Empreendedora lançou uma marca de roupas esportivas no Qatar e hoje está à frente da fintech que pretende transacionar pelo menos 50 milhões de reais neste ano
POR: hochmuller
Com apenas 25 anos, a empreendedora paulistana Nani Gordon assumiu um cargo de liderança e passou 5 anos coordenando equipes de até 100 pessoas. Ter a chance de tão jovem assumir essa função fez com que estudasse sobre outras áreas e criasse uma responsabilidade intrínseca em entregar resultados. Depois dessa experiência, todos os negócios e empreendimentos em que fez parte sempre trouxeram um desafio e a ideia de que é preciso ter retorno e olhar para as necessidades individuais de cada mercado.
Fundadora e Co-CEO da Cash.in, a veia empreendedora de Nani começou em Chicago e se expandiu até o Qatar. Ao acompanhar o marido em uma das maiores cidades dos Estados Unidos, a empresária começou a auditar aulas na Kellogg School of Management, onde o mesmo era aluno e assim ela podia assistir matérias selecionadas. Despertou então a vontade de estudar temas como administração, contabilidade, recursos humanos e, ingressou em um curso na DePaul University, além de um estágio na BucketFeet, onde criava estratégias de atacado para novos mercados e/ou melhorias onde já atuavam.
“Fiquei lá 6 meses e aprendi muito! As diferenças entre executivos de fora e do Brasil me chamaram a atenção. Somos muito trabalhadores e dedicados, abraçamos a empresa como um todo e não apenas as áreas. Como aqui, ainda não encontrei equipes em nenhum lugar do mundo!”, conta Nani.
No meio às aulas na DePaul e estágio na Bucket, Nani conheceu muitas pessoas e participava de muitos grupos. Até escutar sobre a Haya, primeira mulher muçulmana a concluir o MIT, que viria se tornar sua sócia mais adiante.
“Era o sonho dela construir uma marca de roupas esportivas para mulheres ‘cobertas’, mas ela não sabia por onde começar com os trâmites de varejo. Liguei para ela, convenci de que poderíamos fazer isso juntas e assim fomos para Alemanha nos conhecer e assinar os documentos para começar a empresa, acompanharam Lilian e Amina, outras duas sócias”, lembra.
Frequentando o Qatar para reuniões e processos da empresa, Nani afirma que respeitar diferentes culturas é essencial. “Existe uma verdade muito diferente da minha e que vale o tanto quanto, são mulheres maravilhosas. Assim como negociamos de forma única, pensamos em negócios e possibilidades diferentes e no nosso caso, o futuro da Oola era distinto na cabeça de cada uma. Foi quando já estávamos voltando ao Brasil e decidi vender a minha participação”, recorda.
Sobre sua experiência no país do Oriente Médio, ela ressalta que curiosamente foi o país que mais gera incentivo e apoio para abrir a empresa. “O governo tem muito incentivo para empreendedores locais e ajuda ativamente na construção do negócio. Já nos Estados Unidos, vejo um incentivo maior vindo de investidores. O que não está na nossa cultura e é importante frisar é que cada fracasso também é experiência e isso é valorizado fora do Brasil”, expõe.
De volta ao Brasil, em 2019, Nani começou uma nova e promissora empreitada. Ao lado de sua sócia, Luciana Ramos, fundou a Cash.in, fintech que otimiza o pagamento de prêmios de incentivos e bônus. A ideia surgiu após Luciana identificar a falta de digitalização dentro das empresas e iniciar um papo com executivos delas. Juntas, estudaram o mercado e pesquisaram a fundo players de mercado, chegando a extrema dor que deu start a operação da Cashin. As empresas ainda pagavam premiações com cupons físicos, sem controle de entregas, utilizando logística e gastos com papéis e burocracia.
Através da Cash.in, esses pagamentos proporcionam praticidade e mais controle de operações das empresas contratantes e autonomia, inclusão a produtos financeiros aos usuários. Dentro da plataforma, bem intuitiva, é possível transacionar valores para o pagamento de boletos, saques em lotéricas, transferências bancárias (sem a necessidade de o usuário possuir conta em banco) e resgate de cupons em lojas parceiras como Americanas, C&A e Netflix. A fintech é uma das pioneiras nesse segmento e pretende fechar 2020 com mais de 50 milhões de reais transacionados na plataforma.
Sobre empreender no Brasil, Nani se sente inspirada em tantas mulheres que trouxeram soluções para o ecossistema de startups.
“Tudo é uma evolução, crescimento, e nós, mulheres, já mostramos que representamos um ativo gigante no mercado. Já nos conectamos a líderes de grandes empresas como Tânia Constantino na Microsoft, startups bem sucedidas com CEOs femininas, como Maria Teresa Fornea da BCredi e empresas disruptivas como o NuBank fundado também pela Cristina Junqueira. Busco exemplos positivos e mulheres fortes para me espelhar, além de ter como sócias mulheres fortes e incríveis como Carla e Luciana”, finaliza a empreendedora.