Depois de uma bem sucedida carreira no competitivo mercado publicitário, onde atuou por 20 anos, Gustavo Pereira se dedica a uma antiga paixão: o mundo maravilhoso da gastronomia, encantando seus clientes com muita criatividade e talento na cozinha.
POR: Roberto Rodrigues
Sua paixão pela gastronomia levou você a abandonar a publicidade? Por quê?
Sou formado em publicidade e propaganda há vinte anos e trabalhei nas maiores agências nacionais e internacionais com os maiores clientes e anunciantes do Brasil. Acompanhei de perto a construção de marcas e produtos e trabalhei com todos os segmentos possíveis. Trabalhando junto aos maiores criativos, contribui em campanhas memoráveis que até ganhamos Cannes.
A publicidade foi uma carreira sólida e duradoura até a gastronomia voltar em minha vida com força. Como não me aventurava na cozinha desde os dezoito anos, decidi tê-la como hobby e válvula de escape, fazendo alguns cursos de gastronomia em São Paulo no paralelo ao mundo da publicidade. A paixão foi fortalecendo e aos poucos eu já não me via mais em um escritório, e sim em uma cozinha: não queria mais ser criativo para as marcas e sim para criar novos pratos. Três anos mais tarde, decidi abandonar tudo e estudar na França, o berço da gastronomia mundial.
Hoje, como você usa sua visão de publicitário dentro da sua empresa?
Durante um tempo achei que para construir a imagem de Chef deveria matar a de publicitário, mas isso foi um engano: um diferencial que tenho é ser um Chef “publicitário” que trata a cozinha de forma criativa.
Com base nisso, montei um buffet de eventos de alta gastronomia depois que voltei da França, o qual pega os briefings com os clientes da mesma forma como atua uma agência, e apresento o cardápio sob medida como se fosse uma campanha. O intuito é encantar, e tudo é muito pensado para que o evento do cliente seja especial. Em geral, a melhor experiências gastronômicas do cliente vem de suas memórias afetivas na cozinha.
Sabemos que a gastronomia é um mercado muito concorrido e que na última década inflou muito por conta de um modismo nas universidades. Qual foi a sua estratégia para desviar do convencional e ganhar seu espaço?
Existe muita gente excelente no mercado claro da culinária, mas tento não pensar na concorrência – trago a minha verdade. Tudo o que experimentei pelo mundo, todas as minhas referências e repertório foram traduzidos numa cozinha autoral, de vanguarda.
Minha ideia é colocar de lado as comidas “burocráticas” presentes em muitos eventos, levando a eles o prazer de comer cada prato. Quero construir a experiência do menu degustação pensado e bem elaborado para dentro desses eventos.
Como surgiu a Partager? Explique o motivo do nome.
O nome me surgiu em uma viagem a Tóquio. Na época estava tentando maturar um nome para a minha volta e, andando pela cidade, cruzei com a palavra escrita em um cartaz. Foi quase uma epifania porque a palavra significa compartilhar, dividir, e era exatamente o que eu queria fazer na minha volta: compartilhar e dividir todo o conhecimento que aprendi, as experiências de viagens que tive, os sabores novos que me foram apresentados pelos restaurantes.
Sendo de origem francesa, ela ainda possui o vínculo com o local onde eu definitivamente virei a minha chave profissional.
Quantos eventos você faz por mês e que tipo de público você atinge?
A empresa tem aumentado seu número de eventos – no último, por exemplo, foram quinze. Para uma empresa que tem oito meses e que traz um cardápio diferente a cada evento, é um desafio muito interessante.
O público é variado (pessoas físicas e jurídicas), mas com uma coisa em comum: um público que busca o sabor mas quer experimentar novos ingredientes e combinações – afinal, a cozinha que cativa também pode surpreender.
Quais as principais marcas que você trabalha hoje? Você trouxe algum cliente da Publicidade?
Da publicidade não trouxe clientes porque são atuações diferentes, mas durante minha estadia em Paris fomentei as minhas redes sociais e preparei o mercado para a minha volta. Quando voltei para o Brasil fiquei surpreso ao ver que já existia uma certa rede de clientes cuja força eu nem sabia.
É claro que nesse ramo não há publicidade em meios de comunicação, e sim o boca a boca de clientes. Aos poucos esse boca a boca foi fortalecendo a marca e hoje é naturalmente o grande meio de comunicação. Quem vai em um evento tende a fazer a referência.
As marcas que atendo hoje vem desse boca a boca e algumas curiosamente vieram espontaneamente do Instagram (as pessoas também comem com os olhos!). Atualmente faço eventos da Qatar, Pandora, Swarovski, Gaggenau e Copagaz, por exemplo.
Como você pretende ampliar seu business nesse mercado? Pensa abrir um espaço físico ou apenas atender eventos?
Ainda é cedo em falar em um espaço físico. Pessoalmente não descarto a possibilidade, mas a ideia por enquanto é continuar no mercado de eventos e criar cada vez mais novas experiências gastronômicas com as marcas.
Agora em agosto participarei do Taste of São Paulo no estande da Copagaz, fazendo ativação da marca com os clientes através de aulas com receitas que servimos nos nossos eventos. Vou também dar um curso fora da caixa para os alunos da Faculdade das Américas (FAM) na disciplina mais criativa da gastronomia, que é o Garde Manger – a ideia é fazer os alunos pensarem de forma diferente, que afinal foi um pouco o que eu fiz em Paris.
Em paralelo a tudo isso também tenho os brigadeiros, que surpreendentemente viraram um negócio à parte: desenvolvi uma receita de infância do brigadeiro que é quase uma mousse – derrete na boca. O negócio quase tomou vida própria e hoje faço vendas normais e mesmo personalizadas para as marcas darem de presente aos seus clientes. Os próprios brigadeiros acabaram entrando em alguns eventos e marcando a Partager.
Você terá um canal no youtube. Sempre foi de sua vontade ser apresentador ou é mais uma ferramenta de divulgação do seu trabalho?
Acho que estou juntando o útil ao agradável: gosto de me expressar, sou curioso e quero divulgar as minhas receitas – e ao mesmo tempo quero saber o que as pessoas gostam de comer. Assim, vou estrear no próximo mês um canal em que cozinho minhas receitas com celebridades, influenciadores, empresários e jornalistas. É uma oportunidade em que as pessoas comentarão sobre a gastronomia em suas vidas.
O legal que já passou gente interessante, eclética e divertida pelo canal. Espero que se torne mais que um ponto de contato com os meus clientes e seguidores – que se torne também uma ferramenta de consulta e entretenimento. Quero gerar conteúdo e que as pessoas possam se divertir com as entrevistas e ver seus ídolos na cozinha pondo a mão na massa. Vai ser divertido.
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