Danilo Veloso, fundador da Escola do Intercâmbio, fala sobre sua motivação e planos para o setor
O setor de intercâmbios sempre foi um mercado promissor, mas nem sempre dispôs de um modelo de negócios favorável. A intermediação das agências no processo, até hoje fortemente presente, traz um alto custo – elevando os preços e fazendo com que boa parte do dinheiro investido fique com os intermediários, em vez de ser direcionado para os consultores e instituições de ensino.
Mudar este cenário pode parecer uma missão difícil, mas é esse o desafio de Danilo Veloso, ex-intercambista e fundador da Escola do Intercâmbio, uma startup que oferece todo o apoio necessário para que o consultor trabalhe de forma independente, aumentando sua remuneração e tornando o intercâmbio mais acessível aos estudantes, devido à eliminação da intermediação das agências. Confira a entrevista:
Quem é Danilo Veloso?
Sou um jovem, negro, da Zona Leste de São Paulo e trabalhei durante toda a minha adolescência como camelô. Sou de origem humilde e me orgulho de ter sido a primeira pessoa da minha família a conseguir estudar no exterior. A jornada não foi fácil. Estudei administração de empresas e consegui um emprego em companhia aérea. Cresci rápido na empresa e, em determinado momento, decidi que era hora de voar mais alto. Então, fui fazer um intercâmbio na Irlanda. Lá comecei a trabalhar em agências de intercâmbio e, pouco tempo depois, fui convidado para fazer parte do time da SEDA College. Em meus anos de experiência no ramo, logo notei a falha no modelo de negócios aplicado no setor de intercâmbios, o que me fez idealizar um projeto que proporcionasse uma opção mais vantajosa a todos os envolvidos.
Como pretende fazer a disrupção no mercado de intercâmbios?
Para iniciar a transformação deste cenário, decidi criar a Escola de Intercâmbios, uma plataforma voltada para a preparação de consultores para o mercado, com a possibilidade de ganharem até três vezes mais. Nela, será disponibilizado um programa de formação em vendas, marketing e estruturação do negócio, a fim de que esse profissional, tendo experiência ou não, esteja apto a operar no mercado de intercâmbios.
A ideia é criar um relacionamento mais próximo entre eles, os estudantes e as instituições de ensino, sem que tenha que pagar as taxas do serviço de uma agência, conseguindo comprar pacotes mais baratos. Quero trazer para o mercado, um modelo de negócios inovador, assim como o Uber e o Airbnb.
Com mais autonomia, os consultores poderão obter um retorno financeiro direto por suas vendas, sem passar pelo intermédio das agências. Hoje, um consultor recebe apenas de 1 a 5% do valor investido em um programa de intercâmbio. É muito pouco para uma pessoa tão importante na concretização da venda.
Quais são os principais desafios nesta jornada?
A principal barreira de entrada que vejo é a competição com grandes agências. Estamos incomodando gente muito grande. Além disso, também existe o desafio de cultura, a fim de mostrar aos consultores que o poder está nas mãos deles e não nas das agências. Essa é uma profissão rentável e muito promissora. É preciso assumir sua própria autonomia e gerar negócios para si mesmo e não mais para os outros.
O que te motiva?
Mesmo diante desses desafios, o que mais me motiva é a chance de poder mudar e impactar a vida de outras pessoas. Eu mudei completamente minha perspectiva quando viajei para a Irlanda pela primeira vez. Essa é a sensação que quero proporcionar para muitas outras pessoas. Acredito que tudo isso seja um grande efeito borboleta, onde uma pessoa que impacto, vai acabar impactando muitas outras.
Por que você é a melhor pessoa para fazer isso?
Primeiramente, pela minha história pessoal. Fui o primeiro da minha família a ter a oportunidade de estudar em outro país e, foi graças ao forte apoio dentro de casa que pude trilhar minha jornada profissional. Desde que comecei a trabalhar no ramo, sempre me preocupei em crescer junto com minha equipe. Não seria nada hoje sem a ajuda de todos – não à toa, nosso trabalho árduo na pandemia rendeu resultados excelentes, tendo registrado o recorde de vendas em um período tão difícil para o setor.
Trabalhamos intensamente, sempre visando o crescimento conjunto, mesmo com vários consultores tendo ficado desestimulados. Fico extremamente feliz de tantos profissionais terem confiado em mim para que conquistássemos resultados tão positivos.
Qual é o impacto que você quer causar?
A viagem é minha ferramenta de trabalho. Em uma analogia, quero criar um negócio como se fosse o Uber do intercâmbio, onde os consultores possuem uma maior autonomia para trabalharem e receberem seu dinheiro, sem dependerem das agências.
Mas além disso, quero ajudar cada vez mais pessoas a conhecerem o mundo pelo intercâmbio, como se fossem nômades modernos.
Qual é a sua visão sobre o futuro do intercâmbio?
Acredito fielmente que a disrupção do modelo de negócios do setor de intercâmbio é uma tendência inevitável – uma vez que seu crescimento fará com que cada vez mais agências repensem seus modelos de negócio. É claro que a presença de um intermediário ainda continuará existindo, mas cada vez mais vão surgir plataformas para fazer a conexão entre o aluno e a instituição, com o dinheiro indo direto para as escolas e os consultores que ajudaram no processo.
Assim, não apenas o preço final do intercâmbio será mais acessível ao estudante – com maior margem de negociação – como os próprios consultores serão mais valorizados. Esse é meu objetivo na Escola de Intercâmbios: ajudar cada vez mais jovens a conhecerem o mundo. É para isso que estou trabalhando.