Há pelo menos 7 meses, a fintech curitibana ROIT Bank já vem automatizando processos contábeis por meio da Inteligência Artificial. Robô substitui em média trabalho manual de 30 pessoas.
POR: Engenharia de Comunicação
Com os avanços tecnológicos no setor de automação, que surgem cada vez mais rápido, muitas atividades e profissões deixarão de existir, como já aconteceu no passado. Hoje, a contabilidade é uma das atividades que mais correm esse risco. Por ser extremamente operacional, é possível de ser realizada por robôs.
“Os robôs já conseguem realizar quase todos os trabalhos repetitivos que outrora eram realizados por humanos, que passavam longas horas realizando tarefas simples e que não agregavam valor ao currículo profissional”, explica Laudelino Jochem, vice-presidente de Administração e Finanças do CRCPR (Conselho Regional de Contabilidade do Paraná).
Algumas pessoas, no entanto, são contra essa mudança e temem o “fim da contabilidade”. Defendem que critérios, normas e princípios contábeis não podem ser automatizados. Além disso, dizem que há muito fatores a serem interpretados de forma particular, algo que não poderia ser realizado de forma automática.
Laudelino Jochem concorda que, pelo menos por enquanto, a tecnologia ainda não consegue realizar trabalhos complexos e estratégicos, que ainda ficariam a cargo dos seres humanos. Mas, acredita que ela é um caminho sem volta e que não devemos tentar barrar isso, ao contrário, precisamos ser amigos dela.
“Eu sempre costumo dizer em minhas palestras que não é a tecnologia que tirará os profissionais do mercado. Ela vem para facilitar o trabalho que é realizado pelos profissionais da contabilidade. As pessoas têm resistência às mudanças e às inovações, e, isso sim pode impedir um profissional de obter sucesso. Quem está disposto a mudar, pode usar a tecnologia para seu próprio crescimento e facilitar o trabalho que realiza”, afirma Laudelino.
A fintech curitibana ROIT Bank é um exemplo da revolução que já está acontecendo nesse setor. Lançada no início do ano pela ROIT Consultoria e Contabilidade, a fintech faz uso da inteligência artificial para automatizar todas as etapas e processos operacionais da contabilidade.
“Nós acreditamos que haverá, sim, o fim da contabilidade como é feita hoje. Na verdade, ela não vai deixar de existir, mas vai mudar, vai evoluir e estará intrinsecamente ligada aos processos financeiros”, explica Lucas Ribeiro, sócio-diretor da ROIT.
Assim como Laudelino Jochem, Lucas Ribeiro também acredita que, nesse novo contexto, os contadores passarão a ficar responsáveis pelas atividades mais estratégicas e analíticas e menos operacionais.
O vice-presidente do CRCPR afirma que tem uma parcela de profissionais da contabilidade que ainda não se atentou que é preciso estar disposto à mudança e, para esses, a tecnologia acaba parecendo um problema. Mas, dá um conselho para a classe contábil:
“É preciso tomar consciência que a mudança faz parte da vida profissional, pois quem não a aceita sofre e não consegue realizar grandes voos. Nós, profissionais da contabilidade, como tantos outros, precisamos travar uma batalha para reprogramar nossa mente. Enquanto não mudarmos nossas crenças, não estaremos preparados para enfrentar o novo cenário profissional no contexto da inteligência artificial”, diz Laudelino Jochem.
Uma pesquisa sobre contabilidade, realizada pelo SEBRAE, aponta que 61% dos clientes pagaria algo a mais se o contador passasse a prestar um serviço de consultoria. “Isso representa inclusive uma oportunidade para os profissionais de contabilidade redirecionarem suas carreiras e lucrarem muito mais. As tarefas do dia a dia devem ser feitas pela Inteligência Artificial, e aos contadores as análises e estratégias que agregam valor aos clientes”, afirma Ribeiro. Na ROIT, o robô contador faz o trabalho de mais de 30 contadores, mas isso não significou desemprego. “Inclusive contratamos mais 100 profissionais desde o início do desenvolvimento do ROIT Bank, com salários acima da média nacional”, ressalta.
Atualmente, o Brasil conta com mais de 517 mil profissionais da área de contabilidade em plena atuação, segundo levantamento realizado pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC), em abril deste ano.