A história mostra que momentos de crise são impulsionadores para companhias de seguros
POR: Rafael Giuvanusi – Literal Link
Diante do cenário atual, estamos iniciando um novo tempo onde os valores materiais e, principalmente, os imateriais passam a ser foco no que tange a sua efetiva proteção.
O mercado segurador, baseando-se no princípio da solidariedade (entre outros) possui uma função social muito importante, que é a de proteger a sociedade com relação a seus bens e, num segundo momento, evitar que sonhos se desfaçam.
Para tanto, como já era de se esperar, e com a sensibilidade que o cenário requer, boa parte das companhias seguradoras estão desconsiderando cláusulas de exclusão de cobertura, nos seguros de vida, referente a epidemias e pandemias, num gesto ímpar em prol da sociedade, de sabedoria e humanidade, além de um movimento comercial preciso.
Toda crise gera reações, mas crises como a que está ocorrendo agora geram mudanças de comportamento e reavaliações de princípios e valores. Como diria o ditado: é na freada da carroça que as melancias se ajeitam.
A Covid-19 trouxe ao mundo uma maior consciência sobre o dever de cuidado, a atenção aos detalhes em prol da coletividade e a obediência das normas para o bem comum. Isso tudo se traduz, pelo menos em parte, em evolução de mindset da sociedade.
E o que isso tem a ver com o ramo securitário ?
Tudo. O setor de seguros se desenvolve na medida em que as necessidades humanas vão surgindo. Afinal, o seguro surgiu após o grande incêndio de Londres de 1666, onde milhares de imóveis foram consumidos pelo fogo durante cinco dias ininterruptos, sendo necessários cerca de 50 anos para sua completa reconstrução. Ademais, o seguro de veículos surgiu após o aumento na quantidade de veículos nas estreitas vias e da relação “condutor x pedestre” no início do século XX. Em ambos os casos se visualizou uma necessidade de proteger os bens materiais e a vida.
Neste prisma, olhando o copo meio cheio, a atual pandemia pode ser até benéfica para o setor securitário, haja vista o surgimento de uma necessidade que pode culminar com a criação de novos produtos.
Já no enfoque social, sempre analisando o aspecto mais otimista, o ser humano necessariamente evoluirá na ciência/medicina, no fator humano (cuidado, solidariedade e amor), mas também no aspecto econômico, no sentido de perceber e dar mais valor à proteção de seus bens, sejam eles materiais ou imateriais, cabendo ao mercado segurador adequar ou inovar produtos para suprir esta nova demanda.
—
ANDRÉ LUIS BORSATO é advogado empresarial e integra a equipe de Seguros do escritório Rücker Curi Advocacia e Consultoria Jurídica.