Médica que se tornou referência no Brasil fala sobre novo tipo de “chip da beleza” para o tratamento de alterações hormonais, favorecendo qualidade de vida da mulher moderna
Os implantes bioabsorvíveis de hormônios, que liberam baixíssimas doses diárias e duram cerca de seis meses no corpo, estão ganhando adeptos que buscam regulação hormonal para favorecer o bom funcionamento do organismo. Mulheres que necessitam de reposição, por exemplo, podem ser beneficiadas com perda saudável de peso, diminuição de gordura corporal, aumento da libido e da energia, melhora da disposição física, ganho de massa muscular, entre outras vantagens.
A técnica é nova no Brasil e diferente dos implantes usados até então, que são de silicone e precisam ser retirados quando perdem os efeitos. “Os implantes bioabsorvíveis são cilindros prensados bem pequenos, similares a um grão de arroz, que são dissolvidos lentamente pelo organismo e desaparecem naturalmente”, explica a médica Sarina Occhipinti, que aprendeu a nova técnica no curso de Endocrinologia Metabólica Avançada, do Metabolic Medical Institute (EUA), e se tornou referência nacional no assunto.
Segundo a especialista, existem diversos estudos mostrando que a liberação gradativa e constante dos hormônios torna os implantes uma alternativa favorável à regulação hormonal. Além disso, Sarina afirma que a técnica é eficaz no resgate da libido nas mulheres. “Ao observar, em meu consultório, que mais de 80% das mulheres entre 35 e 50 anos apresentavam pelo menos três queixas em comum, criei o que chamo de ‘Tríade da Mulher Moderna’. São elas: dificuldade de perder peso, falta de energia e falta de libido, decorrentes da predominância estrogênica”, afirma.
O que é predominância estrogênica?
A predominância estrogênica surge, principalmente, pela presença de ciclos anovulatórios que começam a partir de 35 anos. Segundo Sarina, uma mulher que ovula normalmente tem produção de estrogênio na primeira fase do ciclo, para estimular o amadurecimento do óvulo e o espessamento do útero. Na segunda fase, há a criação de um corpo lúteo que produz progesterona, responsável por estimular glândulas que vão nutrir o óvulo quando ele se fixar no útero.
“Devido ao excesso de agrotóxicos, contaminantes plásticos e estresse, os óvulos têm se tornado disfuncionais cada vez mais precocemente, e isso causa uma alteração dos hormônios no ciclo”, alerta a médica. “Quando o ovócito (que dá origem ao óvulo) é disfuncional na primeira fase do ciclo, o estrogênio é produzido na tentativa de conseguir uma ovulação eficaz. Mas, como ele é defeituoso, a ovulação ocorre de forma anômala e não há criação de um corpo lúteo que consiga produzir progesterona na segunda fase. Dessa forma, a mulher até menstrua, mas há um excesso de estrogênio em relação à progesterona”, explica Sarina.
Relação com a endometriose
A médica destaca que as “mulheres estrogênicas” têm mais TPM que as demais. “São pacientes que relatam que ficam irritadas e cansadas, têm insônia, se sentem inchadas, apresentam dificuldade de perder peso, têm muita celulite, reclamam de cabelos e unhas fracas e não têm desejo sexual”, detalha Sarina.
Segundo a especialista, a predominância estrogênica tem como ícone a endometriose, que é a implantação de células do revestimento interno uterino em outras partes do corpo, causado pelo excesso de estímulo estrogênio. “Modular esses hormônios é essencial para que esses sintomas desapareçam e a mulher possa voltar a ter uma vida normal. Essa correção hormonal pode ser feita por meio dos implantes bioabsorvíveis”, esclarece Sarina.
Origem dos implantes hormonais
Os implantes hormonais são estudados desde 1935, e o primeiro artigo sobre o tema foi publicado em 1938, na revista científica “The Lancet”. Cada implante pode ter apenas um tipo de hormônio ou uma combinação deles, além de dosagens diferentes, dependendo das características do paciente e do que se quer tratar. Entre os hormônios administrados, estão a gestrinona, progesterona, estradiol, testosterona e nomegestrol. A mais usada é a gestrinona, muito procurada por ser particularmente conhecida pela diminuição da celulite e aumento da libido e da massa muscular, mas o uso para fins estéticos deve ser desencorajado.
Podem ser indicados também para homens, uma vez que sofrem com alterações da produção hormonal pelos mesmos motivos: idade, intoxicação ambiental e estresse. A Sociedade Brasileira de Urologia tem dentro de suas diretrizes, como uma das opções, o implante de testosterona em homens com hipogonadismo. Os implantes também podem ser indicados para mulheres na menopausa que necessitam tratar sintomas como fogacho, falta de energia e libido, e prevenir osteoporose e Alzheimer, nesses casos, segundo artigo publicado pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia, os implantes devem conter um hormonio feminino denominado estradiol.