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Olhar os problemas pela ótica da oportunidade

4 Mins read

*Por Regina Campilongo 

Ao observar como as pessoas reagem ao estresse provocado por um problema, pesquisadores encontraram duas orientações comuns, cada uma com uma perspectiva específica. Enquanto uma foca os perigos, a outra se concentra na promessa de novas oportunidades. (Daryl R. Conner).

Orientar times para olharem os problemas pela ótica da oportunidade cria possibilidades onde antes existiam barreiras. A melhor forma para lidarmos com mudanças, conflitos e crises é nos orientarmos por meio da oportunidade.

No final de 2021, fiz uma pergunta a dezenas de líderes: se pudesse fazer um pedido ao mundo organizacional, qual seria? E as principais respostas foram: reduzir o número de reclamações da equipe; ser informado sobre os problemas, porém já com ideias de soluções; e liderar times engajados.

Após algumas conversas, concluímos que as principais respostas se referem a um único problema: a falta de foco na oportunidade. O envolvimento com os problemas gera uma grande dificuldade em encontrar alternativas que nos levem a criar e inovar.

A proposta aqui é explorar o positivo do problema, e, assim, alcançar o comprometimento. Nesse caso, o caminho trilhado é o da busca de comportamentos que geram inovação, que exploram a criatividade, focam o positivo e orientam à oportunidade.

Por que isso acontece?

Se vivemos um problema que nos impacta diretamente, que nos faz perder o controle e a clareza sobre o futuro, tenderemos a desenvolver o que é chamado de ‘orientação P’, que significa a orientação ao perigo, que faz disparar uma série de eventos fisiológicos de proteção. Uma outra pessoa pode viver o mesmo problema e se sentir segura e no controle, neste caso, ela apresentará a ‘orientação O’, ou seja, uma orientação voltada para a oportunidade.

Vale ressaltar que o estado de orientação nem sempre é consciente, ou em certas situações, não é consciente por um período determinado e que podemos mudar a nossa orientação. Pessoas orientadas pelo perigo, geralmente, sentem falta de um propósito, de visão clara, se sentem inseguras sobre si e a sua habilidade de gerenciar as incertezas. Por estes motivos têm dificuldade em se reorientar. Tendem a interpretar a vida de forma binária: certo ou errado, sim ou não, devo ou não devo. São profissionais que trabalham com a negação: “Não vejo como isso pode dar certo”. São reativos ao invés de proativos e tendem a se vitimizar.

Já as pessoas orientadas pela oportunidade respondem positivamente aos problemas. Apesar de reconhecerem o perigo, identificam a vantagem a ser explorada. Envolve uma série de competências comportamentais, sendo as principais:

·                    Pensamento sistêmico – visão ampla do cenário;

·                    Pensamento exponencial – lidar com vários eventos simultâneos, compreendendo que a vida não é linear;

·                    Resiliência – a capacidade de nos adaptarmos e nos respeitarmos;

·                    Positividade – criar possibilidades, onde os demais não encontram;

·                    Lidar positivamente com os erros – a habilidade de aprender com os próprios erros e superar as dificuldades;

·                    Ser ágil – ter uma ideia, validá-la, ir adiante ou descartá-la;

·                    Criar conexões – a capacidade de ir além da comunicação;

·                    Ser assertivo – ter clareza sobre o que realmente importa e ser capaz de se posicionar, sem impor.

Frente à quebra de expectativas, as pessoas do tipo “O” se sentem tão desorientadas quanto às pessoas do tipo “P”, porém não se tornam defensivas. Buscam informações que gerem novas possibilidades, lidam positivamente com a vulnerabilidade, tornam-se conscientes sobre suas emoções, acessam seus talentos e reforçam as parcerias. Como resultado desafiam suas suposições, seus quadros referenciais e criam relacionamentos ainda mais fortes.

Como melhorar?

Segundo Ethan Kross, neurocientista, psicólogo, professor premiado da Universidade de Michigan e da Ross School of Business, Seu humor é definido não pelo que você fez, mas pelo que pensou”. Quer dizer que o seu comportamento é definido não pelo que você faz, mas pelo que pensa. Tornar-se consciente sobre os seus pensamentos contribui com a tomada de decisão e o foco no que realmente importa. Questione-se: Qual pensamento motivou tal ação?

Isso significa que a decisão de olhar para o problema e restringir as opções ou olhar para as oportunidades e ampliar as chances, depende do seu ponto de vista, do lugar, onde o seu pensamento o coloca. A atenção é o que nos permite filtrar as coisas que não importam para podermos nos concentrar nas coisas que importam, e um dos principais culpados por manter o nosso foco no problema é o nosso fluxo verbal negativo.

Para mudar uma “orientação P” (perigo) para uma “orientação O” (oportunidade)*:

1º) Olhe de frente. Enfrente voluntariamente seus pensamentos, emoções e comportamentos, com curiosidade e gentileza. Valide qual o pensamento que está gerando a insegurança e de que forma ele pode ser substituído para transformar o pensamento binário em exponencial.

2º) Afaste-se. Depois de observar os seus pensamentos e emoções, amplie a sua visão.

3º) Siga em frente. Identificar como melhorar o que fazemos bem e desenvolver o que nos limita é a alternativa que nos coloca em movimento e transforma a zona de conforto em zona de oportunidade.

Anderson Birman, fundador do Grupo Arezzo, dá instruções: respeite a crise, mas foque no negócio; toda crise traz oportunidades. Encontre-as; respeite a demanda, não antecipe as ofertas; adapte-se, adapte-se e adapte-se de novo; permita-se; e enxergue além da crise, pois cedo ou tarde ELA PASSARÁ.

Seja você também um influenciador de oportunidade, pois como já dizia Daryl R. Conner: “O problema deveria ser visto como um desafio a ser resolvido e oportunidades a serem exploradas, ao invés de algo terrível a ser evitado.”

* dicas do livro “Agilidade Emocional” de Susan David.

Regina Campilongo — Sócia fundadora da Moving Forward – Heads, professora, design e facilitadora de programas de treinamentos comportamentais organizacionais, mentora estratégica ágil, conselheira Trends Innovation, Master IE.

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