Micro e pequenos empresários conseguem antecipar recebíveis a juros baixos graças a uma plataforma criada pela startup curitibana Giro.Tech
POR: Engenharia de Comunicação
Os microempreendedores Marilze de Oliveira e Silva e Wladir Aielo, sócios de uma fábrica de papéis no município de Carambeí no Paraná decidiram ampliar seu negócio, mas não estavam numa situação financeira favorável. Até que, certo dia, através de uma ligação, receberam a proposta que foi a solução para seus problemas: uma oferta para obterem capital de giro a juros bem abaixo dos praticados no mercado.
Isso só foi possível graças à antecipação de recebíveis já programados, mas que iriam demorar a entrar no fluxo de caixa da empresa. “Queríamos adquirir mais uma máquina para a produção e mais um veículo para entrega, mas não tínhamos o dinheiro necessário em caixa. Com a antecipação, conseguimos dar este passo importante em nosso negócio”, declara Marilze.
A proposta que Marilze recebeu partiu da Giro.Tech, uma fintech recém criada que lançou uma plataforma digital que conecta agentes financiadores dispostos a fazer a antecipação para essas pequenas empresas. “Quem compra quer esticar o prazo para pagamento, mas quem vende precisa receber. Às vezes, o dinheiro leva até 90 dias para entrar no fluxo de caixa do pequeno empresário. Isso impacta no pagamento de suas contas, dos funcionários e até mesmo da matéria-prima de seu negócio. O capital de giro ajuda a pequena empresa a continuar firme em seu mercado”, explica o sócio da Giro.Tech, Ronaldo Campos de Oliveira.
Até o momento, a nova fintech já realizou mais de R$30 milhões em antecipações com uma taxa de desconto a partir de 1%, ou seja, bem abaixo das comumente utilizadas no mercado, que, para o pequeno empresário, geralmente partem de 3% e podem chegar a 10%. Mas, como a Giro consegue? Segundo Oliveira, isso é possível porque a Giro.Tech integra o sistema da compradora à sua plataforma e conecta as solicitações de antecipação ao sistema do financiador da operação, que pode ser um Fundo de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDC), disponibilizando a este os recebíveis e o status de que o serviço ou o produto já foi entregue a ela e que não terá contestações futuras devido a problemas com o produto ou serviço prestado por esse fornecedor. Com isso, a Giro.Tech garante ao FIDC um risco muito menor de calotes ou fraudes, restando a ele apenas o risco de crédito da grande empresa que está comprando. “Com a nossa plataforma integrada ao sistema da compradora o risco de fraude ou conluio é eliminado”, garante Oliveira.
Assim, conectada ao sistema da grande empresa, sempre que surge uma fatura a ser paga para um fornecedor, ela é enviada para a plataforma digital da Giro junto com a garantia de que o fornecedor realmente realizou o serviço ou entregou o produto e que tem direito ao pagamento. “Depois disso, entramos em contato com o fornecedor e oferecemos a antecipação desse pagamento de forma eficiente e sem burocracia”, afirma o CEO.
De acordo com Ronaldo de Oliveira, o recurso também tem se mostrado cada vez mais importante para as grandes empresas, tendência europeia que chega com força no Brasil. “As empresas estão cada vez mais preocupadas com a saúde financeira de seus fornecedores, já que isso melhora a relação entre as duas partes e principalmente a qualidade dos produtos e serviços entregues. Além disso, tomar medidas que ajudam a fortalecer a cadeia de fornecedores é algo que tem sido valorizado e bem-visto no mercado”, conta.
A Giro.Tech surgiu do encontro da Esparta, focada em tecnologia, e da Monetiza Investimentos, que atua no mercado financeiro e trabalha há bastante tempo com recebíveis. As duas continuam no mercado, mas, em 2017, deram origem à Giro, que une esses conhecimentos. A plataforma criada colocou a fintech como uma das finalistas do Rocket Startup, promovido pela GRPCom, filiada da Globo no Paraná: um reality show cujo intuito era eleger a startup paranaense que mais se destacasse nos quesitos empreendedorismo e inovação.
“Nossa maior satisfação é conseguir ajudar um pequeno empresário que está sofrendo com um prazo muito longo para receber, conseguir levar para ele o capital de giro que ele precisa para continuar trabalhando e até mesmo crescer”, finaliza Oliveira.