Miriam Rodrigues
Desde que a pandemia de covid-19 começou, no primeiro trimestre de 2020, muitas das opiniões ou perspectivas que temos a respeito da pandemia em si e de assuntos correlatos podem ganhar perspectivas completamente diferentes, em função do ponto de vista de quem vê, de quem vive a situação em questão.
O home office é um destes assuntos. Uma verdadeira maravilha para alguns: por economizar tempo no transporte, pela possibilidade de estar mais próximo aos familiares e dos amados pets, dentre outras coisas; e um verdadeiro drama para outros, seja pela confusão entre os espaços (doméstico e profissional), seja pela incompreensão dos familiares de quais são os momentos livres e quais são os momentos de trabalho, dentre outros.
Entendemos ser fato que uma boa parcela dos trabalhadores não tinha passado ainda pela experiência do home office e que há um processo de adaptação em curso.
No caso das mulheres, em especial, o tipo de organização doméstica, que inclui (ou não) divisão de tarefas com as pessoas que moram no mesmo domicílio poderá ter um impacto decisivo na forma de qualificar a experiência de trabalhar em home office e também na qualidade de sua performance no trabalho.
Em outras palavras, se antes da pandemia já havia um ambiente doméstico com as tarefas absorvidas de maneira equânime pelo cônjuge, filhos e/ou outros, muito possivelmente a experiência no home office não tenderá a ser negativa sob a perspectiva de que as tarefas domésticas possam constituir empecilhos; entretanto, se estivermos nos referindo a uma mulher que já não vivia uma realidade de compartilhamento das tarefas domésticas, muito provavelmente estaremos falando de uma experiência ruim, desgastante, negativa.
E, neste último caso, podemos observar, um desafio novo chegando para a vida das mulheres: como conciliar as demandas domésticas com as profissionais, nos casos em que o home office ou qualquer sistema híbrido (presencial e home office) se tornar permanente.
Para as mulheres, que a despeito de muita luta contra o preconceito e barreiras das mais diferentes naturezas, conseguiram conquistar seus espaços no mundo do trabalho, será mais um desafio, e que também será vencido.
Não se trata, entretanto, de um desafio que deve ser solitário. Famílias, empresas, gestores fazem parte desta história e desempenham papeis importantes e que não podem ser negligenciados, sob a pena de um retrocesso, que não pode e não deve existir.
Miriam Rodrigues é professora na área de Gestão de Pessoas e Comportamento Organizacional da Universidade Presbiteriana Mackenzie e Coordenadora do Centro de Educação a Distância.
Sobre a Universidade Presbiteriana Mackenzie
A Universidade Presbiteriana Mackenzie está na 103º posição entre as melhores instituições de ensino da América Latina, segundo a pesquisa QS Quacquarelli Symonds University Rankings, uma organização internacional de pesquisa educacional, que avalia o desempenho de instituições de ensino médio, superior e pós-graduação. Possui três campi no estado de São Paulo, em Higienópolis, Alphaville e Campinas. Os cursos oferecidos pelo Mackenzie contemplam Graduação, Pós-Graduação Mestrado e Doutorado, Pós-Graduação Especialização, Extensão, EaD, Cursos In Company e Centro de Línguas Estrangeiras.
Em 2021, serão comemorados os 150 anos da instituição no Brasil. Ao longo deste período, a instituição manteve-se fiel aos valores confessionais vinculados à sua origem na Igreja Presbiteriana do Brasil.