Sebrae do Pará foi até a capital do País para entender como micro e pequenos empreendedores podem se beneficiar de grandes eventos internacionais
O Sebrae do Pará esteve em Baku, no Azerbaijão, para analisar pela perspectiva dos micro e pequenos empreendedores a conferência do clima da ONU – o maior evento global sobre mudança climática, que reúne pessoas de quase 200 países ao redor do planeta. O objetivo foi entender melhor como esse segmento, que representa 99% dos negócios brasileiros e responde por 29,5% do PIB nacional, pode se inserir não só na conferência climática que acontece no próximo ano em Belém, no Pará, mas nos grandes eventos internacionais que estão cada vez mais frequentes no país. Nos últimos anos, o Brasil foi sede de Olimpíadas, Copa do Mundo, G20 e, em 2025, a COP 30.
Esta foi a terceira vez que o Sebrae no Pará acompanhou uma COP climática. Em 2023, a diretoria já havia estado presente em Dubai, nos Emirados Árabes e, em 2022, em Sharm el-Sheikh, no Egito, para entender o funcionamento da conferência e desenvolver seu plano de capacitação para os micro e pequenos negócios paraenses. São aprendizados úteis para empreendedores de todo o país, que cada vez mais recebem eventos internacionais. Nas três ocasiões, um dos pontos que chamou a atenção dos especialistas do Sebrae é a necessidade de respeitar a multiculturalidade dos visitantes.
Em Belém, no próximo ano, devem circular pelo menos 60 mil pessoas de todo o mundo e desde que o local da próxima conferência do clima foi anunciado, o estado do Pará viu crescer o número de visitantes internacionais. No primeiro semestre de 2024, o Pará recebeu 12,68 mil visitantes estrangeiros, mais que o dobro do registrado no mesmo período de 2023. O afluxo de turistas internacionais, aliás, é a principal característica dos grandes eventos que o Brasil tem sediado, além de suas grandes festas, como o Carnaval.
“No caso da COP 30, em Belém, queremos mostrar o melhor do Pará e da Amazônia, já que esta será a primeira conferência climática na maior floresta tropical do planeta. Por outro lado, temos que respeitar a cultura de quem vem – algo que vai do atendimento às pessoas aos ingredientes escolhidos para as receitas”, lembra o coordenador do comitê da COP 30 no Sebrae/PA, Renato Coelho. “Um detalhe que notamos em Dubai e em Baku, por exemplo, foi uma busca ligeiramente acima da média por itens vegetarianos e veganos, além da preferência por uma alimentação mais saudável”, completa.
O Sebrae/PA está conversando com a Secretaria Extraordinária da COP 30 e negociando parcerias com foco na área de alimentação da conferência. “A ideia é viabilizar refeições típicas, preparadas com produtos regionais, de pequenos agricultores da agricultura familiar, incluindo a oferta de alimentos vegetarianos e veganos”, conta Renato. “A mistura entre o local e o global é sempre um ponto de atenção para empreendedores em todas as cidades que recebem muitos turistas estrangeiros”, ressalta.
O acompanhamento das conferências do clima permitiu que o Sebrae observasse a busca por roteiros turísticos rápidos. “Assim como acontece em viagens de negócios, os visitantes aproveitam os dias antes, depois ou entre as semanas de negociações para conhecer pontos culturais e turísticos de destaque – o que abre oportunidades para empreendedores de outras localidades próximas à cidade do evento principal”, destaca.
Nessa seara, o Sebrae apostou no apoio ao desenvolvimento de roteiros temáticos que expandem a experiência amazônica, como a rota para conhecer os búfalos marajoaras, vivenciar as tradições da cultura japonesa na cidade de maior influência desses imigrantes na região amazônica ou degustar chocolates artesanais com sabores da floresta.
“Para competir com pontos turísticos clássicos, é importante ter um pilar de atração, que pode ser cultural, gastronômico, esportivo ou de contemplação da natureza. Esse atrativo precisa ser comunicado claramente durante todas as etapas de interação com os visitantes, da venda do pacote à despedida, passando por todo o período em que ele vivencia a experiência”, recomenda.
Além da alimentação e hospedagem, o Sebrae também está apoiando empreendedores de bioeconomia e economia criativa para que a preparação do Estado para receber a conferência do clima deixe um legado de inclusão para os micro e pequenos negócios da Amazônia. As capacitações vão desde plano de negócio e marketing até exportação. No caso da icônica moda marajoara, a organização inclusive apoiou a participação de uma estilista na famosa semana da moda de Milão, na Itália.
Como o afluxo de turistas internacionais deverá gerar oportunidades após o evento, na forma de compras pela internet, o Sebrae está capacitando alguns empresários para exportar seus produtos, iniciativa que também já beneficia produtores de grãos de cacau e de cachaça.
Aprendizados como esses devem somar no trabalho que a entidade de apoio aos micro e pequenos empreendedores já está fazendo com os empreendedores desde o anúncio de que Belém será a sede da COP 30. “Voltamos com ainda mais certeza de que o caminho é incluir os micro e pequenos empreendedores nas oportunidades, pois essas empresas são as mais alinhadas com os compromissos e valores que quem vem conhecer a Amazônia procura. A ideia é favorecer que os participantes possam ter acesso às belezas e riquezas da floresta pelas mãos de quem vive dela”, afirma o diretor-superintendente do Sebrae/PA, Rubens Magno.
Sobre a COP 30 – Promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU), a Conferência das Partes (COP) é o maior e mais importante evento sobre clima e meio ambiente do mundo. A expectativa do Sebrae/PA é que toda a mobilização gerada para a COP 30, em Belém, deixe um legado importante para a capital paraense, consolidando-a como um novo polo turístico receptivo no Brasil.
Sobre o Sebrae – O Sebrae é uma entidade privada, sem fins lucrativos. Em nível nacional, a instituição existe desde 1972. No Pará, foi criada dois anos depois, em 10 de maio de 1974. Atualmente, o Sebrae/PA está presente em todos os municípios paraenses, por meio de 13 agências regionais, sediadas em municípios polo, e por meio de pontos de atendimento e das Salas do Empreendedor, em parceria com entidades de classe e prefeituras municipais, respectivamente.