POR: Celso Oliveira | ModoCon Comunicação
Com a atual pandemia, os apaixonados por futebol ficaram alguns meses sem ver a bola rolando. Contudo, para alegria de muitos brasileiros – eu me incluo aqui – tivemos o retorno do Campeonato Brasileiro de futebol agora no começo do mês de agosto.
Fazendo uma rápida pesquisa em alguns sites de notícias especializados e programas esportivos na televisão, percebi que cada vez mais os dados estão sendo usados para embasar opiniões, ilustrar melhor os fatos ocorridos nos jogos realizados e até para ajudar na tentativa de prever o que vem pela frente.
A análise de dados ou Analytics, como é chamado lá fora, já há algum tempo é bastante utilizada por ligas e equipes de vários esportes em todo o mundo. Os torcedores americanos, por exemplo, adoram ver as estatísticas dos jogos, seus times e jogadores. Da mesma forma, os profissionais que trabalham nas comissões técnicas dos times e seus dirigentes fazem uso dos dados para tomar decisões importantes como escalar ou não um atleta em uma partida e até para ajudar a definição de negociação de jogadores.
No Brasil, nos últimos anos, está ocorrendo um maior uso de dados pelos jornalistas e comentaristas esportivos para uma leitura mais realística dos jogos de futebol e isso tem contribuído para que os aficionados do esporte também se tornem cada vez mais interessados por números e estatísticas. Hoje, é comum vermos nas análises dos jogos, dezenas de dados sobre equipes e jogadores como números de acertos e erros de passes, chutes a gol, roubadas de bola etc.
Já com relação às equipes de futebol profissional, houve um aumento da utilização de tecnologias para melhorar o desempenho dos times. Muitos deles profissionalizaram suas estruturas, criando áreas específicas de análise e contratando profissionais especializados em extrair informações relevantes dos dados coletados de treinos e, principalmente, partidas oficiais. Isso é o que chamamos de análise de desempenho.
Com ajuda de softwares que analisam e permitem a visualização de enormes volumes de dados, os profissionais das comissões técnicas ganharam um ótimo recurso para dissecar partidas através de números. Assim, podem analisar melhor, taticamente, seus times para planejar como jogar, além de ter acesso a informações dos adversários.
A tecnologia tornou-se uma aliada dos times. Milhares de dados podem ser compilados durante os 90 minutos dos jogos de futebol, possibilitando à comissão técnica uma análise mais assertiva de estatísticas individuais e coletivas, inclusive do time oponente. Com isso, é possível saber, dentre outros dados relevantes para a tomada de decisão, quanto cada jogador percorreu de distância, média de posse de bola e quais partes do campo os atletas mais ocuparam nos jogos.
Na Europa e nos Estados Unidos, o Analytics já faz parte do cotidiano dos times. Por aqui, a adoção de tecnologias computacionais para ajudar a melhorar o desempenho de atletas e equipes como um todo está em evolução. Tenho visto cada vez mais dirigentes de clubes brasileiros interessados em adotar a tecnologia como um diferencial competitivo.
Isso é ótimo para o nosso futebol não ficar muito atrás do europeu, principalmente, afinal alguns times – e seleções – locais já fazem uso de recursos analíticos para obterem melhores resultados. Lá, a tecnologia está sendo muito utilizada para aprimorar a preparação e acompanhamento dos jogadores e até para diminuir riscos de lesões dos atletas.
Mesmo com todos os benefícios que o Analytics proporciona, a tecnologia ainda pode causar um certo receio em algumas pessoas. Para quem acha que tudo isso pode acabar tirando a graça da imprevisibilidade dos resultados dos jogos de futebol, não precisa se preocupar.
A tecnologia está aí para ajudar a melhorar os aspectos físicos, táticos e técnicos. Os dados não ganham as partidas. A função do Analytics é, essencialmente, para ajudar na etapa de preparação. O fator humano continua e continuará sendo o diferencial para as equipes definirem os jogos. Sempre haverá a possibilidade de os times considerados mais fracos arrancarem um empate ou mesmo ganhar do seu oponente. Essa imprevisibilidade é o que nos faz ser apaixonados pelo futebol.
E para você, quem vai levar o próximo Brasileirão? Que vença o melhor!
*Celso Oliveira é diretor geral da MicroStrategy Brasil