POR: João Luiz Zuñeda
Quando estamos descrevendo os mercados com os quais a indústria química se relaciona, um amplo e diversificado espectro se abre. A gama de produtos vai de tintas para automóveis, eletroeletrônicos e embalagens, até produtos plásticos e artefatos de borrachas para as mais diversificadas aplicações. Podemos citar também matérias-primas para cosméticos, medicamentos, limpeza doméstica, assim como a base para os fertilizantes no agronegócio. Todos, produtos presentes, de diferentes formas, no nosso dia a dia.
Como um dos principais centros industriais do Brasil, o ABC, representa um valor econômico muito importante para o setor químico e petroquímico, com faturamento agregado de R$ 58,8 bilhões em 2018. Vocação importante da região, a indústria química agregada representa 10,5% deste setor no Brasil. É também a base para muitas outras cadeias produtivas em todo o estado, tendo contribuição positiva na geração de empregos, com cerca de 37 mil postos de trabalho.
A redução de faturamento das empresas locais e, inclusive, o fechamento de algumas, reflete a diminuição de 12,1% no valor deflacionado do faturamento agregado no período de 2013 a 2018. Uma queda de 2,5% ao ano, que impactou a maioria das pequenas e médias empresas. Porém, neste mesmo período de análise, cresceram as empresas fabricantes de petroquímicos básicos e resinas do Polo Petroquímico do Grande ABC, que tem se apresentado como alicerce da economia local.
Empresas como a Braskem e a Oxiteno fizeram com que a participação do Polo Petroquímico em relação ao total da indústria química agregada passasse de 13%, em 2013, para 16%, em 2018. Neste cenário, crescem também as empresas de tintas, esmaltes e vernizes, por exemplo. A geração de emprego é destaque e o valor econômico é muito importante. O número de empresas atuantes na região também segue sendo relevante.
Outro ponto que merece destaque na indústria química do Grande ABC é a sua produtividade. Mesmo com a crise econômica, o desempenho do trabalho na região cresceu mais do que a média nacional. A eficiência da indústria química agregada brasileira cresceu 7,3% no período 2013 a 2018, contra 21,3% no ABC. Ou seja, quase três vezes a média brasileira. Além disso, o salário médio mensal do setor na região é 50% maior que a da indústria de transformação do estado. Isto é riqueza econômica, tanto para as empresas quanto para a região, contribuindo para o desenvolvimento econômico local.
Os desafios do setor ainda são muitos, assim como suas oportunidades de crescimento. Esta é uma região privilegiada, considerada base do crescimento industrial brasileiro. E, para seguir avançando, a indústria de transformação e química do ABC precisa ter custo de energia competitivo, que hoje ainda é elevado em relação aos padrões internacionais de competitividade. Os Estados Unidos, por exemplo, deram novo ânimo para sua indústria por meio da queda de custo de energia, valorizando o gás natural. Esta mesma matéria-prima está disponível no Brasil e pode gerar energia competitiva. Um dos desafios do ABC neste setor é se manter na discussão para a liberalização do mercado de gás natural no Brasil, com o protagonismo que lhe cabe, ampliando as possibilidades de matérias-primas para seu setor químico e trazendo competitividade para sua cadeia de transformação. Vocação a região já tem.
*João Luiz Zuñeda, sócio-fundador MaxiQuim