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Há chance de sobrevivência para o Parler?

3 Mins read

POR:  Imprensa Instituto Presbiteriano Mackenzie

Vivaldo José Breternitz

O aplicativo Parler, conhecido como o “Twitter conservador” por não fazer moderação de conteúdo, está passando por uma das piores fases de sua existência e muitos acreditam que sua trajetória chegou ao fim.

O Parler foi lançado no final de 2018 e ficou conhecido como um “antídoto” de direita para as redes sociais supostamente dominadas por liberais, especialmente Twitter e Facebook.

Uma de suas fundadoras e financiadora foi a milionária americana Rebekah Mercer, cujo pai, Bob Mercer bancou a Cambridge-Analytics, empresa de consultoria política que ajudou Trump a se eleger com práticas um tanto quanto obscuras de publicidade direcionada.

Quando o aplicativo foi lançado, Rebekah Mercer dizia esperar que o Parler fosse “um farol para todos os que valorizam sua liberdade de expressão e privacidade” contra a “tirania e arrogância cada vez maiores de nossos senhores da tecnologia”.

Parece que não deu muito certo: o aplicativo foi literalmente expulso da internet no fim de semana, após Google, Amazon e Apple banirem a ferramenta de suas plataformas. Isso foi uma reviravolta para um dos aplicativos que, até o último fim de semana, mais cresciam na internet.

O Parler foi acusado de ajudar a articular a recente invasão do Capitólio dos EUA que terminou com cinco mortos. Seus usuários falavam em levar cordas para amarrar esquerdistas, equipar-se com armas de fogo e atacar pessoas com picadores de gelo, entre outras ações violentas.

Google, Amazon e Apple, ao banirem o Parler, acusaram o aplicativo de não adotar uma política de moderação para conter a veiculação de conteúdo violento.

Tudo isso aconteceu logo após o Parler ter se tornado temporariamente o aplicativo mais baixado na loja da Apple, à medida que usuários conservadores migravam para o serviço, mas a euforia durou pouco, pois muito rapidamente, em termos práticos, a empresa foi expulsa da internet.

Em reação, na segunda feira, dia 11, anunciou um processo contra a Amazon por supostas infrações à legislação antitruste e acusando a gigante da tecnologia de usar sua influência para “matar” seu negócio no “exato momento em que estava prestes a decolar”.

Não se deve acreditar na pureza das intenções das Big Techs, especialmente tendo em vista que o Twitter e o Facebook não são exatamente referências no combate a discursos de ódio e ambos, certamente, foram utilizados para a coordenação dos ataques, embora tenham estabelecido políticas de moderação de conteúdo que Parler não se preocupou em adotar.

Outras empresas estão tomando medidas no sentido de se distanciarem do terrorismo: Airbnb está cancelando reservas de prováveis agitadores que pretendiam estar na posse de Biden e o Paypal está bloqueando a operação de crowdfunding do site GiveSendGo, que recolhia fundos para a invasão e outros atos, além de ter bloqueado a conta de um dos organizadores do ataque.

Bons tempos aqueles da Primavera Árabe, quando no final de 2010, as redes foram responsáveis pela organização da onda de protestos ocorridas no Oriente Médio e norte da África, em que a população foi às ruas para derrubar ditadores e reivindicar melhores condições sociais de vida, embora sem grande sucesso.

Espera-se que tudo isso fomente discussões acerca do poder das redes sociais, nas quais o ódio não pode ser tolerado.

Vivaldo José Breternitz é professor da Faculdade de Computação e Informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie e doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo.

Sobre a Universidade Presbiteriana Mackenzie
A Universidade Presbiteriana Mackenzie está na 103º posição entre as melhores instituições de ensino da América Latina, segundo a pesquisa QS Quacquarelli Symonds University Rankings, uma organização internacional de pesquisa educacional, que avalia o desempenho de instituições de ensino médio, superior e pós-graduação. Possui três campino estado de São Paulo, em Higienópolis, Alphaville e Campinas. Os cursos oferecidos pelo Mackenzie contemplam Graduação, Pós-Graduação Mestrado e Doutorado, Pós-Graduação Especialização, Extensão, EaD, Cursos In Company e Centro de Línguas Estrangeiras.
Em 2021, serão comemorados os 150 anos da instituição no Brasil. Ao longo deste período, a instituição manteve-se fiel aos valores confessionais vinculados à sua origem na Igreja Presbiteriana do Brasil.

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