As habilidades essenciais dos profissionais que atuam no novo modelo de construção civil
* Por Charles Everson Nicoleit
O Programa Minha Casa Minha Vida (PMCV), criado em 2009 para atender a demanda de até 1,8 salários-mínimos, mudou o foco das construtoras. A iniciativa deveria ser levantada com valores já pré-determinados por financiamento da Caixa Econômica Federal e subsidiados em até 30 %.
Esse movimento ajudou a impulsionar o acomodado mercado imobiliário, principalmente no que diz respeito a moradias populares. Antes, os bancos limitavam o tamanho da obra, com apartamentos de dois quartos, um banheiro, cozinha conjugada, sendo que boa parte das unidades não apresentavam sacadas e as disponíveis acomodavam apenas duas pessoas.
Conjuntos com 400 apartamentos, área de lazer com piscinas pequenas, churrasqueiras e quiosques, que se todos os moradores usarem faltaria espaço. Outros problemas nestes condomínios são salões de festas, que são muito disputados.
Todos esses fatores colaboraram para que fosse criado um novo desafio e a importância de uma gestão bem-feita é fundamental para o sucesso do projeto como um todo. Esse profissional deve levar em consideração, como ponto inicial, a aquisição do terreno, que não poder ser acima de 10% do valor total do imóvel, além de fazer tudo com custo mínimo, margens pequenas, mas que permitem ganho na produção e com o objetivo de entregar um produto seguro e habitável, respeitando as exigências do banco.
Esse histórico contribuiu para que o mercado da construção civil avançasse um pouco. Antes estagnado, agora o nicho preocupa-se em combater o desperdício de obra e apresentar um bom projeto com a supervisão de um gestor com capacidade multidisciplinar.
Novas tecnologias, que permitem construir com materiais em menor quantidade e trabalhar em série, começaram a entrar em vigor e contribuíram para o reaproveitamento ou materiais de caixarias com duração até o final das obras, diminuindo o uso de madeiras e escoras, substituídas por placas de aço e escoras também de ferro.
Entretanto, os terrenos passaram a ser inflacionados e os materiais tornaram-se mais caros. Soma-se a isso os produtos importados da China, que desequilibram a balança comercial, provocando o fechamento de algumas indústrias de pisos e materiais de construção. A boa notícia é que esse tipo de produto perdeu força no mercado.
Atualmente, as construtoras estão em uma nova etapa, o que exigiu um novo perfil daqueles que atuam nesse segmento. O gestor precisa ter capacidade de negociação, manter um grupo de colaboradores comprometido e estreitar relacionamento com fornecedores para aliar produtos de qualidade e preços competitivos.
Sobre Charles Everson Nicoleit
É gestor de obras e empresário com quase 30 anos de experiência nesse segmento. Também é membro de associações da construção civil, construção selo verde e sustentabilidade. Possui diversas certificações e cursos que o habilitam como referência no mercado de construção civil. Para mais informações, acesse https://www.linkedin.com/in/charles-nicoleit-37654562/