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Moeda Forte

Um período de transição para o mercado de contêineres

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Previsões para 2019 são desafiadoras, mas apontam novos caminhos

Considerando o setor de comércio exterior marítimo, em particular as empresas de navegação e terminais envolvidos na exportação e importação de mercadorias conteinerizadas, verificamos que 2018 foi um ano de transição. A expectativa era de continuidade da recuperação que começou no final de 2017, porém com a ressalva de que 2018 seria um ano de eleições. Isso significou uma retenção de investimentos, que agora poderão ser retomados. O resultado das eleições trouxe um viés potencialmente mais positivo para investidores, o que ainda precisa se concretizar.

Neste mesmo período, as empresas de navegação completaram um ciclo importante de fusões, reduzindo o número de players significativamente, se compararmos com o cenário há três anos. Se em 2015 eram 26 grupos independentes, hoje esse número está em 15. Oito empresas foram compradas, enquanto duas pararam de operar no Brasil e uma faliu globalmente.

Para alguns especialistas, ainda existe espaço para maior consolidação.  Considerando que das 15 que operam no Brasil, as top 5 detêm quase 90% do mercado, é muito factível que um dos outros 10 seja absorvido. Boa parte destes 10 atua em mercados nicho, o que talvez não seja tão atraente para os maiores players, que têm mais interesse nos pequenos armadores que operam em mercados tradicionais.

Exportadores e importadores não estão totalmente satisfeitos com o serviço que a consolidação dos armadores tem gerado, especialmente na rota do extremo oriente, onde a diminuição no número de serviços gerou fretes mais altos e falta de espaço ocasional em alguns navios. Restrições internacionais impostas por alguns países nessas rotas levaram à obrigatoriedade de mudança nas configurações dos serviços, o que gerou uma expectativa entre os terminais de contêiner, que lutaram para conquistar os contratos desses serviços. As publicações recentes dos armadores já revelaram os vencedores e perdedores desses contratos.

O setor de terminais de contêiner também tem visto uma consolidação global, dividida entre grupos que têm uma participação societária importante de armadores e grupos independentes. Tem sido interessante observar até que ponto os serviços dos armadores têm escalado nos terminais onde detêm participação, e até onde a força da situação do mercado fala mais alto.

Todas essas transformações tornam as previsões para 2019 desafiadoras, porém com alguns indícios interessantes. Isso tanto para as empresas de navegação e terminais como para o segmento de provisão de dados. Atualmente, muitas pessoas defendem que os dados devam ser gratuitos. O que nem sempre fica claro é que existe um custo para entregar aos clientes informações confiáveis, estruturadas e analisadas. É preciso abordar este tema com transparência e explicar que existe uma grande diferença entre os dados analíticos daqueles que são apenas coletados.

Empresas sérias, que trabalham na produção de análises robustas, têm investido cada vez mais em novas tecnologias para as áreas de desenvolvimento e conhecimento de mercado. O objetivo é coletar, cruzar informações e disponibilizá-las, de acordo com todas as normas de compliance, gerando relatórios que atendam às necessidades dos clientes.

Neste cenário, é fundamental que os players saibam de quem estão contratando as informações, pois há provedores de dados que se utilizam de fontes duvidosas. A orientação é que busquem empresas consolidadas no mercado, que trabalhem dentro dos limites estabelecidos pelas leis que regem a publicação de informações.

Andrew Lorimer

Se de um lado defendemos mais transparência das fontes utilizadas nas pesquisas e previsão de dados, por outro esperamos do governo mais segurança das informações que estão sob seu controle. Só assim, podemos evitar que dados estratégicos sejam compartilhados de maneira equivocada por instituições que colocam seu interesse particular acima dos benefícios do setor.

(*) Andrew Lorimer é diretor da Datamar

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