Em um cenário em que a busca pela beleza está cada vez mais presente, uma pergunta ganha força: “Será que a confiança é mais elevada entre os indivíduos considerados mais belos?” Neurocientistas especializados no comportamento humano conduziram um estudo na Noruega que lança luz sobre essa complexa relação.
O estudo teve como base a observação de imagens de faces prototípicas, variando em graus de beleza, por um grupo de homens e mulheres com idades entre 18 e 25 anos. O resultado desse estudo se concentrou na correlação entre o grau de beleza percebido nas faces e o nível de confiança que essas imagens inspiravam.
A médica dermatologista Dra. Juliana Tamanini afirma que experimentos da ciência comportamental dão conta que a confiança demanda um período de interação e processamento cognitivo para se estabelecer, enquanto a percepção de beleza ocorre de maneira mais automática e reativa a estímulos externos.
A especialista acrescenta, porém, que essas duas questões têm sim uma importante ligação. “O sentimento de atratividade e os julgamentos de bondade e moral ativam regiões cerebrais similares, como o córtex medial orbitofrontal, solidificando o estereótipo de que o ‘belo é bom’”, afirma a Dra. Juliana.
O estudo conduzido por cientistas noruegueses também ressalta a relevância do reconhecimento de um rosto semelhante ao nosso próprio grupo étnico para a avaliação de confiabilidade. A médica destaca que “existe uma expectativa inerente de encontrar semelhança no outro e de buscar familiaridade”. Porém, o estudo revelou que imagens de faces consideradas belas, mas com discrepâncias na forma ou expressão, estavam menos associadas à impressão de confiança em comparação com faces medianas exibindo equilíbrio nas expressões.
A ausência de congruência nas características faciais durante uma expressão facial gera desconfiança, como exemplifica a Dra. Tamanini: “Uma face sorridente sem os movimentos esperados dos lábios ou dos olhos é subjetivamente avaliada como uma face de alguém em quem não se deve confiar”.
O estudo também revelou uma relação entre beleza e confiança, onde faces belas que compartilhavam semelhanças étnicas obtiveram uma associação menor com a percepção de confiança em comparação com faces belas que exibiam traços mais típicos. A conclusão é que a conexão entre beleza e confiança é intrincada, envolvendo fatores étnicos, sociais, microexpressões e harmonia nas características faciais.
Em um mundo em constante avanço na neurociência do comportamento, a pesquisa norueguesa e a experiência da Dra. Juliana Tamanini nos alertam que a busca pela beleza pode por vezes comprometer a valiosa impressão de nossa índole, exigindo uma reflexão mais profunda sobre a interseção entre estética e confiança.
Fonte:
Dra. Juliana Tamanini – Dermatologista | www.julianatamanini.com.br