POR: Carolina Serra – M112
Idealizada em 2014 pelo Instituto Lado a Lado pela Vida, a campanha visa promover a conscientização da população em relação a doenças cardíacas, já que o número de óbitos relacionados ao coração chega a 43% no mundo. O mês de setembro foi escolhido justamente por ser quando é celebrado o Dia Mundial do Coração, no dia 29. A má alimentação, principalmente o consumo excessivo de carboidrato simples (presentes em alimentos com farinha branca), de gorduras saturadas de origem animal, de sal e de bebidas alcoólicas, contribui para o desenvolvimento de doenças como diabetes, dislipidemia (problemas de colesterol) e hipertensão arterial, condições que, a longo prazo, aumentam as chances de infarto. “O sedentarismo e o tabagismo também são hábitos que devem ser abolidos, uma vez que aumentam significativamente as taxas de doenças cardiovasculares. Pessoas que nunca sofreram eventos cardíacos e que não têm histórico familiar de doença cardíaca entre pais e/ou irmãos, devem passar por avaliação cardiológica a partir dos 35 anos de idade. Aqueles com histórico de doenças cardíacas entre pais e/ou irmãos devem ser avaliados a partir dos 30 anos. Na consulta com o cardiologista, o médico determinará quais exames complementares deverão ser realizados e qual a periodicidade das futuras avaliações”, explica Dr. Eduardo Moreira dos Santos, cardiologista clínico e intervencionista e prestador de serviços no Hospital América de Mauá.
O aumento dos triglicérides, apesar de não influenciar diretamente no surgimento de doenças cardíacas, frequentemente está relacionado ao aumento das taxas de açúcar no sangue, que contribui para a manifestação de diabetes, pré-diabetes e intolerância à glicose, importantes fatores de risco para as doenças cardíacas, assim como a dislipidemia, isto é, o aumento dos colesteróis maléficos ao coração (LDL).
O infarto é a principal causa de morte por doença cardíaca e uma das principais causas de morte em todo o mundo. Em 2030, estima-se que o Brasil será um dos campeões mundiais em números de infarto, por isso é urgente que a população saiba identificar os sintomas. “Habitualmente, o infarto se manifesta pela angina, que provoca dor intermitente ou grande desconforto no peito, como sensação de pressão ou queimação. Essa dor também pode irradiar para os membros superiores e para a mandíbula. A angina costuma ter início enquanto o paciente se encontra em repouso e tem duração prolongada, geralmente maior que 20 minutos. No entanto, médicos e pacientes devem estar atentos a algumas populações específicas que podem não manifestar os sintomas típicos de infarto descritos acima. Mulheres, idosos e diabéticos podem sentir apenas um desconforto torácico inespecífico ou dispneia (sensação de falta de ar) e, em alguns casos, podem sofrer infarto sem apresentar sintoma nenhum. Sendo assim, ao reconhecer algum dos sintomas, o paciente deve encarar como um sinal de alerta, buscando atendimento médico o mais rápido possível, de forma a agilizar o diagnóstico e receber o tratamento adequado o quanto antes”, ressalta o cardiologista.
A idade é um fator que também afeta diretamente nas taxas de sobrevivência ao infarto. Como o processo de acúmulo de gordura na parede dos vasos sanguíneos se inicia desde a infância e vai até o final da vida, pode-se assumir que quanto maior a idade, maior a propensão de um indivíduo sofrer infarto. “Pacientes com mais de 75 anos têm maior taxa de mortalidade que pacientes mais jovens. A qualidade de vida do paciente antes de sofrer o evento cardiovascular também influencia em sua sobrevida futura, principalmente no que se refere à reabilitação cardiovascular após o infarto, uma vez que uma pessoa com hábitos saudáveis possui maior capacidade de realizar exercícios físicos, o que facilita a reabilitação”, pontua o especialista.
O sedentarismo também é um grande fator de risco para doenças cardiovasculares, por isso a atividade física deve ser priorizada na rotina do dia a dia. “Idealmente, todos nós devemos realizar, no mínimo, 30 minutos de atividades físicas aeróbicas (como caminhada, bicicleta ou corrida) cinco vezes por semana. Sempre que possível, a associação com exercícios anaeróbicos também deve ser feita, sob orientação médica, com a finalidade de proporcionar fortalecimento muscular e melhora da capacidade de desempenhar atividade física aeróbica”, finaliza o médico.
Dr. Eduardo Moreira dos Santos, cardiologista clínico, intervencionista e prestador de serviços no Hospital América de Mauá.