A água, recurso essencial para a vida e para o desenvolvimento econômico, tem sido alvo de crescente preocupação no Brasil. A escassez hídrica, agravada por mudanças climáticas e práticas de gestão inadequadas, representa um dos maiores desafios do país.
Nosso país, detentor de uma das maiores reservas de água doce do mundo, paradoxalmente enfrenta sérios problemas de abastecimento em diversas regiões. O Sudeste, por exemplo, concentra a maior parte da população e da atividade econômica do país, e enfrenta desafios como a redução dos níveis dos reservatórios e a crescente demanda por água. A crise hídrica de 2014/2015, que afetou principalmente o Sistema Cantareira, evidenciou a vulnerabilidade da região. Dados recentes indicam que a recuperação dos reservatórios tem sido lenta, e novas medidas de gestão são necessárias para garantir o abastecimento futuro.
O Nordeste, historicamente marcado por longos períodos de seca, enfrenta desafios como a desertificação, a salinização de aquíferos e a irregularidade das chuvas. A construção de grandes obras hídricas, como as transposições do São Francisco, tem sido controversa e não resolveu completamente o problema da seca na região.
Já o Norte, com a maior bacia hidrográfica do mundo, a Amazônia, possui abundância de água. No entanto, o desmatamento, a mineração e a poluição industrial têm degradado os recursos hídricos, impactando a biodiversidade e a qualidade de vida das populações ribeirinhas. Dados do Instituto Socioambiental (ISA) mostram que a taxa de desmatamento na Amazônia aumentou nos últimos anos, colocando em risco a disponibilidade de água para as futuras gerações.
A escassez hídrica gera uma série de problemas, impactando diretamente a economia. Secas prolongadas podem levar à redução da produção agrícola, ao fechamento de indústrias, à perda de empregos e à diminuição do PIB. No Nordeste, por exemplo, a seca de 2021 afetou a produção de frutas e hortaliças, impactando o abastecimento e a renda dos agricultores. No Sudeste, a crise hídrica de 2014/2015 levou ao racionamento de energia e à redução da produção industrial.
É fundamental que empresas, governos e sociedade civil trabalhem em conjunto para garantir a gestão sustentável dos recursos hídricos. A adoção de práticas de economia de água, a reutilização de efluentes e o investimento em tecnologias eficientes são medidas essenciais para garantir a segurança hídrica e o desenvolvimento econômico do país.
Soluções como a agricultura de precisão, a reutilização de água, a captação de água da chuva e a educação ambiental podem contribuir significativamente para a resolução da crise hídrica. Além disso, é fundamental investir em infraestrutura de saneamento básico, proteger as áreas de preservação ambiental e promover a participação da sociedade na gestão dos recursos hídricos.
Um futuro sustentável depende da água. Ao adotar práticas mais sustentáveis em nosso dia a dia e cobrar ações dos nossos representantes políticos, podemos contribuir para a preservação desse recurso vital para as futuras gerações.
Felipe Mendes – Head de Growth da T&D Sustentável, greentech do segmento de “Construção Civil e Sustentabilidade” que tem como propósito desenvolver tecnologias e serviços totalmente focados no combate ao desperdício de água.