Um ambiente de extrema competitividade como o mercado de trabalho é terra fértil para o desenvolvimento de sentimentos como a inveja, que, se não controlada, pode ser prejudicial para quem sente, mas também para quem sofre. Segundo a psicanalista Dra. Denise Santos, a inveja pode minar o crescimento profissional e os resultados no trabalho.
“Em alguns ambientes essa competitividade não é saudável. Somado ao fato de um ambiente também não reconhecer talentos, pessoas e o próprio comprometimento de alguns, isso pode sim gerar inveja”, aponta a especialista.
Questionada sobre os privilégios, a Dra. Denise enfatiza que não são os privilégios em si que alimentam a inveja, mas sim o que não é dito. “São esses privilégios debaixo dos panos, que não são comunicados, que não é claro por quê, como e o quê. Algumas pessoas têm direito e outras, não. Então o que estimula a inveja é a falta de transparência de algumas organizações”, explica.
A psicanalista destaca que a inveja prejudica o crescimento profissional e a produtividade, uma vez que o ambiente de trabalho é um ecossistema interdependente. “Essa relações podem ser sabotadas por essa emoção, que muitas vezes acaba influenciando equipes, lideranças, boards, diretorias. Acaba sendo veneno para algumas equipes”, alerta Dra. Denise.
A inveja em si é inevitável em ambientes de competitividade, mas a especialista garante que há meios de reduzir os efeitos. “Quando as regras são mais claras, quando as pessoas têm confiança para dizer o que pensam, o que sentem, quando a cultura organizacional privilegia que as pessoas sejam transparentes umas com as outras”, destaca.
Dra. Denise complementa que a cultura das empresas precisam estimular esse ambiente positivo, mas muitas não o fazem. “Eu não vou falar o que eu sinto porque aquilo que eu sinto não é reconhecido por este organismo. Então, aquilo que eu sinto e aquilo que eu penso não é validado. As pessoas privam ou negligenciam o que sentem com medo de rejeição, de retaliação. Isso é ruim a longo prazo.”
A Psicanálise pode ser um importante aliado das empresas na construção desse ambiente saudável, defendido pela Dra. Denise Santos. “Se as relações estão emperradas por alguns motivos, que este grupo possa falar sobre isso, possa falar sobre o que não foi dito para assim conseguir se reorganizar enquanto equipe. Para que isso não fique velado e sim tratado, avaliado e visto não só pelo RH, mas também pelas lideranças”, conclui.