Artistas brasileiros, angolanos e portugueses compõem a programação do festival que une música, artes visuais, artes plásticas, gastronomia, moda e dança
São Paulo, junho de 2024 – De 08 a 28 de julho acontece em Bragança Paulista, no interior de São Paulo, o 22º Festival Arte Serrinha. Com o tema “Atlânticos”, esta edição celebra a criação do Instituto Serrinha e a parceria inédita com o Museu da Língua Portuguesa, instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo do Estado de São Paulo. Uma edição que celebra também a língua portuguesa, elemento que, transpondo distâncias oceânicas, cria uma fratria entre América, África e Europa. Além disso, flerta com o ciclo temático das línguas africanas que ganha destaque no Museu da Língua Portuguesa com a exposição Línguas africanas que fazem o Brasil, atualmente em cartaz.
Desbravando terrenos de colaboração, Fabio Delduque, idealizador do Festival, convidou o português Carlos Antunes, da Bienal de Coimbra, e a angolana Mehak, da Galeria Jahmek Contemporary Art, para assinarem ao seu lado a curadoria da residência artística, um dos destaques desta edição e com qual parceria com o Museu da Língua Portuguesa se estabelece. Os angolanos Wyssolela Moreira e Gegé M’bakudi, os portugueses Inês Moura e Jorge das Neves e os brasileiros Jonathas de Andrade e Shirley Paes Leme criarão obras durante a vivência na Fazenda. Em 2025, trabalhos resultantes da residência artística farão parte da mostra temporária no Museu. “Queremos tratar de temas urgentes com os quais todos nós convivemos, como revisões históricas e heranças. Pensar futuros que podemos construir juntos. Olhar para este Atlântico que nos une e nos separa. Ouvir a mesma língua”, comenta Delduque.
Durante os vinte dias de Festival, somam-se à programação as residências de dança com Morena Nascimento e de artes visuais com Virginia Medeiros; as oficinas de gastronomia com Morena Leite; de moda com Dudu Bertholini, Nicolas Gondim e Gama Higai; de pintura com Dudi Maia Rosa; de música com Jaques Morelenbaum.
Além do Museu da Língua Portuguesa, o Arte Serrinha firmou parcerias com a Ocupação Nove de Julho e com o Núcleo Luz, que vão receber cinco bolsas integrais cada, para participarem da Residência de Artes Visuais com Virgínia Medeiros.
Caetano Veloso que gosta de sentir a sua língua roçar a língua de Luís de Camões que deu gosto a Fernando Pessoa de palavrar. Pessoa que paira na pluma de José Eduardo Agualusa que aconselha: “se nada mais der certo, leia Clarice”, a Lispector que é para muitos Pessoa desassossegada e que, como ele, confessou seu amor a essa portuguesa língua-pátria, que, desembarcada da matriz Portugal, roça línguas crioulas d’Angola ao Brasil a Guiné-Bissau ao Cabo Verde, e junta assim o que já não mais separa o oceano. A Fratria, diz Caetano, é o que pode essa língua.
Instituto Serrinha
A 22a edição do Festival Arte Serrinha marca o primeiro ano da atuação do Instituto Serrinha, espaço dedicado à cultura, à arte, à educação e à preservação do meio ambiente que vai abarcar os projetos desenvolvidos há mais de 30 anos pela Fazenda Serrinha. “É um momento especial para montar projetos dessa natureza, em que a humanidade precisa congregar inteligências e sensibilidades”, diz Fabio Delduque. A atuação do Instituto permitirá novas parcerias e o convênio com outros países. A sede do Instituto Serrinha é abrigada em containers reutilizados, doados pelo Grupo Energisa.
Sobre a Fazenda Serrinha
A Fazenda Serrinha é um espaço que resgata os processos da natureza através da permacultura e de práticas regenerativas e promove experiências criativas por meio de festivais, encontros e imersões. São 120 hectares de área verde, cuja paisagem é marcada pela represa do Jaguari-Jacareí e pela serra da Mantiqueira, pontuada por obras de arte e instalações. Serrinha é um bairro rural de Bragança Paulista, a 90 km de São Paulo, e a fazenda conta com estrutura de hospedagem, salas para vivências e ateliês.
A Fazenda Serrinha nasceu do encontro de duas famílias com propriedades centenárias que, depois de viverem o ciclo do café e testemunharem o declínio de suas atividades agropecuárias nos anos 1960, reinventaram-se a partir de um projeto comum que reúne cultura, educação, turismo e desenvolvimento sustentável. “Nosso trabalho de regeneração da terra se iniciou em meados da década de 1990, com o entendimento do processo histórico pelo qual passava nossa região – de rápida e desorganizada urbanização – e o despertar para a importância ecológica e paisagística de nossas terras”, diz Fabio Delduque. “Agimos protegendo esses mananciais e ampliando os fragmentos de Mata Atlântica existentes na fazenda, procurando enriquecê-los e conectá-los, com ações de restauração florestal, implantação de agroflorestas e enriquecimento da biodiversidade.”
Em 2001, o Ibama – atual ICMBio – reconheceu a fazenda como Reserva Particular do Patrimônio Natural. A fazenda está cadastrada no Programa Nascentes, da Secretaria Estadual de Meio Ambiente de SP, com 30 hectares de áreas em restauração florestal, por meio de compensações ambientais. Integra o projeto Semeando Água, do Instituto Ipê (patrocínio Petrobras Ambiental), que está implantando nessas terras unidades demonstrativas de restauração florestal, silvicultura e pastoreio voisin. A fazenda recebe regularmente equipes de biólogos e estudantes da Fundação Municipal de Ensino Superior de Bragança Paulista (Fesb), que realizam pesquisas de levantamento e monitoramento da fauna e da flora.
Em 2002, a fazenda, juntamente com parceiros vizinhos, criou o Festival Arte Serrinha, evento cultural que passou a acontecer anualmente durante os meses de julho. “Estamos numa importante região de mananciais onde todos os anos produzimos arte e plantamos milhares de árvores para recuperar as florestas e aumentar a biodiversidade da Mata Atlântica na Serra da Mantiqueira Paulista”, conclui Fabio. “Procuramos ajudar, atuando a partir da compreensão da sabedoria da floresta e das potencialidades do entorno. Assim a paisagem vai ganhando uma nova vitalidade.”
Os resultados são claros, como mostram as saracuras, os jacus, os bugios, os lobo-guarás e outros tantos animais que passaram a habitar as antigas pastagens de braquiária convertidas em florestas.
Sobre o Museu da Língua Portuguesa
Localizado na Estação da Luz, o Museu da Língua Portuguesa tem como tema a língua como patrimônio cultural e imaterial, fazendo uso da tecnologia e de suportes interativos para construir e apresentar seu acervo. O público é convidado para uma viagem sensorial e subjetiva, apresentando a língua como uma manifestação viva, rica, diversa e em constante construção.
O Museu da Língua Portuguesa é uma instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo do Estado de São Paulo, concebido e implantado em parceria com a Fundação Roberto Marinho. O IDBrasil Cultura, Esporte e Educação é a Organização Social de Cultura responsável pela sua gestão.
Programação completa, aqui