Carnaval brasileiro possui anuência popular e status, abrange todas as regiões do país e classes sociais, movimenta cerca de 30 bilhões em um período médio de 7 dias
POR: Rodrigo Lico
Se pesquisarmos o surgimento do carnaval, trata-se de um festival oriundo do cristianismo ocidental, que ocorre antes da quaresma, durante o mês de fevereiro ou no inicio do de março. As comemorações com mascaras e fantasias surgiram em 1890, na cidade de Paris e de lá se expandiu para o mundo. O primeiro estado do Brasil a adotar a festa foi o Rio de Janeiro em 1983, onde se construiu o Sambódromo da Marquês da Sapucaí, de autoria do arquiteto Oscar Niemeyer. A partir desse marco tem inicio a formação das primeiras escolas de sambas e a criação do padrão de desfilar em uma avenida, com carros alegóricos e fantasias. Padroniza-se então o formato que conhecemos, as “alas” como bateria, mestre-sala e porta bandeira, samba enredo, etc.. A partir daí forma-se também a comissão julgadora, composta por um corpo técnico, que avalia o melhor desfile através atribuição de notas que variam de 0 a 10 e assim elege-se a melhor escola de samba.
Os estados que promovem os eventos mais colossais e suntuosos são: Rio de Janeiro, Bahia e São Paulo. Com a maior parte do orçamento desses desfiles e apresentações é oriunda da iniciativa privada, da qual pertence a maior fatia as marcas de cervejas. Em ampliação constante a cada ano camarotes elitizados são promovidos, cujo valor do ingresso (conhecido como abadá), tem uma variação de custo de R$ 1.500 à 350 mil (espaço empresarial adquirido por cotas), para cada dia dos desfiles ou apresentações musicais. Encontram-se simultaneamente ingressos com valores inferiores, que partem de R$ 80, mas não possuem a mesma infraestrutura e localização privilegiada, tão pouco tem disponível aos seus frequentadores serviços vips e exclusivos como transfer e buffet completo, com pratos variados e bebidas diversas.
Existem também os blocos de rua, e seus trios elétricos com acesso gratuito, para atender a população mais carente e menos desprovida financeiramente. A cidade de São Paulo, por exemplo, promoveu a apresentação de quase mil blocos de rua. A maioria dos frequentadores são os jovens que possuem faixa etária entre 15 a 30 anos. Nestes blocos o ritmo musical predominante é o axé, mas os organizadores e promotores vem inovando e também aderiam a ritmos como: funk, sertanejo, eletrônico entre outros.
Embora existam divergências e parte da sociedade, como determinadas religiões sejam contra a realização do carnaval, por considerarem uma festa profana, com conotação sexual e erótica, que amplia o consumo de drogas licitas e ilícitas, induz a gravidez precoce e consequentemente a transmissão de doenças sexuais é inegável que durante os dias de realizações das apresentações de carnaval, o setor de turismo se aquece e tem sua segunda maior movimentação, perdendo apenas para o período de réveillon. Os hotéis chegam a ter 98% de ocupação e estimasse que movimentasse um faturamento próximo a R$ 30 bilhões, no decorrer de um prazo médio de uma semana.
A cobertura e divulgação da mídia são abrangentes, a maior parte dos meios de comunicação transmitem ao vivo os desfiles, blocos e shows, com temas que vão desde religião até a cultura oriental e expressam protestos e elogios. Em síntese o carnaval se tornou um patrimônio cultural, que reúne entidades, instituições e todas as camadas da sociedade e públicos diversos e plurais de todas as religiões, idades, gêneros, raças, etnias, cores e classes sociais.
As empresas privadas, instituições, corporações, organizações, conglomerados e o poder público não abrem mão dessa valiosa geração de receita e de atuar durante esse período, para difundirem suas ideologias e divulgarem seus produtos e serviços. Você pode ser contra ou a favor das festas e comemorações durante o carnaval, mas é incontestável que este espetáculo festivo eternizou-se como um dos três principais eventos populares, que resiste com o passar dos séculos e se propaga massivamente, ampliando-se a cada ano, a exemplo do réveillon, futebol e as doutrinas laicas religiosas, que reúnem milhões, batendo recordes de participação popular e lucros estratosféricos.
*Rodrigo Lico é graduado em Publicidade e Propaganda; jornalista diplomado; pós-graduado em Comunicação Organizacional; colunista editorial; comentarista e analista politico e econômico; estrategista em comunicação, mídia e marketing nos meios de comunicação; coach em formação, consolidação e consagração de imagem pessoal e institucional e digital influencer
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