- Por Jéssica Gordon
O mundo se transformou muito desde março do ano passado, quando a pandemia foi declarada. Em todo o planeta, o setor de alimentos está entre os que mais sofreram as consequências, ao lado do varejo de rua/shoppings. Esses setores, viram, literalmente, do dia para a noite, a necessidade de inovar para sobreviver.
Com os constantes fechamentos decretados pelo governo, diversos setores sofreram com perdas de faturamento e falências. O delivery foi, para muitos, a salvação contra o encerramento das atividades. Por um bom tempo, a principal solução adotada por restaurantes, padarias e lojas em geral foi o uso de aplicativos para atender às demandas dos seus clientes.
Dentro desse universo, um dos setores que mais sofreram foi o de bares e restaurantes. Em São Paulo, por exemplo, esse setor está entre as principais opções de diversão, principalmente nas noites paulistanas consideradas entre as melhores e mais diversificadas do mundo. Porém os empreendedores viram o faturamento cair pois seus consumidores não mais poderiam estar lá, embora muitos quisessem manter a experiência, mesmo que de suas casas, de consumir os produtos de seus estabelecimentos favoritos.
Segundo dados de recente pesquisa da Associação Brasileira de Bares Restaurantes (Abrasel), o setor sofreu retração de 25% em 2020, devido a esses fechamentos. O dado mais alarmante é que cerca de 300 mil empresas fecharam e mais de 1 milhão de empregos foram perdidos, algo que poderia ter sido muito pior se a tecnologia não estivesse atuando a favor das pessoas e ajudando a manter a relação entre os estabelecimentos e as marcas.
O delivery, antes mesmo da Internet, já estava na vida das pessoas, porém era algo muito restrito a pizzarias. Com o avanço da tecnologia, novos aplicativos surgiram para entregar de tudo, de produtos mais gerais até mais específicos, de nicho. O brasileiro, cada dia mais dependente do seu smartphone, aderiu aos aplicativos de entrega de uma forma muito mais rápida do que os estabelecimentos os buscaram.
Um estudo realizado pela Mobilis mostrou que os gastos com aplicativos de entregas, em especial para comidas prontas, cresceram 149% durante a pandemia. O crescimento de uso desses aplicativos cresceu em média 152% no mesmo período. Esse movimento de pedir produtos em casa, com facilidade e comodidade, trouxe uma nova dinâmica no cotidiano, houve transição das compras de mercado por delivery, tanto como forma de facilitar o dia a dia, quanto como forma de prevenção.
Diversas estratégias foram desenvolvidas pelo setor. Os aplicativos fecharam parcerias com marcas para oferecer descontos bem agressivos para estimular o uso. Os estabelecimentos, por sua vez, criaram campanhas, principalmente em suas redes sociais e sites, para mostrar que já estavam presentes nos aplicativos de entrega. Esse movimento de ambos os lados, que inclui supermercados, criou um hábito nas pessoas de pedir qualquer coisa com o smartphone, o que impulsionou o setor de aplicativos de delivery no Brasil, que já estava passando por uma fase de crescimento exponencial, acelerada sem que fosse esperado.
* Jéssica Gordon é Fundadora e CEO do Bebida na Porta.
Sobre o Bebida na Porta
O Bebida na Porta nasceu da necessidade de uma família de empreendedores que consumiam bebidas apenas por conveniência pagando caro por isso. A ideia, então, foi unir preço baixo e todos os tipos de bebidas, tanto alcoólicas quanto não alcoólicas, além de carvão, gelo, cigarro e snacks, num só lugar a preços de supermercados e com entrega rápida e gelada. A startup possui parceria estratégica com o iFood e tem um aplicativo próprio, bem como conta com quatro lojas para atender à demanda de São Paulo e ABC.