Projeção para os próximos cinco a dez anos impõe necessidade de qualificação profissional e investimentos em automatização
POR: Engenharia de Comunicação
A inteligência artificial na contabilidade deve ocasionar uma taxa de desemprego de até 75% no setor, em cincos anos. A estimativa é da ROIT Consultoria e Contabiidade, accountech de Curitiba, que realizou um estudo com diagnóstico e projeções de cenário no mercado contábil, para os próximos cinco a dez anos.
A ROIT, aliás, é um desses casos em que o uso da inteligência artificial não é mais projeto, nem tendência: é absoluta realidade. “De todo o trabalho que realizamos na ROIT, 98% já é automatizado, por meio do nosso ‘robô contábil’. Ou seja, só 2% é com o profissional humano”, assinala o sócio-diretor da accountech, Lucas Ribeiro.
O levantamento da ROIT vai ao encontro de um estudo recente da Fundação Getúlio Vargas (divulgado em 2019). O estudo da FGV traça três possibilidades de cenário de avanço da inteligência artificial nas mais variadas atividades econômicas, para os próximos cinco anos. Da mais otimista para a mais pessimista, as projeções apontam para redução de até 4 pontos percentuais nos postos de trabalho. Impacto que o setor de contabilidade não está imune, sublinha Lucas Ribeiro. “Pelo contrário, será um dos mais afetados.”
Conforme salienta o executivo, não se trata de mera substituição do ser humano pela máquina. O avanço da robotização no setor de contabilidade representa mudança na atuação do profissional. Portanto, o mercado cada vez mais exige um novo perfil de contador e atuação diferenciada dos escritórios. Lucas Ribeiro observa que a contabilidade começa a ser entendida, e cobrada, como área estratégica para a administração dos negócios.
“Contabilidade sempre teve essa função, mas na prática em maior parte das situações se limitava à função de geração de guias. Os profissionais, de operadores de planilhas de ‘excel’. Com essas tarefas executadas por inteligência artificial, dispensam-se contadores para isso. E então os profissionais passam a ser analistas e consultores, decisivos para a gestão fiscal do empreendimento”, pontua o executivo da ROIT.
INDICATIVO
Dados da própria accountech curitibana servem de indicativo de como a inteligência artificial está se tornando indispensável para o setor de contabilidade. O robô contábil da ROIT já ultrapassou a marca de 8 milhões de lançamentos tributários e de 2 bilhões de cenários tributados analisados. Produtividade só possível em função da automação. “Essas marcas nunca seriam alcançadas sem a inteligência artificial”, frisa Lucas Ribeiro.
A ROIT foca sua atuação prestando serviços a empresas que estão no regime tributário Lucro Real. É um nicho pequeno em quantidades de empresas – representam só 3% dos CNPJs (Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas) de todo o Brasil. Entretanto, é o segmento em que está 62% do potencial de receita para o mercado de contabilidade, de acordo com levantamento feito pela própria ROIT.
“A partir de dados públicos da Receita Federal identificamos um total de 18 milhões de CNPJs em todo o território nacional, desconsiderando CNPJs do serviço público e outros segmentos, que não demandam contratações de profissionais ou escritórios de contabilidade. O potencial de receita anual, total, é de R$ 158,3 bilhões. Mas para aproveitar esse potencial profissionais e escritórios precisam estar preparados”, sublinha Lucas Ribeiro.
ROBOTIZAÇÃO DEVE SER RESPONSÁVEL
Faz parte dessa preparação o investimento em inteligência artificial, necessário para escritórios de contabilidade de todos os portes. Do contrário, fatalmente estarão alijados do mercado. Por outro lado, para empresas automatizadas, como a ROIT, o movimento de conquista de clientes deve ocorrer com responsabilidade socioeconômica. “Por exemplo: limitamos a atender 120 empresas por ano, em média, a fim de que não seja causado desemprego em massa, com um avanço mais ofensivo”, explica o sócio-diretor da accountech.
A partir do estudo feito pela ROIT, Lucas Ribeiro afirma que em cinco anos o mercado de contabilidade será caracterizado pela concentração do setor – formação de redes, fusões e franquias. Além disso, bancos e ERPs [empresas de tecnologia que desenvolvem softwares de gestão empresarial] tendem a se inserir no mercado também.
CONSOLIDAÇÃO DOS ESCRITÓRIOS
A diminuição de profissionais liberais e o aumento de número de escritórios, processo que se verifica regularmente desde 2016, é outra característica para o setor de contabilidade para os primeiros cinco anos da atual década. Eram 55 mil escritórios há quatro anos; hoje (2020) são 70 mil. Os profissionais, todavia, diminuíram de 532,9 mil em 2016 para 514,9 mil em 2020. Redução que se dá sobretudo porque, embora até haja mais profissionais com graduação, esteja em queda a quantidade de técnicos em contabilidade.
“Assim, a dica para se manter nesse mercado é esta: investir em qualificação profissional; investir em processos estruturados, e automatizados. Apesar da disruptura que causa, a tecnologia deve ser encarada como aliada, e não como uma ameaça. A automatização de atividades operacionais aumenta a produtividade e libera o profissional para se focar em planejamento e decisões estratégicas”, argumenta Lucas Ribeiro.
MAIS INFORMAÇÕES
• E-book da ROIT sobre o mercado contábil disponível em https://mundo.roit.ai/pt-br/ebook-estudo-mercado-contabil-brasil