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As dificuldades do empreendedorismo negro no Brasil

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Problemas para obter acesso a crédito e carência de apoio na administração de negócios são obstáculos do afroempreendedorismo, afirma estudo da PretaHub

Dificuldades em obter acesso a crédito e em gerir finanças, bem como a carência de apoio no planejamento e administração de negócios, são os principais desafios enfrentados pelos empreendedores negros. O dado é do estudo Empreendedorismo Negro no Brasil, realizado pela aceleradora de empresários negros PretaHub, da Feira Hub, em parceria com a Plano CDE — empresa de pesquisa e avaliação de impacto, especializada nas famílias CDE, do Brasil — e JP Morgan — instituição focada em serviços financeiros.

Entre os empresários afro entrevistados pelo levantamento da PretaHub, 81% identificam-se como pardos ou mulatos e 18%, como negros. Do total, 52% são mulheres. Além disso, 40% estão localizados no Sudeste do Brasil; 31%, no Nordeste; 12%, no Centro-oeste; 11%, no Norte; e 6%, no Sul. A pesquisa aponta que 37% possuem renda entre R$ 2 mil e R$ 5 mil. E 72% consideram que abrir um negócio próprio é mais vantajoso do que estar no mercado de trabalho.

Segundo a pesquisa, os empreendedores negros estão divididos em três perfis, de acordo com suas motivações para empreender. Os da categoria Necessidades (34%) são aqueles motivados a entrar no mundo dos negócios porque precisam do dinheiro ou estão desempregados. O empreendimento, muitas vezes, conta com familiares e amigos como parceiros e não é formalizado. “O empreendedor por necessidade é aquele que se vira. Não necessariamente ele vai empreender em negócios que são cruciais para a demanda, porém, vai empreender com aquilo que sabe fazer e com o que tem em mãos, sem muito planejamento”, explica Adriana Barbosa, CEO da PretaHub. Dos negros que optaram em empreender por necessidade, 46% abriram um negócio próprio por falta de emprego e 83% não possuem funcionários ou parceiros.

Já a categoria Vocação (35%) inclui os negros com familiaridade com atividade empreendedora. Grande parte das pessoas, que integram esse perfil, possui registro de Microempreendedor Individual (MEI), por necessidade de estabelecer contratos de prestação de serviços. Para a profissional, fatores como falta de conhecimento sobre institucionalização, carga tributária, carência de planejamento incitam o desejo de negros tornarem-se autônomos. “Tem muita gente qualificada e especializada, mas que o mercado de trabalho não absorveu. E, em alguns casos, os jovens, que passaram por algum processo de discriminação no ambiente de trabalho e não toleram mais ambientes racistas, resolvem empreender”, explica. A maioria daqueles enquadrados no perfil Vocação (51%) sempre quis empreender, 85% viram suas rendas crescerem e 95% têm planos de ampliar a empresa em um ano.

A categoria Engajamento (22%), por sua vez, concentra negros com desejo de empreender e vontade de exercer uma atividade auto afirmativa, voltada para o público afro. A maioria dos negros dessa segmentação é formalizada. “Somos maioria negra por um processo de auto declaração. Logo, queremos e vamos procurar por produtos que atendam às nossas necessidades e reforcem a negritude”, diz Adriana. “Prova disso foi o processo de transição capilar das mulheres negras, que não querem mais alisar os cabelos. Hoje, a maioria das empresas tem opções para negros”, adiciona. Para 31% dos engajados, a maior qualidade do empreendedor é a chance de articular a cultura e seus produtos. E, 35% dos negros desse perfil trabalham com negócios ligados à inovação. Os outros 9% possuem perfil misto.

O estudo ainda aponta que 58% dos empresários negros separam o dinheiro do negócio  e o do orçamento da casa. No entanto, 57% daqueles que empreendem por necessidade organizam o valor arrecadado junto com o da residência. Além disso, as redes sociais são a principal ferramenta de venda dos afroempreendedores: 45% usam o WhatsApp; 32% utilizam outras redes, como Instagram e Facebook; e menos da metade aposta em e-commerces (21% em sites e blogs próprios e 20% em marketplaces).

Adriana destaca serviços, tecnologia, negócios e economia compartilhada, beleza, moda, lifestyle, audiovisual, games, livros, decoração e construção civil como setores que serão, no futuro, tendência, dentro do empreendedorismo negro brasileiro. “Mais para frente, não acho que tenhamos menos dificuldades. Acho que as dificuldades serão outras, de outra ordem, à medida que acessamos outras coisas. Como uma caixa de pandora, que passa a ser irreversível”, afirma.

Confira infográfico com alguns outros dados do estudo Empreendedorismo Negro ano Brasil:

Metodologia
O levantamento Empreendedorismo Negro no Brasil levou em consideração a resposta de 1.220 pessoas — 918 negros e 302 brancos –, de todas classes sociais, entre 18 e 70 anos, distribuídas pelo País. Foi realizado entre julho e setembro deste 2019.

*Crédito da foto no topo: Pixabay/Pexels

Fonte: Meio&Mensagem

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