“Green Book: O Guia” conquista a principal estatueta da noite; “Bohemian Rhapsody” foi o filme mais premiado
POR: Meio&Mensagem
Apesar do favoritismo por Pantera Negra parecer claro nas redes sociais, foi Green Book: O Guia o consagrado como Melhor Filme de 2018 na 91ª edição do Oscar, que aconteceu neste domingo, 24.
O longa-metragem dirigido por Peter Farrelly é baseado em fatos reais e retrata o racismo no sul dos Estados Unidos nos anos 1960 e a formação de uma amizade entre o pianista negro Dr. Shirley, interpretado por Mahershala Ali, e seu motorista particular, Tony Valllelonga, interpretado por Viggo Mortesen.
Mahershala Ali levou para casa o prêmio na categoria de Melhor Ator Coadjuvane e Green Book: O Guia também ganhou Melhor Roteiro Original, mesmo com o diretor e o roteirista Nick Vallelonga, filho de Tony na vida real, estão envolvidos em escândalos. Nick foi acusado de preconceito religioso sobre a muçulmanos por um tuíte de 2015, pelo qual depois se desculpou. Farrelly também se desculpou recentemente por ter mostrado o pênis à Cameron Dias em uma reunião em 1998, para o filme Quem vai ficar com Mary?.
Bohemian Rhapsody, filme sobre a história da banda Queen e, mais especificamente, Freddie Mercury, também ganhou estatuetas — Melhor Ator (Rami Malek), Melhor Montagem, Melhor Edição de Som e Melhor Mixagem de Som —, todas para as quais estava indicado. Como em Green Book, também esteve envolvido em polêmicas: foi criticado ao surgir investigações ligando o diretor do filme, Bryan Singer, à acusações de abuso sexual e estupro contra menores de idade. Ele foi ignorado nos discursos de agradecimento dos vencedores.
Esta edição do Oscar também relembrou importantes movimentos da indústria do entretenimento, como os reflexos da campanha #OscarsSoWhite, em 2016, que criticava a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas pela falta de indicações a profissionais negros. De acordo com o diretor de Infiltrados na Klan, Spike Lee, sua primeira indicação e a de vários filmes que tratam sobre racismo — três dos oito indicados a Melhor Filme — só foi possível porque a instituição se viu pressionada pelo #OscarsSoWhite e mudou seu quadro de votantes. A declaração do diretor foi feita em entrevista ao The New York Times. Na noite do domingo, ele levou seu primeiro Oscar por Melhor Roteiro Adaptado em mais de trinta anos de carreira. O filme foi indicado a seis categorias, mas só ganhou nessa.
Foi também a primeira vez que a cerimônia não teve apresentador oficial em 30 anos. Kevin Hart, ator escolhido pela Academia para o posto, desistiu da função ao resgatarem tuítes com teor homofóbicos em sua conta oficial na rede. A instituição então contou com a ajuda de 50 outras celebridades escaladas para apresentar os prêmios, além de uma performance da banda Queen abrindo o evento e shows dos candidatos a Melhor Canção Original — com exceção de “All The Stars”, de Kendrick Lamar e SZA para Pantera Negra, pois os artistas não puderam comparecer.
O momento “Garota da Água” da noite ficou para Hellmann’s, que foi mencionada pela atriz Amy Porhler quando ela brincou com o fato de a Academia ter decidido não televisionar parte das categorias a serem entregues no esforço de encurtar a duração da premiação. A decisão foi duramente criticada por profissionais da indústria e a Academia voltou atrás, mas Amy disse: “Ao invés de anunciar vencedores durante os comerciais, vamos fazer anúncios durante a premiação. Então se todos os vencedores pudessem dizer ‘Maionese Hellman’s, estamos do lado da comida’ ao invés do seu discurso de agradecimento, seria ótimo”. Mais tarde a marca agradeceu a atriz no Twitter e disse que ela terá Hellmann’s para a vida toda.
Além de Green Book: O Guia e Infiltrados na Klan, o terceiro filme a abordar a questão da diversidade racial foi Pantera Negra, o primeiro longa de super-herói indicado a Melhor Filme no Oscar, e o segundo mais premiado. O longa dirigido por Ryan Coogler levou três estatuetas das sete categorias que estava indicado: Melhor Direção de Arte, Melhor Figurino e Melhor Trilha Sonora.
Com dez indicações, A Favorita, de Yorgos Lanthimos, recebeu a estatueta para Melhor Atriz (Olivia Colman). E Vice, de Adam McKay, foi indicado a sete categorias e levou o prêmio de Melhor Maquiagem e Penteado. Por “Shallow”, Nasce Uma Estrela, de Bradley Cooper, Lady Gaga ganhou o Oscar de Melhor Canção Original e o single se tornou a música mais premiado da história. O filme estava concorrendo em oito categorias.
Outro querido na categoria de Melhor Filme e o primeiro indicado produzido pela Netflix, Roma, de Alfonso Cuarón, ganhou em três das dez categorias as quais estava concorrendo: Melhor Direção, Melhor Filme de Língua Estrangeira e Melhor Fotografia.
Confira a lista de todos os vencedores:
Melhor Filme: Green Book: O Guia
Melhor Direção: Alfonso Cuarón
Melhor Atriz: Olivia Colman
Melhor Ator: Rami Malek
Melhor Atriz Coadjuvante: Regina King (Se a Rua Beale Falasse)
Melhor Ator Coadjuvante: Mahershala Ali (Green Book: O Guia)
Melhor Trilha Sonora Original: Pantera Negra
Melhor Roteiro Adptado: Infiltrados na Klan
Melhor Roteiro Original: Green Book: O Guia
Melhor Montagem: Bohemian Rhapsody
Melhor Fotografia: Roma
Melhor Filme de Língua Estrangeira: Roma
Melhor Animação: Homem-Aranha no Aranhaverso
Melhor Canção Original: “Shallow”, de Nasce Uma Estrela
Melhor Figurino: Pantera Negra
Melhor Curta-Metragem: Skin
Melhor Edição de Som: Bohemian Rhapsody
Melhor Mixagem de Som: Boheamian Rhapsody
Melhor Curta de Animação: Bao
Melhor Direção de Arte: Pantera Negra
Melhores Efeitos Visuais: O Primeiro Homem
Melhor Maquiagem e Penteado: Vice
Melhor Documentário: Free Solo
Melhor Documentário de Curta-Metragem: Absorvendo o Tabu
**Crédito da imagem no topo: Tim Boyle/Getty Images