[radio_player id="1"]
Empreender

De estagiário a empreendedor

4 Mins read

O que me mobiliza é abrir as portas do mercado para jovens em início de carreira, assim como um dia fizeram comigo

Por Tiago Mavichian* 

Olhar para trás e ter a certeza de que fiz boas escolhas profissionais é uma satisfação enorme! Quem diria que aquele Tiago de 21 anos de idade, recém-formado em administração, contribuiria para que milhares de jovens se tornem estagiários todos os anos?

Para ser sincero, não imaginava as possibilidades que iriam surgir, nem o desafio que seria enfrentar cada uma delas. Quando meu pai viu que eu não tirava da cabeça a ideia de criar uma empresa, ele me presenteou com um computador Compaq — peguei o final da internet discada!  Ele me observava trabalhando das 8h às 23h, almoçando na mesa e, sempre que possível, compartilhava um conselho de pai. Dizia: ”estude e se prepare para ser o melhor no que se propõe a fazer”.

Filho de pai engenheiro civil e mãe professora de escola pública e particular, agora aposentados, comecei minha carreira aos 16 anos como estagiário no Banco do Brasil, enquanto fazia curso técnico em administração. Conquistei essa oportunidade graças a uma associação sem fins lucrativos que conectava empresas e estudantes. Achei tão interessante a ponte que faziam, que depois me tornei operador de telemarketing deles — ainda como estagiário de nível técnico.

Depois, fui para a área financeira de uma empresa mexicana, mas logo percebi que trabalhar com jovens em início de carreira era o que me motivava. Então, voltei para a associação, atuando com atendimento de empresas e estudantes.

Nessa fase, eu já estava cursando o último ano da graduação em administração de empresas da Fecap (Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado) e as ideias fervilhavam na minha cabeça. Acreditava que, se eu conseguisse desenvolver uma solução baseada em tecnologia, poderia potencializar os processos de atração, seleção e gestão dos contratos de estagiários.

À época, a faculdade tinha um núcleo de carreiras e resolvi levar minha ideia para validar com os professores. Por lá, conheci a dra. Isabel Macarenco, que me fez refletir sobre o que era necessário para começar. Ela foi minha mentora e me ensinou muito sobre empreendedorismo. Temos contato até hoje. Sou muito grato pelo apoio dela, inclusive depois de formado.

E assim, em 2006, nasceu a minha empresa. Fiz um logotipo em Power Point, montei um site, criei uma apresentação comercial e um modelo de contrato. Na parte de tecnologia, contei com a ajuda do meu irmão, André, que estudava  análise de sistemas.

De pastinha na mão, terno e gravata, fui atrás dos primeiros clientes. Como eu não tinha indicações, ligava e marcava reuniões com faculdades e empresas. Trabalhei no meu quarto por mais de um ano e ouvi muitos “nãos”, mas valeu a pena. Alguns dos clientes que conquistei nos primeiros anos, como Scania, Clariant e Dow, por exemplo, estão conosco até hoje. Lembro-me bem das primeiras notas fiscais, preenchidas em folhas coloridas intercaladas com folha de carbono, que eu mesmo coloquei nos Correios para cada um deles.

O primeiro escritório

A primeira sede da Companhia de Estágios foi numa sobreloja de um edifício antigo, a Galeria Ana Rosa, no bairro da Vila Mariana, na zona sul de São Paulo. Eu gostava do ambiente ”corporativo” e por isso trabalhava com as janelas fechadas, para que os clientes no telefone não ouvissem cachorros latindo ou crianças brincando — o que hoje é natural por conta do home-office, mas na época era estranho demais.

Era perto de casa e eu ia a pé para o trabalho, levando uma garrafa de café, que carinhosamente minha mãe fazia para mim. Aos finais de semana, levava um balde e uma vassoura para limpar os 12m2 alugados, com banheiro do lado de fora. Era tudo tão simples e amador que a primeira pessoa que contratei estranhou. Ela veio um dia e não voltou nunca mais. Sumiu.

Contratei uma segunda pessoa e, depois, também uma estagiária. Crescemos e nos mudamos para um escritório maior, próximo ao metrô Vila Mariana, em um prédio de esquina azul espelhado. Meu pai pegou no pé porque o novo aluguel custava o triplo do anterior. Eu só tinha um pouco de dinheiro que guardei durante os meses de trabalho anteriores  e não pensava em solicitar empréstimo ou buscar investidores. Como administrador, enxergava esses dois movimentos como um risco para o negócio e tinha certeza que estávamos no caminho certo: víamos cada vez mais candidatos se cadastrando em nosso site, sem anúncios no Google, resultado 100% orgânico. Era incrível!

Mais à frente, já com algumas centenas de vagas e mais de 300 mil candidatos cadastrados no sistema, mudamos para nossa atual sede, ganhamos mais espaço, a equipe aumentou, mas o financeiro e o RH continuavam comigo. Meu foco era investir na área comercial e operacional. Conquistamos mais clientes e, ano após ano, continuamos crescendo. Hoje, ocupamos quatro andares.

Conseguimos!

Talvez você esteja se perguntando porque escrevi tudo isso e até mesmo estranhando tantos detalhes, mas considero essencial dividir com quem está começando a carreira e lembrar ao mercado o quanto  é importante investir em quem tem pouca (ou nenhuma) experiência.

Não foi fácil, tivemos alguns tropeços. Porém, encontramos o nosso lugar no mercado de seleção e administração de contratos de estágio e, de uns anos para cá, também de trainees e jovens aprendizes. Entregamos valor agregado e uma tecnologia de ponta que mantém o coração do nosso negócio pulsando.

Tenho muito orgulho do Tiago de 2006. Ter como lema da minha vida a persistência me levou a uma série de conquistas. Casei aos 25 anos com a Helen, com quem tenho um filho de três anos, o Pedro e, em breve, serei pai novamente (João vem aí)! Agradeço a Deus e aos meus pais pelos ensinamentos durante a vida estudantil e por todas as oportunidades que me fizeram chegar até aqui!

Related posts
EmpreenderInvestimentos

4 mulheres da área de finanças e investimentos para acompanhar em 2025

2 Mins read
Investidoras, economistas e empreendedoras são algumas das citadas De acordo com mapeamento feito em 2023 pela consultoria de recursos humanos Fesa Group,…
Empreender

Sebrae no Pará busca em Nova York expansão de mercado para produtos da floresta

3 Mins read
O Sebrae no Pará foi a Nova York para entender como micro e pequenos empreendedores da Amazônia podem conquistar e ampliar sua…
Empreender

Bebel Beylinch amplia seu império do prazer com nova loja, podcast a caminho e planos de expansão nacional

1 Mins read
A empreendedora Bebel Beylinch, CEO da Lua Cheia Sexy Hot Oficial, não para! Após o sucesso de sua loja na icônica Rua…
Fique por dentro das novidades

[wpforms id="39603"]

Se inscrevendo em nossa newsletter você ganha benefícios surpreendentes.