Por João Alfredo Andrade Pimentel
Com as incertezas que vieram junto com o ano de 2020, o cenário das empresas foi extremamente impactado pelo coronavírus: 716 mil companhias fecharam suas portas, segundo a pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Por outro lado, apesar de também sentirem os impactos da crise, as novas empresas de cunho inovador foram impulsionadas por este cenário, o que ajudou o setor a crescer, se fortalecer e a fechar o ano com um número expressivo de startups no Brasil.
De modo geral, o País teve um aumento de 27% no número de novas startups, segundo balanço comparativo feito pela 100 Open Startups, entre o primeiro semestre de 2021 e 2020. A plataforma, líder em open innovation, monitora a atividade de 16.429 startups ativas (qualificadas – seja pelo mercado corporativo ou por investidores – e com faturamento inferior a R$ 100 milhões).
Diante das diversas tecnologias presentes atualmente, como inteligência artificial, data science, robótica, e as novas soluções no mercado, por exemplo, o modelo de funcionamento das organizações passou por uma transformação e evolução de seus negócios, o que vem reverberando no surgimento de novas empresas com caraterísticas de Organizações Exponenciais (ExOs). O termo, que surgiu para distinguir empresas que tinham crescimento superior à média de mercado em um curto espaço de tempo, apareceu pela primeira vez em 2014, quando Salim Ismail, Yuri Van Geest e Michael S. Malone escreveram o livro “Organizações Exponenciais – por que elas são 10 vezes melhores, mais rápidas e mais baratas que a sua”.
Basicamente, enquanto as ExOs são definidas pelo seu impacto e se destacam pela forma em que são adaptáveis e escaláveis quando são essencialmente softwares, as organizações tradicionais são caracterizadas por crescimentos lineares com muitos ativos físicos (ao qual seu aumento é estável e linear devido, em parte, ao seu crescimento se basear no crescimento dos seus ativos). De certa forma, o crescimento linear não é mais suficiente para a competitividade no mercado justamente porque a forma de olhar para a expansão dos negócios mudou e vem acompanhado de transformação digital. Isso porque, as mudanças tecnológicas trazem para a gestão e a operação das empresas, como um todo, a possibilidade de reestruturar processos e ampliar o poder produtivo de forma escalável.
Divididas em termos como IDEAS e SCALE, as empresas de ExOs são capazes de criar um modelo escalável e inteligente que é eficaz para atingir o crescimento exponencial. A sigla SCALE define cinco características externas, como equipe sob demanda, comunidade e público, algoritmos, ativos alavancados e engajamento. Já no caso de IDEAS é possível observar cinco atributos internos, também conhecidos como gestão de abundância, sendo eles as interfaces ou plataformas, dashboards, experimentação, autonomia, tecnologias sociais e flexibilização nos processos.
Para obter resultados significativos, é necessário saber como deve ser feita sua aplicação e, assim, criar um negócio novo, otimizando as competências existentes por meio dos atributos de captura e gestão de abundância, permitindo a exploração de novas oportunidades, criando a previsibilidade da concorrência por empresas inovadoras e promovendo, assim, a capacidade de usar transformações do mercado em benefício do próprio negócio.
Em um breve comparativo, ouso dizer que as organizações lineares funcionam de maneira previsível e trabalham com um sistema hierárquico. Já as organizações exponenciais nascem com uma cultura disruptiva e carregam consigo a valorização do conhecimento do profissional e sem ativos fisicos, o que auxilia em um sistema de produção flexível e mais escalável.
Além de seu modelo de negócio, a principal característica das ExOs é que elas têm um propósito transformador massivo (PTM) ou, em outras palavras, nascem da busca por uma mudança cultural, um busca constante para atender as demandas do mercado nos ecossistemas onde atuam, incluindo todos os stackholders em prol de uma grande e robusta proposta de valor que une todos os elos. Desta forma, os colaboradores trabalham motivados a alcançarem metas e resultados alinhados com um propósito que os move.
*Empreendedor digital serial na área da Tecnologia da Informação, João Alfredo Andrade Pimentel foi sócio-fundador da NetMicro e depois, como CorpFlex, consolidou a maior plataforma de Private Cloud no Brasil, cybersecurity e serviços gerenciados. O investidor fez seu primeiro exit da CorpFlex, em 2020. O segundo exit foi da startup Fix, em 2021, da qual foi investidor-anjo. Atualmente, Pimentel é investidor fundador do SCALEXEOPEN, fundo de investimento para startups em estágio seed e pré-seed de base tecnológica com alto poder de escalabilidade.
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