Iniciativa inédita para uma instituição, Olho do Peixe documenta, em 25 grandes formatos, os 25 anos de carreira do paulistano Aleko Stergiou, autor de imagens em diversos pontos do planeta
Com abertura para público marcada para dia 13 de agosto, terça-feira, o Museu de Arte Brasileira da FAAP inaugura, pela primeira vez, uma exposição individual de um fotógrafo de surfe, o paulistano Aleko Stergiou. A exposição Olho do Peixe reúne 25 imagens realizadas ao longo de 25 anos de carreira do fotógrafo, que já viajou o mundo captando imagens de surfistas, ondas e campeonatos. Dentre os destaques estão imagens dos atletas medalhistas Olímpicos Gabriel Medina, da brasileira Tatiana Weston-Webb (Bronze e Prata, respectivamente, nas Olimpíadas de Paris), Ítalo Ferreira (medalha de Ouro em Tóquio) e um registro histórico dos campeões Kelly Slater e Andy Irons.
“É bastante interessante para o MAB FAAP entrar neste universo mais jovem, tanto pelo tema quanto por usar uma tecnologia atual – o Aleko fotografa com o celular-, atrair novos públicos e tornar a arte mais acessível, inclusive para nossos próprios alunos. Esta exposição do Aleko nos pareceu a mostra ideal para dialogar tanto com uma geração que está se aproximando do universo da cultura, como com os mais entendidos e apreciadores de arte. Vemos um potencial incrível nesta exposição, que traz fotografias impactantes que, com certeza, vão atrair todos os públicos”, afirma Fernanda Celidonio, diretora administrativa do MAB FAAP.
A exposição começou a ser desenhada há cinco anos. Desde o princípio, o surfista, jornalista e curador Fernando Costa Netto estava nos planos de Stergiou para assinar a curadoria. Foi ele quem abriu para Stergiou as portas do mundo da fotografia profissional e permitiu a ele apurar o olhar para além do surfe. “A exposição conta minha história de dedicação ao mar, de um vínculo eterno com a natureza e fala do meu amor incondicional à fotografia e à arte”, resume Aleko Stergiou.
Tendo começado a fotografar o surf nos anos 1990, Aleko já viajou para diversos países como Havaí, Tahiti, Indonésia, Espanha, Grécia, entre muitos outros. Um dos destaques da exposição, citado acima, é a imagem considerada “icônica” pelo próprio fotógrafo, do registro dos campeões e rivais Slater, que acaba de anunciar a aposentadoria aos 52 anos, e Andy Irons, morto em 2010 com três títulos mundiais, num tubo. A imagem foi feita com câmera analógica. Stergiou credita à era analógica a sua capacidade de conseguir a foto decisiva: um rolo de 36 poses o ensinou a economizar cliques e esperar o momento certeiro. “É o que moldou o meu click seletivo de hoje.”
Do analógico ao celular
A chegada do digital pediu um novo salto, e de um rolo de 36 imagens feitas em um dia, ele passou a 1000 – e a quantidade o tornou também editor. Hoje, ele usa o iPhone. “A câmera está 24 horas comigo. Isso aguça meu olhar e me possibilita captar uma cena a qualquer momento.” Stergiou é o primeiro profissional brasileiro a fotografar o surfe, seu entorno e sua cultura com a câmera do celular. “O resultado é surpreendente. Como curador, selecionando o material desta exposição – uma privilegiada viagem na minha memória de velho surfista – me vi muitas vezes com os olhos encantados de uma criança”, diz Costa Netto.
Reconhecido mundialmente, Stergiou deu as primeiras clicadas em Maresias. “Ali aprendi a gostar de tubo, minha manobra favorita, e aprendi a fotografar”, lembra. Com ondas tubulares, pesadas, consistentes, como define o fotógrafo, Maresias não foi apenas a grande escola, mas representa a realização de um sonho de infância. “Eu recortava imagens de revistas e colava nas capas do meu caderno de escola.” A praia paulista, que o preparou para as ondas de Fernando de Noronha e Saquarema, segue sendo um grande centro de treinamento. “Até hoje, com o mar mais difícil, eu apanho.” Mas é no Tahiti que o coração dele surfa melhor, para onde ele já foi 26 vezes – contra duas visitas ao Havaí. “A Polinésia é o lugar mais plástico, fotogênico, um estúdio a céu aberto”, diz. Isso não significa que necessariamente virão dali as ondas mais perfeitas. “Se eu estiver bem posicionado, pode ser 2 pés ou 20 pés de onda, o que conta é o envolvimento com o mar, o oceano é quem manda”, afirma o fotógrafo.
Sobre o MAB FAAP
Desde que abriu suas portas pela primeira vez em 10 de agosto de 1961, com a mostra “Barroco no Brasil”, o Museu de Arte Brasileira da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) se comprometeu a incentivar e divulgar a arte brasileira. Além de seu acervo próprio que conta com mais de 3 mil obras de arte a partir do final do século 19, no decorrer dos últimos anos, abrigou exposições marcantes para a história da cultura do País, como a exposição “Toyota – O Ritmo do Espaço” premiada pela APCA em 2018. Em 2016, foi criada a Coleção Moda-MAB que reúne vestimentas, bonecas e acessórios de estilistas contemporâneos brasileiros, fortalecendo o vínculo entre o museu e a moda, que desde 1989 esteve presente por meio de desfiles e exposições vinculadas ao tema. Cabe destacar que além da pesquisa e organização de exposições de temas pertinentes às artes visuais brasileiras, o MAB incorporou a apresentação de mostras de arte internacional com temáticas de interesse geral que trazem experiências significativas ao público e ampliam a compreensão do fazer artístico e cultural. Atualmente, está em cartaz a exposição Desafio Salvador Dalí: Uma Exposição Surreal na FAAP, sobre a vida e a obra do mestre do surrealismo espanhol Salvador Dalí, em cartaz até 01 de setembro, e a exposição Reverberações Surrealistas, com 138 obras de 88 artistas do acervo da FAAP, em cartaz até 29 de setembro.
SERVIÇO
Exposição: Olho do Peixe, fotos de Aleko Stergiou
Curadoria: Fernando Costa Netto
Onde: Museu de Artes Brasileira da FAAP (Rua Alagoas, 903 – Higienópolis)
Visitação: de 13 de agosto a 6 de outubro de 2024
MAB FAAP – Mezanino
Endereço: Rua Alagoas, 903 – Higienópolis
Horário de funcionamento:
De terça-feira a domingo, das 9h às 20h (acesso até 19h30)
Fechado às segundas-feiras, inclusive quando feriado
Entrada gratuita
Patrocinadores: iCOLOR, Japi Studio, Starpoint
Apoio institucional: ECOSURF