Segundo o secretário, o novo cenário atraiu investimentos e resultou em uma arrecadação de R$ 21 bilhões com os leilões da ANP
Na tarde de palestras do último dia da Rio Oil & Gas, o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Félix, destacou que o governo e a Petrobras estão perto de fechar um acordo sobre o excedente do contrato de cessão onerosa, que permitirá colocar a área em leilão já no primeiro semestre de 2019. Segundo Félix, que participou do último almoço-palestra do congresso, essa é uma das questões a serem equacionadas, ao lado das medidas de infraestrutura legais que a Agência Nacional do Petróleo (ANP) irá divulgar em breve para o setor de gás natural, que possibilitarão destravar o segmento.
O secretário destacou ainda que mudanças adotadas nos últimos dois anos já se traduziram na retomada do setor de óleo e gás, que deve receber investimentos de R$ 300 bilhões até 2030, de acordo com cálculos da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
“Estamos no caminho de resolver a cessão onerosa e realizamos ações como a adoção de um calendário fixo, o avanço do conteúdo local e a volta de múltiplos operadores no pré-sal, que, em apenas dois anos, deram uma nova dinâmica do setor”, disse Félix.
Segundo o secretário, o novo cenário atraiu investimentos e resultou em uma arrecadação de R$ 21 bilhões com os leilões da ANP, recursos importantes no atual momento do país.
Compliance no setor de óleo e gás no Brasil
O diretor executivo de Governança e Conformidade da Petrobras, Rafael Mendes, falou em sessão especial sobre o acordo de US$ 853,2 milhões que a petroleira fez com autoridades dos Estados Unidos e do Brasil, anunciado nesta quarta-feira pela estatal. “O acordo encerra completamente as investigações. O aspecto importante é que viramos essa página. Agora, precisamos olhar para frente”, afirmou.
O ministro da Transparência e Controladoria-Geral da União, Wagner Rosário, afirmou que as mudanças normativas fruto da Lei Anticorrupção (12.846/13) estimularam empresas a implantarem planos de integridade e de compliance na indústria de óleo e gás com atuação no país.
“A multa que pode ser aplicada varia de 0,1% a 20% do valor do faturamento bruto anual da companhia. Isso já faz a empresa pensar se vale a pena perder tanto dinheiro do faturamento ou implementar o plano de compliance”, disse o ministro.
Nova perspectiva para a indústria petroquímica mundial
O mundo assiste hoje a uma parceria estratégica entre duas grandes indústrias. Cada vez mais, as gigantes do setor de petróleo e gás vêm investindo na indústria petroquímica, visando sinergias entre as plantas. “Esta é uma mudança de escala para o setor petroquímico”, afirma o presidente da Oxiteno, João Parolin, destacando que os grandes players de O&G ganham com a diversificação de risco e com o retorno de capital maior ao unir o refino à produção de petroquímicos. Este pode ser o caminho para trazer competitividade do mercado brasileiro, que atualmente tem sua produção reduzida a menos de 80% da capacidade.
No Brasil ainda há muito espaço para crescimento do setor, segundo Marcelo Cerqueira, vice-presidente da Braskem. Ele destaca que as grandes frentes do crescimento do segmento no mundo acompanham a existência de matéria-prima competitiva, como o shale gas nos Estados Unidos, e o crescimento de demanda, como no caso da China. “Temos matéria-prima. Podemos repetir, em escala menor, o que está acontecendo nos EUA”, disse, destacando que 69% dos materiais utilizados pela indústria são importados, como o nafta.
Outra oportunidade que surge está na sustentabilidade. Carros elétricos demandam novos materiais, que podem vir dos petroquímicos, enquanto os convencionais podem ter componentes mais leves e, consequentemente, queimar menos combustível. Peças de lâmpadas econômicas também derivam do petróleo. Além disso, as tecnologias de materiais podem contribuir para a economia circular, reduzindo a poluição dos mares e o descarte de plástico.
Novas tecnologias para FPSOs
Tema recorrente no evento, o desenvolvimento de novas tecnologias traz oportunidades para a indústria. Embora descrito ainda como um setor conservador, o assunto foi discutido em sessão especial, com apresentações de exemplos para reduzir custos e otimizar o trabalho com a digitalização dos processos no setor de óleo e gás. Fabiano Lobato, chefe do Centro de Pesquisa e Tecnologia RJ da Equinor Brasil, citou alguns modelos de soluções utilizadas na companhia e que trouxeram benefícios nos resultados e na eficiência das operações. Segundo Lobato, todas as soluções auxiliaram na segurança, na geração de valor agregado e na redução de carbono.
Reinaldo Mendes, vice-presidente de Engenharia e Tecnologia da Aker Solutions, reforçou a questão da economia e redução de custo, por meio da tecnologia. “Quando falamos em sustentabilidade, falamos não só de meio ambiente, mas também do âmbito financeiro saudável”, explicou. Para Mendes, quem fornece a tecnologia precisa saber a melhor forma de utilizá-la e como pensar em uma solução que agilize o tempo de resposta e a tomada de decisões de uma companhia.
O futuro da educação e certificação profissional
O estande do IBP recebeu o professor Márcio Pastori, gerente corporativo de Qualidade, Segurança, Meio Ambiente e Saúde (QSMS). O foco da apresentação foi o impacto das mudanças tecnológicas na educação, destacando maneiras que instituições educacionais podem se adaptar usando, por exemplo, processos de ensino mais dinâmicos. “Usando os modelos KSA e IPMA como referência, que desenham as principais capacidades e habilidades de quem trabalha a bordo, o curso tem um nível de profundidade específico para a preparar os profissionais para o século XXI”, disse o professor.
A apresentação contou também com contribuições da engenheira e consultora do IBP, Carmem Pilar Zabaleta, que falou sobre a importância da certificação de competências, algo cada vez mais necessário para se exercer atividades na indústria. Carla contrapôs a tendência com o modelo tradicional de ensino. “A indústria da educação vai se basear cada vez mais em certificações e credenciamentos, principalmente pelo alto custo da educação tradicional”, concluiu.