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Fiat Lux: a indústria mais afetada pelos lockdowns dá sinal de vida

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*Natasha de Caiado Castro

18 meses e 22 longos dias depois de fecharem as portas da nossa indústria de turismo de eventos MICE (meetings incentives conventions and exhibitions), se faz luz… O primeiro evento internacional corporativo enfim se materializa.

Fui convidada para estar em Budapeste, escolhida entre as 150 empresas que discutiram os novos protocolos, os impactos e principalmente os planos de reabertura para grupos financiados por empresas, sejam ações de incentivo, convenções, lançamentos internacionais ou feiras de exposições. Tudo que até então estava proibido.

O sentimento de “ufa” era unânime, éramos os sobreviventes de uma guerra contra um inimigo letal e global. Todas as línguas possíveis e as dores de quem esteve hibernando e não “largou o osso”. Grandes redes hoteleiras, governos de países que sobrevivem de turismo, empresários como eu, operadores, transportes aéreo, terrestre e marítimo, associações, montadoras – todos que trabalham no backstage da magia do entretenimento e negócios internacionais.

A cadeia inteira se rompeu, os players não estão mais nos mesmos lugares, muitos quebraram, vários parceiros que eram vitais para os processos e projetos não aguentaram quase dois anos de férias forçadas então os canais de comunicação já não são mais os mesmos, a engrenagem está falha, cheia de gaps e percebemos que nosso papel é redesenhar a estrutura como um todo. A palavra é mesmo “repioneirar”.

Um gigante desafio, principalmente para nós que trabalhamos na esfera internacional, mas também um grande presente por podermos ressignificar o ecossistema, deixando de fora o obsoleto e trazendo o frescor de valores mais nobres como sustentabilidade e diversidade às experiências que estão agora sendo criadas.

O evento em si foi extremamente seguro. Todos vacinados, ainda tivemos que apresentar o teste negativo 72 horas antes. Dois players apresentaram teste positivo e não puderam vir. Não foi necessário máscara, mas ficou claro que apertos de mão ficaram são muito 2019 e a piada pegou: BC – “before corona”. Aperto de mão nunca mais.

Estive também no nosso escritório da França, país onde os protocolos estão muito mais restritivos. O passe sanitário obrigatório é uma realidade. Nem em lojas se pode entrar sem ter seu código de barras escaneado. Parece filme de ficção e assusta no início, depois passa a fazer parte do dia e você nem lembra mais. E a Europa Schengen inteira está assim.

Estou agora em Montenegro fechando os contratos com players no cenário pós covid que, por não ser UE, tem as medidas mais flexíveis. Lugares fechados se usa máscara, funcionários também, mas os turistas que precisam estar vacinados para entrar no país, podem circular sem restrição.

Mesmas regras para o próximo destino, Croácia, onde tenho mais um evento, com mais players. Também líderes que estão dispostos a desbravar depois de terem ficado dois anos sem nenhuma receita e perdido boa parte da potência de entrega. Um dos players, um hotel onde circulam 900-1200 pessoas por dia e testa todos na entrada, esteve aberto durante o verão Europeu sem nenhum caso de COVID. Fazendo as contas eu passo a sorrir sozinha. E a esperança para os milhares de brasileiros que de um dia para o outro foram arrancados de suas carreiras.. seus sonhos. Pessoas que, por trabalharem com serviço necessitam de características como empatia e generosidade, o que os faz mais sensíveis, e que lhes foi tirado não só o sustento, mas o sonho e inspiração diária, nosso maior dom e também karma.

Dois dos nossos quatro escritórios estão nos Estados Unidos, onde a liberdade individual tem outro sentido, então não se pode exigir o passaporte de vacinas e o passe sanitário. Mas pode-se excluir da lista de convidados quem não é vacinado. E as regras são diferentes nas sedes da Califórnia e Flórida, o que deve dificultar a organização dos eventos. Já vemos a demanda crescendo para 2022 para “early adopters”.

De qualquer forma, que delícia acompanhar a abertura do mundo e estar liderando a retomada das indústrias que mais sofreram com os lockdowns e restrições. Que delícia ver a esperança estampada nos players, que envelheceram 10 anos em 2, e agora começam a ver algo no horizonte que incentiva coragem, imaginação, inspira criatividade e dá força para re- pioneirar esse velho-novo universo. Vontade e força não faltam, que tenhamos sorte na trajetória, né?

*Natasha de Caiado Castro é fundadora e CEO da Wish International, especialista em inteligência de mercado, Content Wizard e Investor. É também Board Member da United Nations e do Woman Silicon Valley Chapter.

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