“O paciente que fuma, antes de mais nada, deve estar motivado a parar de fumar”, diz a médica especialista em cirurgia de cabeça e pescoço, dra. Debora Vianna
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, o tabaco mata mais de 8 milhões de pessoas por ano. Mais de 7 milhões dessas mortes resultam do uso direto desse produto, enquanto cerca de 1,2 milhão é o resultado de não-fumantes expostos ao fumo passivo.
A OMS afirma ainda que cerca de 80% dos mais de um bilhão de fumantes do mundo vivem em países de baixa e média renda onde o peso das doenças e mortes relacionadas ao tabaco é maior. O tabagismo tem relação com vários tipos de câncer além do de pulmão, como: cavidade oral, laringe, faringe, esôfago, estômago, pâncreas, fígado, rim, bexiga, colo do útero e leucemias.
Entre aqueles que fumam há muitos anos, há quem diga que não vale a pena parar, pois o dano já estaria feito. Não é o que informa a especialista em cirurgia de cabeça e pescoço, dra Debora Vianna.
“10 anos após cessar o tabagismo, o fator de risco para o cancer de cabeça e pescoço reduz para quase o mesmo do não tabagista; alem disso, em relação ao pulmão, quando se cessa o tabagismo, para a agressão pulmonar, melhorando o DPOC (doença pulmonar obstrutiva cronica)”.
Os prejuízos do tabagismo são cumulativos: quanto mais tempo uma pessoa fuma maior será o seu risco de vir a sofrer doenças que poderão levá-la à morte.
Os benefícios para quem larga o cigarro, por sua vez, começam a serem sentidos rapidamente: 20 minutos após a última tragada, já se observa a regularização dos batimentos do coração. Dez anos sem fumar significam reduções importantes nos riscos de infarto, derrame e câncer de pulmão.
“O cancer é um fator de predisposição à mutação, sendo um fator de risco; porém nosso corpo tem barreiras de proteção que matam as células que sofrem mutações, diariamente. Para o cancer ocorrer, é necessário que ocorra a mutação, mas tambem que ocorra a falha nestas barreiras de proteção.”, Dra Debora Vianna.
A especialista em Cirurgia de Cabeça e pescoço acrescenta ainda que é importante fazer campanhas contra o tabagismo, mas que depende muito mais da pessoa querer parar de fumar.
“Campanhas, programas de cessar tabagismo, orientações e conscientização sobre a importância de cessar o tabagismo. O paciente que fuma, antes de mais nada, deve estar motivado a parar de fumar. Existem diversas medicações que auxiliam no tratamento antitabagico, que devem ser prescritas pelo pneumologista ou psiquiatra”.
Hoje em dia virou moda entre os adolescentes e jovens o uso do ‘narguile’, principalmente em tabacarias e festas chamadas de “sociais”. Perguntamos a Dra. Debora Vianna se o uso do narquile pode causar câncer e a resposta foi sim.
“Sim, o narguile, pode causar câncer sim, principalmente câncer no lábio, boca e orofaringe”.
É bom lembrar que 13% de todas as mortes no Brasil são causadas pelo fumo, mais de 161 mil mortes anuais no país. O valor disso chega a R$ 92 bilhões anuais, sendo R$ 50 bilhões em custos diretos, com tratamentos de doenças relacionadas ao tabagismo, e mais R$ 42 bilhões, com perdas indiretas referentes à redução da produtividade por morte ou incapacitação.
*Publicado por Jairo Rodrigues / Colunista