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A tecnologia e a política: o que esperar na corrida eleitoral de 2022

3 Mins read

Por Alessandra Montini*

 Um dos assuntos que vai perdurar no país durante o ano de 2022 é a eleição. Como bons brasileiros, ainda discutiremos muito sobre os candidatos que estão na corrida presidencial, dos governos dos estados, senadores, deputados federais e estaduais.

E você já consegue dar um palpite de quem assumirá os cargos? Eu ainda não consigo visualizar isso, mas os partidos já estão de olho nas possibilidades a partir de várias informações que eles conseguem varrer pela internet.

Diversas companhias já estão processando toneladas de bancos de dados para mapear o perfil dos eleitores. É a partir dessa tecnologia que os candidatos preparam seus discursos e tentam, a todo custo, ganhar votos.

A empresa Stilingue, por exemplo, criou um software que faz uma gestão da imagem dos candidatos, identifica memes e analisa a personalidade dos eleitores. Além disso, o programa consegue detectar os assuntos que são de interesse do eleitorado e, dessa forma, é possível pensar em uma estratégia, inclusive, para convencer os indecisos para o lado de um ou de outro candidato.

Durante uma entrevista para a BBC, o fundador da empresa, Rodrigo Helcer, disse que o software baseado em inteligência artificial permite que seja automatizado um trabalho que antes era bastante operacional em uma escala muito maior. A mudança é comparável com a invenção do microscópio, que permitiu a descoberta de um mundo completamente novo, que antes era invisível.

A tecnologia tem ajudado na estratégia dos políticos não só no Brasil, mas também em outros países. Este é um jeito certeiro para construir as campanhas eleitorais de cada candidato e que economiza tempo dos marqueteiros. Este ano o que não faltará é tecnologia aliada nas eleições.

No entanto, não veremos ela sendo usada apenas para ajudar os partidos com seus candidatos, mas também para confundir as pessoas. Segundo estudo da FGV/DAPP, cerca de 20% das discussões envolvendo política nas redes sociais são motivadas por bots, uma aplicação de software concebido para simular ações humanas repetidas vezes de maneira padrão.

Nas eleições americanas de 2016, foi confirmado que Donald Trump foi eleito com a massiva ajuda de mais de 50 mil robôs. De acordo com informações reveladas pelo Twitter ao governo dos Estados Unidos, contas automatizadas na rede social compartilharam as mensagens do atual presidente americano 470 mil vezes durante os meses finais das eleições dos Estados Unidos.

Os retweets vieram de contas ligadas a grupos russos, que também retweetaram mensagens da candidata Hillary Clinton, mas em um número consideravelmente menor: 50 mil.

Tudo isso pode ofuscar os limites entre fato e fake, afetando os debates e as campanhas eleitorais. Além disso, os candidatos ainda podem usar a IA para difamarem seus opositores, infelizmente.

Por isso, em ano eleitoral, é necessário desconfiar de tudo que recebemos nas redes sociais, principalmente. Por lá, visualizamos correntes, mensagens, áudios ou vídeos ilegítimos, causando pânico na população e que podem, inclusive, colocar vidas em risco. Essas notícias são disseminadas facilmente pela internet e chegam a um grande número de pessoas.

Os deepfakes, por exemplo, são capazes de gerar fotos e vídeos colocando pessoas em cenas e situações onde nunca estiveram antes. De acordo com pesquisa recente da empresa de segurança digital Kaspersky, 66% dos brasileiros não sabem o que é um deepfake, enquanto 7 em cada 10 não saberiam reconhecer um vídeo que tenha utilizado a técnica inovadora.

Existe um modelo de rede neural que também é capaz de clonar a voz em cinco segundos. Por isso, se você receber mensagens dessa maneira, em vários grupos do WhatsApp ou em outras redes sociais, desconfie!

A tecnologia vem para agregar em vários pontos, mas, infelizmente, ela também pode ser usada para fazer o mal. Seguirei sendo uma defensora de todos os avanços tecnológicos que alcançamos até aqui, mas também serei muito crítica quando ela for usada de maneira inapropriada, ainda mais por políticos.

Nesse ano, muita coisa está em jogo. De nada vai adiantar o uso de tantos recursos tecnológicos, como IA, big data, softwares, se o candidato não for bom.

*Alessandra Montini é diretora do LabData, da FIA

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