*Por Laura Porto, Administradora, Escritora e Mentora Organizacional
O ano está perto de findar, as expectativas para o próximo ano sempre aumentam, enquanto a melancolia do que não aconteceu neste ano se torna mais latente do que nunca. Uma imensa e profunda nostalgia se instala no dia a dia.
Três estações já se passaram; estamos no meio do verão, e com ele vem a força e a energia que nos impulsionam, como se a vitamina D finalmente pudesse se fixar de vez em nosso corpo.
E, junto a isso, surge a pressa de organizar, limpar, ajustar o que precisa ser feito antes que o ano termine; revisar metas para o próximo ano, alinhar expectativas, reacender sonhos. Tudo vibra para que esteja resolvido, ajustado e compreendido até o último dia do ano.
Mas há a pressa…
Em fazer tudo, resolver logo, construir os sonhos, limpar a casa, se desfazer de velhos sentimentos, afastar pessoas, acolher outras, traçar novos rumos, novas metas, novas viagens, novos desafios. Tudo vira pressa, em uma urgência fora do comum.
Ouvi de uma voz perturbada:
“Não tenho mais pressa. Vivo um dia de cada vez, sem me impor a nada, sem esperar nada.”
Ouvi de uma voz esperançosa:
“Agora vou ter tempo para fazer tudo no tempo certo.”
Ouvi de uma voz perdida:
“A pressa me leva a conquistar o que eu quiser.”
Ouvi de uma voz inocente:
“Eu controlo a pressa.”
Ouvi de uma voz honesta:
“Não tenho pressa, mas corro com ela.”
Ouvi de uma voz doce:
“Pra que pressa?”
Ouvi de uma voz sofrida:
“Tenho pressa pra viver.”
Ouvi de uma voz serena:
“A pressa só existe para quem a impõe.”
Ouvi de um espiritualista:
“A pressa existe para quem vive nela, para quem a quer e para quem gosta dela.”
Ouvi de um sábio:
“A pressa só derruba o que já foi construído dentro do plano previsto.”
Ouvi tantas coisas… Mas senti que a pressa não é boa nem ruim; ela é um estado de espírito, uma ânsia por mais, a ansiedade pelo que ainda não foi vivido, uma presença de vida escancarada pela ausência de cansaço.
Parece que a pressa constrói e faz acontecer, mas também angustia e castiga.
A pressa derruba obstáculos e cria novos desafios; ela se instala quando nada está planejado, compreendido ou organizado.
A pressa tem primos: a ansiedade, o desânimo, a raiva e, até mesmo, o carinho.
Ela busca, abre o processo criativo, rouba o sono e apaga o brilho.
A pressa empurra, derruba e realiza. Mas qual é o preço de uma pressa vivida?
A pressa mata, mas também salva quando é preciso. Ela desperta o que temos de melhor e de pior, o que podemos fazer e o que nos leva à loucura.
A pressa transforma. Mas de que vale a pressa que multa, mutila e some?
Não importa o motivo ou a motivação, a pressa sempre será companheira dos sonhadores, empreendedores, hiperativos e de todas as crianças.
Ela instiga poder e força, fazendo renascer ações e movimentos que preenchem o dia.
Ah, a pressa…
Pra que ter pressa?
Porque construir faz parte de quem somos!
Pra que ter pressa, se nem tudo depende de nós?
Pra que ter pressa, se o que importa é o aqui e o agora?