A sociedade atual é marcada pela busca constante por um ideal de beleza, muitas vezes imposto pelas mídias e redes sociais. Essa busca pode levar as pessoas a recorrerem a tratamentos estéticos, indicados por celebridades e criadores de conteúdo, sem a devida conscientização sobre os riscos e limitações desses procedimentos.
Observo que a influência das redes sociais sobre a percepção corporal é tão significativa que gerou um fenômeno social que aumenta a insatisfação corporal, gerada pela exposição constante a padrões de beleza artificialmente perfeitos, com imagens retocadas nas redes sociais. Esses padrões influenciam e impactam significativamente,para o bem e para o mal, a percepção que as pessoas têm de si mesmas e de suas aparências.
Nesse contexto, não é incomum que indivíduos busquem clínicas estéticas com o desejo de se submeter aos tratamentos estéticos que viralizam nas redes para se assemelharem a celebridades, como Angelina Jolie, por exemplo. Essa busca por uma semelhança física com figuras públicas pode ser compreendida como uma manifestação da pressão social por um padrão de beleza idealizado.
Modismos estéticos, como o aumento de lábios, harmonização facial, peelings químicos em suas mais variadas formas e os procedimentos de contorno corporal, podem ser muito atrativos para aqueles que buscam se aproximar do ideal de beleza atual. No entanto, é fundamental entender que cada pessoa tem um biotipo e uma imagem únicos, e que nem todos os tratamentos são compatíveis com todas as pessoas.
O que não se comenta nas redes é que alguns desses tratamentos estéticos recomendados por influenciadores e celebridades podem ser altamente invasivos e apresentar riscos à saúde física e mental dos pacientes. Por isso, é altamente recomendável que os profissionais de estética desempenhem um papel ativo na conscientização das pessoas sobre riscos e limitações para a aplicação de cada procedimento. Sempre oriento minhas pacientes sobre os procedimentos e quais, de fato, são ideais para ela… nem sempre a “modinha da rede” trará um resultado satisfatório.
Por considerar as necessidades reais de cada indivíduo, seu biotipo e suas características únicas, tenho o compromisso ético e responsável com a saúde e o bem-estar do paciente, evitando incentivar a busca por um ideal de beleza inalcançável ou por serviços que não visem o bem-estar integral da pessoa. Promover uma visão mais saudável e positiva de beleza, conscientizando o cliente para a aceitação e o respeito pelo próprio corpo, é o caminho natural.
Oriento a profissionais de estética atenção extra aos sinais de Transtorno Dismórfico Corporal (TDC), um transtorno mental que pode levar as pessoas a buscarem constantemente tratamentos estéticos para corrigir defeitos imaginários ou imperfeições leves. Geralmente, esses pacientes aparecem no consultório se queixando de imperfeições inexistentes ou desejam contratar serviços que não impactam em uma mudança positiva.
Ainda, vale lembrar que esses tratamentos não são uma solução mágica para a insatisfação corporal e a baixa autoestima. É essencial que a sociedade reconheça os riscos associados à adoção acrítica de padrões de beleza idealizados, pois só assim será possível minimizar os riscos associados ao desenvolvimento do TDC, promovendo uma visão mais saudável e diversificada de beleza, usando tratamentos estéticos apenas como um meio para o seu bem-estar integral, e não para atender a pressões sociais.
Sobre a autora
Joana Borghetti é proprietária do Instituto que carrega o seu nome e oferece cursos nas modalidades on-line e presencial, farmacêutica formada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul desde 2008, Mestre em Ciências epós graduada em saúde estética.