POR Pitchcom Comunicação
Na década de 1960, Edward Lorenz, professor do Instituto de Tecnologia Meteorológica de Massachusetts, proferiu em um congresso americano a seguinte frase: “O simples bater de asas de uma borboleta no Brasil pode ocasionar um tornado no Texas”. Na ocasião, Lorenz se valeu da metáfora para falar da não linearidade de eventos, com pequenas modificações em uma ponta de determinado sistema ocasionando efeitos catastróficos em outra, muitas vezes sem que se perceba qualquer conexão entre ambas.
Havia certo teor de caos na exposição do professor de Massachusetts. Mas as asas de seus ditos de mais de 50 anos atrás batem até os dias de hoje para voos de reflexão sobre um cenário que, embora enseje algo de caótico, tem suas origens fincadas em uma lógica bem linear dos fatos.
Um brasileiro se senta à mesa para tomar seu café da manhã em 2021. Ele abre o jornal e se depara com notícias de crise na China e a respeito do Pandora Papers, processo de investigação jornalística que abriu dados de documentos confidenciais sobre empresas em paraísos fiscais.
Enquanto mastiga um pãozinho, a pessoa minimiza esses dramas do cenário macroeconômico mundial para focar suas dores de cabeça nos preços dos víveres que consome naquele exato momento. É bem possível que, à primeira vista, não enxergue a ponte de significações entre o que lê na mídia e aquilo que o aflige em seu próprio e mais imediato cotidiano.
Pelas manchetes, ficamos sabendo dos desdobramentos da crise de energia na China e do risco de quebra da gigante chinesa Evergrande. Pois, no contexto de globalização mercadológica que nos rodeia, o Oriente é mesmo logo ali. E essa proximidade pode de fato fazer com que nosso cafezinho diário desça mais amargo que de costume a partir do noticiário que vem de Xangai e região.
O Brasil importa da China, entre tantos outros produtos, fertilizantes e defensivos agrícolas. Com a crise energética, o encarecimento desses itens gera efeito direto nos preços dos alimentos por aqui cultivados. Isso provoca inflação, deixando mais caro o pão à mesa do brasileiro e consequentemente reduzindo os níveis de consumo.
Por sua vez, um paralelismo perverso faz com que investidores internacionais passem a apostar em mercados mais estáveis que o de países emergentes, colocando no mesmo balaio de risco nações como China e Brasil. Tais evasões de capital enfraquecem nossa moeda e contribuem ainda mais para a elevação do custo de vida da nossa população.
Além disso, fomentam esse viés de desconfiança as incertezas de nossa atual condição político-econômica, puxando ainda mais para baixo o vértice que sinaliza os próximos passos de nossa caminhada social e produtiva.
O tsunami infernal dos paraísos fiscais
Passando os olhos pela mesma página das “hard news”, traduzindo nesse caso o termo “hard” mais ao pé da letra – não como importante, mas como difícil mesmo -, nosso leitor matinal poderia engasgar se associasse de pronto as novidades sobre o Pandora Papers com as etiquetas dos preços da manteiga, do leite, dos cereais e das frutas que experimenta em seu desjejum.
Isso porque as revelações dos detentores de empresas nos paraísos fiscais também mexem com o dólar, as bolsas e as intenções dos investidores, invariavelmente afetando questões como patamar inflacionário, níveis de empregabilidade e taxas de juros do mercado financeiro.
A conclusão é que, refletindo à moda de Edward Lorenz, as borboletas que batem asas na China e nos paraísos fiscais ocasionam tsunamis infernais no Brasil e em qualquer outro lugar do mundo. Sem que haja qualquer aleatoriedade nisso; são meras conexões lógicas entre causas e consequências.
Em contrapartida, a identificação ordenada e racional dos mecanismos que provocam essas ondas desfavoráveis proporciona as munições necessárias para combatê-las. É preciso buscar caminhos para, no fortalecimento das condições macro, propiciar uma maior qualidade de vida no microcosmo de cada indivíduo e de cada comunidade.
A propósito, muito se diz que o café da manhã é a refeição mais importante do dia, ou aquela que nos alavancará para um período de plenitude e alta produtividade. Assim, nada melhor que desfrutar desse momento com alguma tranquilidade – sem borboletas no estômago.
Sobre Carolina Rezemini
Carolina Rezemini é Diretora Regional de Vendas para a América Latina da Credolab desde janeiro de 2021. Com 22 anos de experiência no mercado financeiro, atuou tanto na área de cartão de crédito como na de empréstimos pessoais. Com passagens pelo conglomerado Itaú Unibanco, Cetelem e Hays, esteve nos últimos 9 anos na Serasa Experian, onde foi gerente de conta para grandes bancos, varejo, serviços de pagamento e bancos digitais. É formada em Engenharia de Produção pela FEI, com pós-graduação pela FGV e MBA pela USP.
Sobre a Credolab
Fundada em Singapura em 2016, a Credolab é uma startup que atua com análise inteligente de dados no desenvolvimento de scores de crédito, com o intuito de ajudar instituições financeiras a aceitar um número maior de clientes, reduzindo o risco dessas operações.
Para tanto, a empresa analisa dados comportamentais, obtidos de forma anonimizada e consentida, de smartphones e internet. Essa tecnologia de avaliação de risco resulta em um “score integrado” altamente preditivo, seguro e mais abrangente que somente o histórico financeiro do indivíduo.
Atualmente, a Credolab está presente em 26 países e conta com mais de 100 clientes em seu portfólio global. Para mais informações, acesse https://www.credolab.com.br
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