto seja discutido amplamente desde a juventude com participação da escola, e em um momento posterior com a presença do primeiro, segundo e terceiro setor da sociedade. Empreender, no final das contas, é um conceito que deve ser viável e incentivado para qualquer pessoa, independentemente de seu gênero ou de outras características humanas.
Sobre Amanda Coelho
Formada em Enfermagem, Amanda Coelho atualmente é especialista em beleza, química, maquiagem, negócios, empreendedorismo, cosméticos, indústria e dermocosméticos. Quando decidiu migrar para a área da beleza, estudou maquiagem na Suíça, Estados Unidos e França, e passou por escolas da Mac e da Make up Forever. No Brasil, Amanda se especializou em inovações tecnológicas pelo Instituto Racine, fez pós-graduação em branding, além de outras especializações na área de desenvolvimento de produtos e cosméticos. Atualmente Amanda Coelho também é CEO na Assinatura Consultoria, empresa que trabalha para que as marcas tenham mais agilidade, organização e detalhamento, e sócia na Alva Cosmeticos, indústria que fabrica e comercializa cosméticos para todo o Brasil. A profissional recentemente também começou a fazer parte do projeto Belong Be, plataforma colaborativa que apoia marcas próprias brasileiras.