POR: Ateliê da Notícia
O Banco de Leite Humano da instituição conta atualmente com 274,4 litros de leite materno, quantidade suficiente para garantir certa tranquilidade no atendimento à demanda dos bebês internados na UTI e na UCI no inverno. O início da campanha em abril e o trabalho em home-office das mães durante a quarentena provocada pela Covid-19 contribuíram para garantir o abastecimento do centro de lactação, que não conseguia atingir o limite mínimo necessário de 200 litros desde 2018.
Em janeiro, preocupados com o estoque do seu Banco de Leite Humano que registrava apenas 108 litros – a metade do mínimo ideal para o atendimento dos seus 62 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e Unidade de Cuidados Intermediários Neonatal (UCI) -, o Hospital Maternidade de Campinas decidiu antecipar a campanha de doação de leite materno. O medo era chegar no outono sem o volume necessário para enfrentar os meses mais frios quando, geralmente, aumentam as internações de recém nascidos por problemas respiratórios. Ainda mais com o enfrentamento da pandemia do novo coronavirus.
A estratégia foi bem sucedida, e antes de chegar ao “Agosto Dourado”, mês que simboliza a luta pelo incentivo à amamentação, o estoque registra 274,4 litros de leite materno no Banco de Leite Humano do Hospital Maternidade de Campinas, quase 40% a mais do mínimo necessário para o atendimento da demanda esperada para o período.
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“Os estoques estavam muito baixos, quase a metade do necessário e temíamos com a chegada da pandemia do novo coronavírus ao Brasil. Assim, em abril iniciamos uma ampla campanha de arrecadação e estamos vendo, a cada mês, o aumentando gradativo do estoque. Muitas das doadoras que voltam a trabalhar após a licença-maternidade deixam de realizar a ordenha por não terem um local apropriado no trabalho para a retirada e para o armazenamento correto do leite. Em casa, o processo é muito mais simples. Para se ter uma ideia, apenas no “Agosto Dourado” de 2018 conseguimos chegar aos 200 litros. Sempre estamos trabalhando com volumes bem abaixo disso”, explica Olivia Fávaro.
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Justamente pela verificação da real possibilidade de manter os estoques do Banco de Leite Humano nos níveis desejados é que a campanha não pode parar. E pela importância de conscientizar as mães sobre a necessidade da amamentação, principalmente para o bebê. A cor dourada do mês de incentivo à amamentação está justamente relacionada ao “padrão ouro” de qualidade do leite materno.
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O “Agosto Dourado” foi instituído por lei no Brasil em 2017, mas o Hospital Maternidade de Campinas já se preocupava com essa questão desde 1993, quando inaugurou as atividades do Banco de Leite Humano. Em 2020, a Semana Mundial do Aleitamento Materno acontecerá de 1º a 7 de agosto. O lema deste ano, definido pela Aliança Mundial para Ação em Aleitamento Materno, será “Apoie o Aleitamento Materno por um Planeta Saudável”.
Para doar
Para ser doadora é necessário que a mulher seja saudável, que esteja amamentando o próprio filho e que tenha uma produção excedente de leite após a mamada. O primeiro passo é fazer o agendamento prévio para o cadastramento e realização do exame pelo telefone (19) 3306-6039. Tudo é gratuito.
As doadoras só precisam ir ao hospital uma única vez para realizar o exame de sangue para a verificação de sorologias de Sífilis, Hepatites B e C, doença de Chagas, HTLV (Vírus Linfotrópico da Célula Humana) e HIV (Aids). A coleta é feita nas residências, uma vez por semana. São atendidas também doadoras que moram em municípios vizinhos. No entanto, como o Banco de Leite utiliza o único veículo disponível para todos os demais setores e serviços do hospital, é priorizada a coleta em municípios onde haja mais de uma doadora.
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Sempre houve cuidado extremo na coleta do leite materno. Agora, no entanto, os cuidados estão redobrados diante da pandemia da COVID-19. As doadoras estão sendo orientadas a reforçarem os cuidados com a higiene das mãos e dos frascos, a usarem as toucas e máscaras fornecidas semanalmente pelo próprio hospital e a não coletarem o leite caso tenham qualquer sintoma de gripe, resfriado ou mesmo tosse, assim como ninguém da residência pode apresentar esses sintomas. “A doadora tem que ser e estar saudável para a realização da coleta”, informa Olívia.
“As doadoras são orientadas a nos comunicar imediatamente caso apresentem algum sintoma respiratório, tosse, resfriado ou gripe para a interrupção imediata da coleta. Todas as semanas, antes de coletarmos os frascos nas residências, telefonamos para a doadora para saber se ela, o bebê e todos na residência estão saudáveis. Somente então a coleta é efetivada e entregue o novo kit com o frasco de armazenamento, touca e máscara, para a maior segurança de todos. Todo o leite coletado passa pelos mais rigorosos processos de pasteurização e análise da qualidade antes de servir como alimento para os bebês internados”, esclarece.
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Coronavírus
Até o momento da publicação da Nota Técnica Nº 5/2020 pela Secretaria de Atenção Primária à Saúde, do Ministério da Saúde, não havia evidências sobre a transmissão do coronavírus através da amamentação, e considera-se prudente manter as doações. E, por segurança, o Ministério da Saúde determina ser “contraindicada a doação de leite humano por mulheres com sintomas compatíveis com síndrome gripal, infecção respiratória ou confirmação de caso de SARS-Cov-2 e também as que tenham contatos domiciliares de casos com síndrome gripal ou caso confirmado de SARS-Cov-2”.