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Doutor João Scaff fala sobre a importância da nutrição antes e após a gestação

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Devido o sucesso da entrevista anterior e atendendo a pedidos de nossas leitoras, o jornalista Jairo Rodrigues traz novamente o  médico especialista em Ginecologia e Obstetrícia, doutor João Scaff, da clínica São Paulo, para falar sobre a importância da nutrição antes e após a gestação. Confira:

Jairo Rodrigues: Dr. João, qual o momento certo para a mulher começar a pensar em uma alimentação voltada à sua gestação?
Dr. João Scaff: Não se deve apenas pensar na mulher e sim no casal, pois antes da concepção o gameta masculino também tem que estar em um estado nutricional adequado assim como óvulo .Podemos pensar que 90 dias antes desse encontro deveríamos já nos preocupar e nos preparar, através de mudanças em nosso dia a dia, como  hábitos alimentares, atividade física, deixar certos vícios com o tabagismo, etilismo, etc, para que na fecundação esses gametas estejam em plenitude, pois este é o primeiro instante do nosso nascimento, e devemos crescer em um ambiente saudável. Em nossa pratica clinica, são poucos os casais que fazem esse planejamento, o que vemos  em sua maioria é iniciarmos um pré natal com 1 ou 2 meses de gestação.

Jairo Rodrigues: Qual a influência da alimentação para mãe durante a gestação?
Dr. João Scaff: Existem vários trabalhos em estudo que afirmam que a carência nutricional na gestação interfere diretamente na saúde deste feto principalmente na vida adulta, sendo a gênese de doenças que irão se manifestar tardiamente. Segundo um grande estudioso-teoria de Barker- diz que esse déficit na vida intrauterina e infância (principalmente até os 2 anos de vida), leva a adaptações metabólicas e estruturais permanentes, que aumentam o risco de desenvolvimento de Doenças Crônicas Não Transmissíveis na Vida Adulta – DCNT, como diabetes, hipertensão, alterações tiroidianas, metabólicas e outras. Temos que estar atentos para a gestante vegana estritas, pois devemos repor vitamina B12, que não é encontrada em sua dieta

Jairo Rodrigues: A alimentação da mãe influência na qualidade do seu leite?
Dr. João Scaff: Na verdade apenas em casos extremos esse leite será afetado em qualidade e quantidade, pois já é do nosso conhecimento que a composição do leite é semelhante para todas as lactantes no mundo.

Jairo Rodrigues: Qual a influência da alimentação para o bebê durante a gestação?
Dr. João Scaff: Diria não somente a alimentação (carência de vitaminas como folatos, vitamina B12, vitamina D, ferro, iodo e outras), como também o estresse com o aumento de interleucinas, podem influenciar o desenvolvimento físico, neurológico e comportamental dessa criança: depressão, autismo, obesidade, hipertensão entre outras. É de grande importância a orientação nutricional durante a gestação, mas irei além, pois não devemos esquecer que durante os primeiros 2 anos de vida dessa criança toda a formação neurológica (ligações neurológicas chamadas sinapses), e mielinização dependem também do pos parto, através do aleitamento e alimentação suplementar balanceada.

Jairo Rodrigues: A alimentação correta pode evitar problemas nas mães com a hipertensão?
Dr. João Scaff: Com certeza a alimentação pode ajudar a minimizar algumas complicações durante a gestação, por exemplo a ingesta de sal, pode piorar o quadro hipertensivo dessa gestante, a carência de cálcio na prevenção da pré eclampsia e outros.

Jairo Rodrigues: É verdade que alimentos como amendoim podem causar alergias aos bebês?
Dr. João Scaff: Em geral não há restrição alimentar para a mãe durante a fase de aleitamento, porém alguns alimentos podem passar para o bebe através do leite levando a alterações como:  diarreia, eczemas (alergias), podendo promover alergias alimentares como intolerância a lactose ou alergia proteína leite de vaca. Devemos evitar comer chocolates, café, chá, oleaginosas (nozes, amêndoas, amendoim, pistache outros. A alergia pode ocorrer entre 6-8% das crianças, e 30 – 40% dos eczemas podem estar ligados a alergia alimentar, assim como refluxo gastresofágico.

Jairo Rodrigues: É verdade que alimentos como alguns tipos de peixes podem causar danos neurológicos na formação do bebê?
Dr. João Scaff: Na verdade, não é o peixe que leva a alterações neurológicas, mas sim o meio ambiente em que ele vive, decorrente do grau da poluição como por exemplo o mercúrio, que sendo um metal pesado acaba se acumulando no peixe. Se olharmos a cadeia alimentar marítima temos que ter cuidado com tubarão, peixe espada, agulha, cavala, corvina, robalo chileno, atum, com menor concentração carpa, lagosta. Na cadeia alimentar essa contaminação inicia no plâncton, que peixes menores se alimentam, onde os grandes peixes acabam se alimentam desses, acumulando assim o mercúrio em seu organismo, processo chamado de bioacumulação, chegando assim em nossas vidas. Um exemplo que posso citar : em 1956 o primeiro caso foi diagnosticado no Japão, na região de Minamata, onde desde 1930 uma indústria lançava mercúrio na baia contaminando os peixes, molusco e ave-hoje conhecida como Doença de Minamata.

Jairo Rodrigues: É verdade que o consumo de fibras pode evitar doença celíaca no bebê?
Dr. João Scaff: Segundo pesquisa norueguesa (feita por 10 anos) apresentada em 2019 na Reunião Anual da Sociedade Europeia de Gastroenterologia Hepatologia e Nutrição Infantil, existe uma diminuição no risco de desenvolvimento  de doença celíaca quando a mãe consome mais fibras diariamente, principalmente se as fibras forem provenientes de frutas e vegetais.

Jairo Rodrigues: Qual a influência da alimentação para a mãe após a gestação?
Dr. João Scaff: Neste aspecto, a gestação é um momento de grandes alterações metabólicas, que levam a gestante a diminuir certas reservas em seu organismo , e assim é vital uma boa suplementação na puérpera, para sua recuperação. Orientamos que um período mínimo de 2 anos para que ela possa se restabelecer e se programar para uma nova gestação.

Jairo Rodrigues: Qual a influência da alimentação da mãe para o bebê após a gestação?
Dr. João Scaff: A  partir da 16 semana de gestação o feto já reconhece os sabores dos alimentos ingeridos pela mãe, através da deglutição do líquido amniótico intra uterino e assim após o nascimento a criança poderá reconhecer esses sabores quando for feita a introdução da alimentação complementar.Por isso é importante a mãe ter uma alimentação diversificada e ao iniciar a alimentação da criança esta também deve ser bem diversificada. Muito comum as caras feias das crianças ao entrarem em contato com alimentos desconhecidos durante este período.

Dr. João Scaff é médico Especialista em Ginecologia e Obstetrícia pela Faculdade de Medicina de Campos, no Rio de Janeiro, foi Chefe do Setor de Ginecologia e Obstetrícia no Hospital e Maternidade São Luiz de 1999 a 2017. Em 2002 recebeu o Título de Especialista em Ginecologia e Obstetrícia pela TEGO – FEBRASGO. Atua também na área de Pré-Natal de Alto Risco, Cirurgia Ginecológica, Videolaparoscopia e Mastologia.

 

*Por Jairo Rodrigues

 

 

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