Por Valdo Marques
A falta de chuvas e o baixo nível dos reservatórios trouxeram de volta, após 91 anos, a pior crise hídrica ao Brasil, impactando diretamente no preço da conta de luz ao consumidor. Esse contexto, somado à escassez de peças e insumos, decorrente do desarranjo logístico mundial (em função da pandemia), é motivo de preocupação ao ecossistema econômico, acendendo uma luz amarela para toda a sociedade.
Desde setembro, o acréscimo no valor da energia elétrica tem sido utilizado para bancar os custos com a maior utilização das usinas termoelétricas. Com isso, a bandeira tarifária, uma sobretaxa que é acionada nas contas de luz quando o custo da geração de energia sobe, aumentou de R$ 9,49 para R$ 14,20 para cada 100 kW/h consumidos. Ou seja, um acréscimo de 49,63%.
Mas qual o papel de cada um na sociedade para a resolução do problema? Primeiramente, é necessário entender que o equilíbrio do nosso sistema de abastecimento de água está baseado em três pilares: o ciclo anual de chuvas, que recarrega os reservatórios; o trabalho das companhias de saneamento básico para captar, reservar, tratar e distribuir água; e o uso consciente por parte da população, evitando o desperdício e revendo hábitos individuais e coletivos do dia a dia.
Neste último caso, já é possível notar uma conscientização por parte da sociedade, que hoje consome em média 12% a menos do que antes da crise hídrica, ajudando a aliviar o uso dos nossos principais mananciais. Mas é importante lembrar que estamos saindo de uma pandemia e entrando em um cenário de recuperação econômica, o que significa mais consumo de água e energia nas mais variadas atividades. Além disso, com a chegada do verão e o aumento das temperaturas, a demanda deve subir ainda mais.
Contudo, quem são os vilões do consumo de água e energia? Aquecedor, ar-condicionado e chuveiro estão entre os principais. No caso destes equipamentos, a orientação é diminuir o tempo de uso, manter a função “modo econômico” e controlar a temperatura (nem frio nem calor excessivos). Você também pode evitar o desperdício de água verificando possíveis vazamentos em descargas ou tubulações, fechando sempre bem as torneiras e tendo atenção com banhos prolongados.
A geladeira também lidera o topo da lista. Assim sendo, a sugestão é evitar que o equipamento seja aberto a toda hora e esperar que o alimento esfrie para colocá-lo em refrigeração, já que, quente, o motor precisará de maior força para regular a temperatura. Uma outra dica é impedir a sobrecarga da tomada com vários aparelhos, manter as instalações elétricas revisadas, adquirir equipamentos com selo de escala de consumo e desligar os produtos sem uso do interruptor.
No campo, os produtores rurais têm procurado técnicas de agricultura irrigada que garantam um desenvolvimento sustentável e mitiguem os problemas de estiagem, como a irrigação por gotejamento. O sistema tem potencial de economia de água e nutrientes, permitindo um uso eficiente e aumentando a produtividade na agricultura.
A última novidade, principalmente no que se refere à irrigação, é o uso de sistemas de geração de energia híbridos, com painéis fotovoltaicos interligados a geradores a diesel. Instalados em conjunto, eles garantem o fornecimento de energia em áreas afastadas e que muitas vezes não têm acesso à energia elétrica convencional. Os sistemas híbridos são a forma de se obter energia a partir de duas ou mais fontes.
Somente entendendo e atuando na origem do desperdício é possível tomar decisões inteligentes sobre formas eficientes de reduzir o consumo e, consequentemente, os custos. No final das contas, a melhor maneira de lidar com a crise energética e utilizar os recursos de forma eficiente é por meio da conscientização, do investimento em conhecimento, da divulgação dos benefícios da aplicação das energias renováveis e da inovação tecnológica.
Valdo Marques é Vice-Presidente Executivo da Stemac, empresa que oferece soluções em Grupos Geradores comercial, empresarial e industrial