Por Sandoval Fernandes
Fazer do Brasil um lugar melhor para se viver. Este, sem sombra de dúvida, não é só o meu desejo, mas de muitos brasileiros que sofrem em um país tão rico dentre tantos aspectos, mas que se perde nas mãos de líderes que pouco sabem dirigir uma nação como a nossa e daqueles que assumem o poder com um único objetivo: acabar com a democracia.
De acordo com o relatório Variações da Democracia (V-Dem), do instituto de mesmo nome ligado à Universidade de Gotemburgo, na Suécia, o Brasil é o quarto país que mais se afastou da democracia em 2020 em um ranking de 202 países analisados. Isso é desolador tendo em vista que por aqui já fomos uma ditadura e lutamos muito para nos libertar de um sistema opressor.
É por conta dessa grave crise política que estamos atravessando, que as fundações partidárias, instituições ligadas aos partidos políticos com foco em trazer educação política para sua militância e demais simpatizantes, devem se fazer ainda mais presentes.
São elas que devem trabalhar na construção do pensamento crítico, contribuir no processo de desenvolvimento de pesquisas e formação política de seus filiados, militantes, quadros políticos, parlamentares e sociedade civil. Isso é fundamental para colocarmos no poder pessoas que realmente vão trabalhar para o povo e na resolução de tantos problemas que temos em nosso país.
Inclusive, daqui a alguns meses, iremos estar diante de uma urna eletrônica para, dentre tantos líderes, escolher aqueles que nos representarão durante os próximos quatro anos. É necessário ter base política para entender as principais propostas de cada candidato, como elas acontecerão caso seja eleito e até mesmo para cobrar tudo isso posteriormente.
No entanto, em vez de mais pessoas se aproximarem do debate político, o que observamos é um afastamento constante diante da onda de corrupção e escândalos que não param de acontecer, além de desinteresse pelo assunto, infelizmente. Uma pesquisa de opinião divulgada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), realizada em 137 municípios de 25 estados nas cinco regiões do Brasil, 21,7% das pessoas ouvidas disseram ter baixo interesse por política e um número expressivo, 31,6%, afirmaram que não tem nenhum interesse.
Isso é grave! E se queremos mudar o rumo do nosso país, precisamos transformar a nossa mentalidade nesse sentido. Certamente, esse é um dos maiores desafios das fundações partidárias: conscientizar o eleitorado do valor e conquista do processo eleitoral, da escolha democrática por meio do voto, da segurança das urnas eletrônicas, do respeito às minorias e os benefícios de um regime democrático por meio dos seus direitos fundamentais que são liberdade, igualdade e fraternidade.
Por isso, as fundações devem promover sempre cursos, debates, palestras e capacitação sobre política, administração pública e outros temas pertinentes para o desenvolvimento do país e fortalecimento da democracia.
Sem dúvidas, existem fundações que merecem reconhecimento nesse quesito e que estão motivadas a fazer do Brasil um lugar bem melhor para todos. Certamente, as que colocaram toda a sua potência na transformação do nosso país e no fortalecimento da democracia são exemplos que devem ser seguidos. Elas precisam trabalhar constantemente para que sejam inspiração para tantas outras na área de educação e formação política, seguindo os valores da solidariedade, transparência, ética, igualdade, inovação, comprometimento, cooperação e superação.
*Sandoval Fernandes é vice-presidente da Fundação 1° de Maio*
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