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Finanças

Fintechs corporativas: aliadas da economia macro do país

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Por Wagner S. de Moraes – CEO da A&S Partners, especialista em macroeconomia, Fintechs e Meios de Pagamentos 

É percebido que ainda existem algumas dúvidas sobre o potencial das fintechs corporativas e “nichadas”, principalmente em uma cultura econômica que gira em torno de uma oligarquia financeira que é a concentração do dinheiro nas mãos dos cinco principais e tradicionais Bancos:  Itaú, Bradesco, Santander, Banco do Brasil e CEF.

De uns anos para cá, as fintechs se popularizaram e, hoje, o país lidera o mercado de fintechs em nível América Latina – de acordo com o Índice Global de Inclusão Financeira. Neste levantamento, entre os países pesquisados, o Brasil está entre os dez mais desenvolvidos – tanto em quantidade como em qualidade de fintechs.

Hoje, podemos dizer que elas desempenham um papel extremamente importante na descentralização bancária no país, pois têm apresentado diversas soluções para diferentes nichos de mercado de forma bastante eficiente. As grandes empresas estão acordando para a realidade de que não precisam mais de grandes Bancos para nada, que podem ter a sua própria plataforma financeira e prover serviços financeiros para o seu ecossistema, como clientes, funcionários, fornecedores e parceiros comerciais. A quantidade de plataformas para processamento de operações financeiras é bastante ampla e as empresas têm se organizado para isso. O Banco Central tem liderado esse movimento ao reduzir a burocracia para a aprovação de novos entrantes, isso tem ajudado bastante no fluxo como um todo.

Com essa possibilidade de ser seu próprio Banco, as empresas podem propiciar diversas operações financeiras com custos bem menores que os Bancos tradicionais, além de prover uma boa qualidade no atendimento e serviços bancários. E mais: podem capturar o “valor” do seu ecossistema, coisa que os Bancos tradicionais hoje capturam sem muito esforço.

De forma muito positiva, as fintechs corporativas podem dar acesso a mais linhas de crédito com preços bem menores, além de prazos mais longos. Também podem reduzir as tarifas cobradas sobre transações bancárias e trazer mais agilidade e menores custos para os seus clientes. Enquanto os Bancos tradicionais ainda cobram preços absurdos, muitas bintechs e bancos digitais nem cobram tarifas sobre movimentações financeiras, sem falar na qualidade do atendimento, pois conseguem a grande maioria dos seus problemas com apenas um clique no celular.

Grandes empresas como Magalu, Renner, Americanas e Carrefour, dentre outros, há tempos possuem seus próprios cartões de crédito e transações bancárias independentes dos grandes Bancos. Vale ressaltar que essa possibilidade não entra apenas na realidade dos grandes grupos empresariais, médias empresas também podem aderir e ter sua independência bancária, na verdade, devem aderir.  

As fintechs têm ganhado relevância e importância para o setor B2B e B2C ao proverem soluções que suprem todas as necessidades. Porém, o ideal é que sejam criadas e voltadas para grandes ecossistemas de empresas com uma boa base de clientes. A volumetria e ganho de escala é muito importante para que possam rentabilizar uma operação como essa.

Como exemplo, vou citar a fintech montada para o Grupo Ser Educacional, empresa de capital aberto e uma das maiores no seu setor de atuação. Os colaboradores do Grupo já têm conta aberta na fintech da empresa, recebendo salários e transacionando. Eles podem sacar dinheiro em caixas eletrônicos, fazer pagamentos com cartões de débito e crédito, fazer pagamentos de boletos e contas, transferências, enfim, fazer toda a movimentação que fariam num banco tradicional a custos muito reduzidos, praticamente inexistentes. Isso fortalece ainda mais a relação entre empresa e seus consumidores, colaboradores, fornecedores e demais parceiros comerciais, pois é muito bom e seguro você fazer transações com quem você já conhece e confia.

Não há nenhum ponto negativo nas Fintechs corporativas, ao contrário, só consigo destacar pontos positivos. É uma tecnologia disponível atualmente no mercado e que já traz segurança para as empresas processarem as suas operações de forma eficiente. Uma empresa no instante em que monta a sua Fintech, pode passar a capturar o Valuation de seu ecossistema de forma bastante consistente, além de rentabilizar ainda mais as suas operações.

Não podemos deixar de citar que o Governo possui um papel extremamente importante no sentido de coordenar e aprofundar ainda mais a regulamentação do setor. O Banco Central do Brasil (Bacen) tem desempenhado um papel muito importante na avaliação dos novos entrantes. Em qualquer país existem pessoas sérias e não sérias, o papel do Bacen tem sido fazer esse filtro ao avaliar novos entrantes para evitar a deterioração do Sistema Financeiro Nacional. Não podemos abrir acesso para empresas despreparadas e sem conhecimento do que irão fazer, isso iria prejudicar ainda mais o mercado.

A agenda do Governo, executivo, legislativo e judiciário, precisa se manter na direção da abertura de mercado, com responsabilidade evidentemente, mas abrindo espaço para diminuir a enorme concentração bancária existente hoje no país e que não traz os frutos devidos para o mercado. Com essas possibilidades bancárias e econômicas, a sociedade ganha, as empresas ficam ainda mais fortalecidas e o cliente final mais satisfeito e valorizado.

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